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02/01/2003 - 03h52

"Fiz o que pude; vou descansar", diz FHC

WILSON SILVEIRA
ANDRÉ SOLIANI
HUMBERTO MEDINA
da Folha de S.Paulo, em Brasília

Ao deixar o poder após oito anos, o presidente Fernando Henrique Cardoso disse, ao ser questionado se saía com a missão cumprida: "Pelo menos fiz o que pude. Agora vou descansar".

Contrariando a atitude que adotou até o penúltimo dia no governo, quando procurou se manter em evidência e dar recados ao seu sucessor, FHC optou pela discrição no último dia.

Já na condição de ex-presidente, não quis nem mesmo descer a rampa do Palácio do Planalto, como previa o protocolo. Preferiu sair por uma porta lateral do andar térreo. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva o acompanhou até o elevador do segundo andar, em vez de deixá-lo na porta principal, no alto da rampa.

Já no térreo, com os olhos vermelhos, FHC foi aplaudido por dezenas de funcionários da Presidência, e depois, quando o comboio presidencial deixou o palácio, às 17h40, os poucos que o viram passar também o aplaudiram. Acompanharam o comboio três microônibus com os ministros do governo FHC e funcionários da Presidência, para a despedida na Base Aérea.

Amigo
O ex-presidente tomou champanhe, deu autógrafos, posou para fotos e discursou na sua última cerimônia em Brasília, antes de embarcar no avião presidencial para São Paulo. A cerimônia, organizada pelo PSDB e realizada no salão nobre da Base Área de Brasília, contou com a presença da maioria dos ex-ministros, de políticos aliados e de funcionários do segundo escalão do governo.

FHC disse que se emocionou ao passar a faixa para Lula. "Praticamente nós dois choramos. Fiquei muito emocionado quando dei um abraço no Lula também", afirmou. "Ele [Lula] me disse: "Você tem um amigo aqui'", contou ele.

FHC afirmou que não ouviu o discurso de Lula no Congresso porque estava "arrumando coisas" e porque passou a manhã no Itamaraty. "Vou ler agora."

O ex-presidente afirmou que a troca da faixa presidencial geralmente é feita dentro do palácio, "mas pela primeira vez foi feita diante do povo". Segundo ele, o objetivo foi simbolizar que a passagem foi democrática.

FHC foi aplaudido quando desceu a rampa interna do Planalto, do terceiro para o segundo andar. Cumprimentou convidados da cerimônia de posse durante cinco minutos, dirigindo-se para o alto da rampa, para esperar Lula.

Após o receber, foi com ele para o Parlatório, para lhe passar a faixa presidencial. Quando tirava a faixa, esbarrou nos óculos e os derrubou. Lula abaixou-se e os pegou, entregando-os a FHC, que os colocou no bolso. Depois de passar a faixa, FHC tomou a iniciativa de levantar a mão de Lula, que foi saudado pela platéia.

Saindo do Parlatório, FHC e Lula, com suas mulheres, receberam cumprimentos do ex e do atual vice-presidentes, de representantes do Legislativo e do Judiciário, de religiosos, dos ministros que saíam e dos que entravam.

No período da manhã, FHC permaneceu no Palácio da Alvorada com sua família. Ele saiu de lá às 12h50 em direção ao Itamaraty, onde permaneceu por uma hora, cumprimentando 288 integrantes de delegações estrangeiras que vieram para a posse de Lula, entre eles nove presidentes e três chefes de governo.

Após os cumprimentos, voltou para o Alvorada e se dirigiu para o Planalto, às 16h25. Do segundo andar do palácio, era possível ver uma das poucas faixas que continham críticas ao governo que terminou: "FHC, já vai tarde".

Depois da despedida na Base Aérea, FHC embarcou em um Boeing-737 da Presidência (conhecido por "sucatinha") com destino à Base Aérea de Cumbica. É de praxe que o ex-presidente deixe a cidade quando seu sucessor toma posse.

Em Cumbica, aguardaria até 23h55 para tomar um vôo da TAM para Paris, onde pretende descansar por dois ou três meses.

Veja também o especial Governo Lula
 

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