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27/10/2002 - 07h06

"Lulinha paz e amor" fugiu dos conflitos

da Folha de S.Paulo

Não foi um grito, mas às margens do rio Acre, em Rio Branco, ouviram os eleitores um Luiz Inácio Lula da Silva plácido: "Lulinha não quer briga. Lulinha quer paz e amor". Naquele 22 de agosto, uma quinta-feira, 66 dias atrás, o candidato do PT à Presidência criou _impensadamente e sem o auxílio do publicitário Duda Mendonça_ o slogan síntese de sua campanha neste ano.

Já líder da disputa eleitoral com 37% das intenções de voto, segundo o Datafolha, Lula queria distância do embate- que prosseguiria por mais um mês- entre Ciro Gomes (PPS), à época com 20%, e José Serra (PSDB), com 19%, ambos em empate técnico.

Dois dias antes, havia começado o horário eleitoral gratuito. Serra levou ao ar imagens de Ciro chamando um eleitor de "burro". O pepessista acusou o tucano de "comportamento de marginal".

Maior beneficiário da troca de ataques, o petista sorriu ao ser questionado sobre o tom dos adversários e saiu-se com o "Lulinha quer paz e amor". Ele visitava Rio Branco, onde fez comício para cerca de 6.000 pessoas, na Gameleira, palco há cem anos da chamada Revolução Acreana, um embate entre brasileiros e bolivianos pela posse da terra, que o Brasil assumiria oficialmente em 1903.

"Lulinha paz e amor" primeiro simbolizou o candidato que evitava ataques diretos a seus adversários e usava o programa eleitoral na TV para prioritariamente divulgar seu programa de governo.

Até a mídia internacional _do conservador "Christian Science Monitor" até o longínquo "Asian Times"_ adotou o "Lula peace and love", que depois virou sinônimo de um comportamento arredio do candidato, que evitava respostas a questões que pudessem desagradar a algum segmento do eleitorado ou a algum aliado, vários deles adversários históricos entre si ou concorrentes nas disputas estaduais.

O sucesso da tirada fez o petista passar a repeti-la. "Pode cobrar: Ô, Lulinha paz e amor, dá para fazer o que você prometeu?", pediu ele a artistas na semana passada.

Em três meses de campanha, segundo o PT, Lula visitou 93 cidades, fez 103 comícios, 63 carreatas, permaneceu um total de 147 horas dentro de aviões e percorreu 61.127 km pelo país.

Lula chegou a tentar fazer campanha viajando sempre que possível em vôos comerciais. Era uma boa forma de marketing. A cada vôo, centenas de passageiros avistariam um candidato a presidente viajando como um cidadão comum. Uma pitada de preocupação com a segurança alimentava a idéia: "É mais difícil quererem derrubar um avião comercial", chegou a comentar Lula.

Mas a agilidade de deslocamentos provocada pelo aluguel de um jato da TAM e o dinheiro entrando sem problemas no caixa do partido sepultaram a idéia.

Foi a mais rica campanha presidencial petista. O partido pediu autorização ao TSE (Tribunal Superior Eleitoral) para gastar até R$ 48 milhões. O custo final ainda está sendo contabilizado, mas passou dos R$ 35 milhões, segundo cálculos não-oficiais.

O limite pedido pelo PT ao TSE tem um estratagema. O partido tenta evitar gastar mais do que os R$ 43 milhões que Fernando Henrique Cardoso declarou ter gastado oficialmente em 1998. Naquele ano, Lula afirmou ter gastado R$ 2,06 milhões, 4% do limite de gastos atual.

Na campanha, Lula gostava de lembrar dos tempos de vacas magras do passado: "A gente fazia comício em que eu falava para poste. Agora o petezinho cresceu".

Veja também o especial Eleições 2002
 

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