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15/10/2002 - 00h30

Roriz e Magela trocam acusações em debate do 2º turno no DF

RICARDO MIGNONE
da Folha Online, em Brasília

O primeiro debate do 2o turno entre os candidatos ao governo do Distrito Federal foi marcado por trocas de acusações entre o governador Joaquim Roriz (PMDB), que pretende se reeleger, e Geraldo Magela (PT). Enquanto Roriz acusou o petista até de ser ateu, Magela procurou associar a imagem do governador à grilagem de terras e lembrou declarações dele nas quais teria mandado eleitores 'baterem' em petistas e chamado um morador negro de uma cidade satélite de 'crioulo petista'. O debate durou duas horas e cinco minutos, tempo maior do que a uma hora e meia prevista.

Este foi o primeiro debate que contou com a participação de Roriz nas eleições deste ano. No 1o turno, o governador não foi a nenhum debate. Ele justificou as faltas afirmando durante a campanha que o 'povo' já o conhecia e, por isso, não precisava 'debater'.

Apenas os candidatos e funcionários da Bandeirantes puderam ficar no interior do estúdio. Os assessores de cada candidato ficaram em salas separadas e os jornalistas em um outro local.

No primeiro bloco, Roriz e Magela responderam perguntas feitas pelos jornalistas. A primeira pergunta foi feita ao governador, que foi questionado sobre suas relações com a família Passos. Roriz respondeu que não nega que tem o maior respeito por Pedro Passos, acusado de ser o pivô de um suposto esquema de grilagem de terras no DF.

'Temos criação de cavalos e somos sócios de um clube, mas jamais fiz qualquer negócio com Pedro Passos. Não conheço sua família. Mesmo porque é assunto que não me convém. Não procuro saber que negócio ele tem. Também não deixo interferir. Recebi um telefonema dele. Ele estava nervoso. Eu disse que ia administrar o negócio. Foi o que fiz. Chamei o presidente da Terracap e ele me disse que estava seguro das irregularidades no momento em que derrubou a cerca', disse Roriz.

Em seguida, Geraldo Magela foi questionado sobre a implantação de uma lei de incentivos fiscais que levou seu nome. A Lei Magela, aprovada em 1991 foi criada para dar incentivos a empresas que investem em cultura e estaria sendo ineficaz.

Magela concordou a lei não está sendo cumprida. 'Essa lei não foi minha. Foi discutida com todos os artistas para trazer recursos para o DF. A cultura gera em prego e gera renda. Essa lei infelizmente não foi colocada em prática desde quando Sr. Roriz foi governador em 91. Ela foi alterada. Quero no nosso governo voltar com a lei dos incentivos fiscais. Porque nós vamos elevar a consciência crítica do povo e vamos gerar emprego', declarou o candidato do PT.

Ainda no segundo bloco, os candidatos responderam perguntas de eleitores sobre geração de empregos, saúde, segurança, transporte e educação.

O terceiro bloco do debate foi reservado para peguntas de candidato para candidato. O candidato Geraldo Magela (PT) faz pergunta para o governador Joaquim Roriz (PMDB).

Neste bloco, Magela desafiou Roriz a renunciar caso fique comprovado seu envolvimento com a família Passos e a grilagem de terras.O próprio Roriz disse durante a campanha que entregaria o cargo. 'O senhor mantém essa posição?, questionou o petista.

Roriz diz que mantém. 'Mas quem vai julgar isso é o Ministério Público. Amanhã entrego a autorização para quebrar meu sigilo bancário, fiscal e telefônico. A autorização será ampla para fiscalizar a minha família, irmãos, filhos. Quero saber se o candidato tem essa mesma disposição. Se estamos em dia com os impostos (sic)? Se tem alguma condenação? Essa solicitação poderá ser feita também até internacionalmente', afirmou.

Na réplica, Magela contra-atacou. 'Em março de 2000, o senhor assinou um decreto para desapropriar uma área no Paranoá. A área é da família Passos. Só não desapropriou porque a Justiça não autorizou. Só que a área foi desapropriada em 1964 pela Novacap. O senhor assinou com interesses do Pedro. Há quatro anos autorizei a abertura de todos os meus sigilos e mantenho a posição', disse o candidato do PT.

Ataques pessoais

Já o penúltimo bloco do programa foi marcado por ataques pessoais. Magela perguntou a Roriz porque ele 'humilhou' o vice-governador Benedito Domingos (PPB), sua vice, Maria de Lourdes Abadia (PSDB), e o próprio Magela e ao mesmo tempo se diz cristão.

Roriz tentou explicar seu comportamento dizendo que é muito agredido. 'Toda a vez que seu partido me agride, peço a Deus para perdoar. Tenho sido vítima de muita traição. Mas recebo com naturalidade. Jamais agredi vossa excelência', afirmou.

Magela responde u dizendo que também é cristão. 'Eu também sou Cristão. Mas não uso o nome de Deus em vão. Mas quero fazer um pedido. Seus correligionários, ficam batendo em porta em porta dizendo que vou acabar com cesta básica, que é mentira. Como cristão, quero pedir ao senhor para mandar de espalhar isso', disse Magela.

O governador devolveu o ataque acusando o petista de ser 'ateu'. 'O cristão não tem ódio. tem Deus no Coração. Acreditava que você era ateu. Se é cristão tem dizer só verdade, que pode ser provado. Eu achei que nem era cristão. Isso é uma questão pessoal de cada um', declarou o governador.

O petista devolveu com veneno. 'O senhor já teve em diversas missas comigo, já comungou, já teve juntos com minha vice. Como o senhor pode dizer isso agora? Quero dizer que não sou só cristão como respeito minha fé. Não fui eu que disse que odeia crioulo petista, que odeia petista', disse Magela.

Os dois candidatos avaliaram positivamente a participação no primeiro debate do 2o turno no DF. Roriz disse que não deu para apresentar todas as suas propostas, mas gostou do tratamento da emissora. 'Teremos outras oportunidades para o povo julgar. Espero que tenhamos bons resultados porque é fácil administrar a cidade, só basta ter vontade política', afirmou.

Magela ressaltou que o debate é importante porque não tem trucagem. "Aqui as pessoas têm de falar ao vivo. Não adianta maquiagem nem marqueteiro. Eu fiquei muito feliz porque apresentei muitas das minhas propostas."

Veja também o especial Eleições 2002

 

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