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19/12/2002 - 16h46

Lula formaliza Thomaz Bastos e dá "carta branca" ao futuro ministro

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CAMILO TOSCANO
da Folha Online

O presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), formalizou hoje na sede da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) a indicação do jurista Márcio Thomaz Bastos para o Ministério da Justiça e deu "carta branca" à sua atuação na frente do cargo, mas que terá o desafio de articular a reforma do Judiciário.

"Tenho tanta confiança em você, que quero dizer que não vou cobrar nada além do limite do seu conhecimento e de suas forças", afirmou Lula em seu discurso. "Peço que você faça no Ministério da Justiça nestes quatro anos o que você sempre sonhou."

O petista disse também que a indicação será um desafio para Bastos, principalmente na condução de uma reforma do Judiciário, que, segundo o presidente eleito, não acontece porque cada um tem uma "reforma ideal na cabeça".

"Acredito que você possa ser o condutor, o articulador, para extrair uma reforma do Judiciário", afirmou. "Não é tarefa fácil, porque há anos ouço dizer 'é preciso haver uma reforma no sistema Judiciário'. Os anos se passam e ela não acontece."

Ao agradecer a indicação, Bastos se comprometeu a trabalhar à frente do ministério junto com a equipe petista para concretizar as propostas apresentadas à área. "Não garanto, presidente Lula, que eu vá fazer o gol, mas vou fazer de tudo para fazer o gol", afirmou.

O futuro ministro reafirmou que a escolha de sua equipe ministerial ficará para depois da posse de Lula, que acontece no dia 1º de janeiro.

Escolha antiga
Lula revelou que a escolha de Bastos para a Justiça já havia sido feita há muito tempo. Segundo ele, se saísse vitorioso nas eleições de 1989, de 1994 ou de 1998, o advogado seria seu ministro da Justiça. Bastos chegou a ocupar a pasta no ministério paralelo que o PT criou em 1990, para acompanhar o governo de Fernando Collor de Mello.

O nome de Bastos poderia ter sido anunciado amanhã, quando Lula prometeu revelar novos integrantes de seu ministério, mas o presidente eleito afirmou que o lançamento de seu nome hoje tem como objetivo prestigiar a OAB.

Estiveram presentes à formalização de Bastos na Justiça o presidente da OAB, Rubens Approbato Machado, o ex-presidente do STJ (Superior Tribunal de Justiça) Paulo Costa Leite, o presidente do STF (Supremo Tribunal Federal), ministro Marco Aurélio Mello, o presidente do TST (Tribunal Superior do Trabalho), ministro Francisco Paula de Medeiros, os futuros ministros de Lula José Dirceu (Casa Civil) e Antonio Palocci (Fazenda), a governadora do Rio de Janeiro, Benedita da Silva (PT), e os deputados federais Jaques Wagner (PT-BA), cotado para o Ministério do Trabalho, Sigmaringa Seixas (PT-DF) e Luiz Eduardo Greenhalgh (PT-SP).

PT e eleição de Lula
Ao iniciar seu discurso, Lula brincou com sua "paixão" pelos microfones. "Quando era pequeno, era doido por uma tapioca. Agora, sou doido por um microfone", afirmou.

O presidente eleito falou da importância de sua eleição e do PT para as esquerdas da América Latina e para o Brasil. Segundo ele, sua vitória tem caráter simbólico por mostrar que, independentemente de raça, cor, origem social, sexo e profissão, qualquer pessoa pode chegar ao poder no país.

Lula classificou a existência do PT como um incentivo à democracia, e criticou os que classificaram no passado o partido como demasiado teórico, radical ou de trabalhadores.

"O dado concreto objetivo é que, se não existisse um partido político como o PT, não sei se o Brasil já não teria virado uma Colômbia", afirmou. "Graças ao PT, a esquerda na América Latina resolveu fazer uma opção pela via democrática."

Ele chegou a fazer uma autocrítica sobre suas crenças no começo do PT. "Eu mesmo em 1985, em uma entrevista à Folha de S. Paulo, dizia que era muito difícil a esquerda chegar ao poder pela via democrática."

Veja também o especial Governo Lula
 

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