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24/12/2002 - 08h01

Lula expande ministério e nomeia maioria do PT

ANDRÉA MICHAEL
KENNEDY ALENCAR

da Folha de S.Paulo, em Brasília

O presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva, anunciou ontem 24 nomes que faltavam para completar sua equipe. Desses, 18 serão ministros. Os demais ocuparão órgãos vinculados à Presidência ou a ministérios. O ministério de Lula, com 29 pastas de primeiro escalão, é maior do que o atual, do presidente Fernando Henrique Cardoso, que tem ao todo 26 ministérios, contabilizando-se secretários com status de ministros.

A equipe de ministros do novo governo é dominada pelo PT, que terá 16 representantes no primeiro escalão. Sete ministros pertencem aos partidos aliados. Haverá dois empresários, dois diplomatas, um advogado criminalista e um general. Até agora Lula anunciou 37 membros da cúpula do governo: 23 são petistas e 14 de fora do PT. Dos não-petistas, sete pertencem a partidos aliados e sete não têm filiação política.

"Meu papel é o de maestro", afirmou Lula, ao dizer que será "companheiro" nas horas boas e ruins, durante o anúncio do ministério. Bem humorado, o presidente eleito fez brincadeiras com vários dos nomes anunciados: "Se dependesse da minha vontade, lançaria um ministro por dia".

Um nome definido no último momento foi o do economista Guido Mantega para o Planejamento. Ele disputava a pasta com o deputado federal eleito Paulo Bernardo (PT-PR). Com isso, a equipe econômica será basicamente petista, com Antonio Palocci Filho na Fazenda.

Essa formação econômica, com José Dirceu na Casa Civil e Luiz Gushiken no controle da publicidade, confirma a vontade de Lula de ter um núcleo duro no governo sob comando exclusivo do PT.

Lula, que passou o fim de semana aparando arestas no PT e entre aliados, dedicou o dia para a formalização dos últimos convites. Ele se reuniu com os ministeriáveis num hotel de Brasília.

Lá também esteve o ex-presidenciável do PPS, Ciro Gomes, que veio com Lula de São Paulo para Brasília. Nome esperado para o governo petista, Ciro é o destaque no grupo de ministros.

Novos ministros

Dos 18 ministros anunciados ontem, 9 são petistas. O economista José Graziano ocupará a pasta da Segurança Alimentar e do Combate à Fome. A governadora do Rio, Benedita da Silva, chefiará o Ministério da Assistência e Promoção Social. E o corregedor-geral da União, Waldir Pires (BA), terá status de ministro.

O governador Olívio Dutra (RS) vai para o Ministério das Cidades, pasta que será criada. Ex-deputado federal, amigo e um dos mais influentes auxiliares de Lula, Luiz Gushiken comandará a Secretaria de Comunicação Social.

Miguel Rosseto, vice-governador gaúcho e expoente da esquerda petista, será o ministro do Desenvolvimento Agrário. O deputado federal Ricardo Berzoini (SP) chefiará a Previdência. Secretário-geral do PT, Luiz Dulci será o secretário-geral da Presidência.

Todos os sete ministros aliados também foram anunciados ontem. O dirigente do PSB, Ricardo Amaral, será ministro da Ciência e Tecnologia. O deputado federal Miro Teixeira (PDT), ministro das Comunicações. O cantor Gilberto Gil (PV), ministro da Cultura. Ao anunciá-lo, lembrou que ele veio de branco para dizer: "Eu sou da paz". A indicação de Gil foi criticada por petistas e artistas.

O deputado Agnelo Queiroz (PC do B-DF), ministro dos Esportes. Lula brincou com Agnelo, dizendo que não sabia qual esporte ele praticava, mas afirmou que o deputado "ideologicamente é um grande esportista".

Ciro Gomes, que chegou a ser cotado para a Previdência, foi para a Integração Nacional. Ele se reuniu duas vezes ontem com Lula e fechou sua participação. O fato de Ciro ter luz própria levou petistas a jogar contra sua nomeação, mas Lula disse que ele teve grandeza ao liderar o apoio de aliados no segundo turno.

O deputado eleito Anderson Adauto (PL-MG) será ministro dos Transportes. Outro deputado, o petebista Walfrido Mares Guia (MG), ficou com o Turismo.

O diplomata José Viegas, embaixador em Moscou, será ministro da Defesa. O general Jorge Armando Félix comandará o Gabinete da Segurança Institucional.

Viegas, Dutra e o ex-prefeito de Porto Alegre Tarso Genro, que comandará a secretaria de Desenvolvimento Econômico e Social, não puderam comparecer por "motivo de trabalho", brincou Lula. Apesar de Lula ter nomeado uma maioria de paulistas, os gaúchos formam uma bancada de três ministros. Nos bastidores, seções do PT de outros Estados criticaram a quantidade de ministros oriundos do Estado.

Indagada se os gaúchos haviam criado problemas, Emília Fernandes, futura secretária da Mulher, disse: "Não creio que tenhamos sido problemas, mas soluções".

Veja também o especial Governo Lula
 

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