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01/02/2003 - 05h45

"Grampo" em reunião gera crise no PT

KENNEDY ALENCAR
GUSTAVO PATÚ
da Folha de S.Paulo, em Brasília

A gravação de parte da reunião da bancada petista no Congresso com Antonio Palocci Filho gerou uma crise no PT e aumentou o grau de desconforto do ministro da Fazenda em relação às cobranças que recebeu.

A cúpula do PT suspeita que um deputado federal da Bahia tenha sido o autor da gravação, que foi entregue à Agência Estado.

Quando soube fora gravado e que a fita fora entregue a um jornal, Palocci se sentiu "grampeado", segundo relato de petistas que falaram com o ministro a respeito do episódio. O presidente do PT, José Genoino, e o líder do partido na Câmara, Nelson Pellegrino, também se sentiram traídos, pois a reunião era fechada ao público. "Houve quebra de confiança. Isso nunca aconteceu antes e deixa mal o PT", disse Genoino a interlocutores.

Desde o meio da tarde, quando apareceram as primeiras versões na internet sobre a reunião com o discurso de Palocci, que respondeu duramente a críticas à sua política econômica, a cúpula do PT tentou abrandar os relatos sobre o clima da reunião.

O "grampo", segundo um dos dirigentes do PT, será desmoralizante para o partido, pois nenhum ministro a partir de agora terá confiança para falar reservadamente com petistas, ainda mais num grupo amplo. Participaram mais de 70 congressistas do PT.

Na reunião, a bancada reclamou de ser tratada a pão e água no que se refere a informações sobre as decisões econômicas do novo governo. Palocci foi incisivo, pedindo que oferecessem alternativas: "Se tiverem receita melhor, me passem".

Alguns congressistas deixaram a reunião no meio por discordar do pouco tempo para debater com Palocci e do formato da discussão, que permitiu apenas dez perguntas, por sorteio.

Até agora, uma minoria compõe o coro dos realmente descontentes. Nesse grupo estão a senadora Heloísa Helena (AL) e a deputada federal Maria José Maninha (DF), por exemplo.

Mas a maioria tem também uma reclamação: a de não estar sendo ouvida. Mas nesse grupo imperou o silêncio público para não melindrar Palocci. E Genoino teve de fazer as vezes de bombeiro, entrando e saindo da reunião.

"O PT deve revisitar as suas decisões do último encontro nacional, que são diferentes da política econômica aplicada agora", disparou Heloísa Helena. E emendou: "O PT não será correia de transmissão das decisões tomadas no Planalto".

Já Maninha, dizendo-se "frustrada", reclamou da metodologia do encontro. "Falta conversar mais. Não conheço um deputado do PT que tenha sido convencido da necessidade de aumentar a taxa de juros", afirmou.
O deputado Lindberg Farias (RJ) chegou a chamar de "neoliberais" as decisões econômicas de Palocci e equipe.

Genoino disse que as reclamações sobre a política econômica do governo "eram sobre aspectos secundários". Afirmou que não pode haver divisão no PT na hora de votar no Congresso as decisões do governo, sob pena de crise política na base de sustentação. "Se houver divisão no PT, contamina a base aliada."

Genoino, geralmente cordato com Heloísa Helena, rebateu duramente as críticas da senadora. "Ela não pode dizer que membros do governo estão conversando com gente que tem problema com o Código Penal. Ela está acusando seus companheiros?"
 

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