Publicidade
Publicidade
04/03/2003
-
04h29
Diretora da sucursal de Brasília
da Folha de S.Paulo
Apesar de ocupar o Ministério da Integração Nacional e integrar a base governista no Congresso, o PPS critica o governo e o PT pela falta de um projeto estratégico e diz que este é um dos principais problemas da administração do petista Luiz Inácio Lula da Silva. Sem rumo estratégico, não há um projeto executivo de governo.
"Um dos problemas da administração Lula não é a falta de projeto executivo de governo, e sim a deficiência ou quase inexistência de sua componente estratégica", diz um documento de 14 páginas do presidente do PPS, deputado federal Roberto Freire (PE), distribuídos aos três senadores e 21 deputados federais do partido.
As críticas são ao governo e ao próprio PT: "Durante muitos anos na oposição, o PT, em virtude da força e da capacidade de militância e influência de suas tendências, não formulou um projeto de longo prazo para o Brasil. E está sendo obrigado a fazê-lo governando. Uma tarefa difícil".
Para o PPS, "projetos executivos só se tornam realmente viáveis se o partido vitorioso estiver amparado em um projeto estratégico de governo", mas faltou ao PT as condições para fazê-lo enquanto suas facções se digladiavam internamente nas décadas em que foi oposição.
Este projeto estratégico, na opinião do deputado Roberto Freire, deveria ter sido "concebido bem antes das eleições" e "com larga convergência interna e com os aliados, com rumo, sem grandes contradições em seu interior e em sua formulação".
Essa é a condição para que um partido, uma vez entronizado no poder, possa finalmente formular um projeto executivo de governo: "É quando acessa números reais internos da máquina administrativa, toma contato oficial com os termos de programas e acordos bilaterais e multilaterais, capacitando-se, assim, para operar de fato a sucessão que disputou".
Posturas
Num outro trecho, o documento distribuído por Freire para a bancada federal do PPS faz uma comparação explícita entre posturas divergentes do PT e do próprio PPS durante o governo anterior, do tucano Fernando Henrique Cardoso (1995-2002).
"No governo FHC nos colocamos como oposição propositiva, diferenciando-nos de várias correntes de esquerda, incluindo segmentos que almejavam a sua derrubada", diz o texto, numa referência direta ao PT. Foram principalmente setores petistas que defenderam o "Fora FHC" no segundo mandato do tucano.
Em relação ao governo Lula, eis a posição de Freire: "Com Lula, estamos no governo e em sua base de apoio. Mas, como antes, devemos fazer a boa crítica quando necessária e continuar um partido formulador e propositivo".
O texto se intitula "PPS - Alguns temas, idéias, posicionamentos e polêmicas". Em vários trechos, Roberto Freire usa a primeira pessoa. Quando cita questões ainda em aberto do partido, como a cota para negros nos vestibulares e o instituto do voto obrigatório, diz: "Como homem público e como presidente do partido, tais bandeiras têm o meu apoio pessoal".
O PPS ocupa o Ministério da Integração Nacional com o ex-governador do Ceará e ex-presidenciável Ciro Gomes, que mantém uma posição bem diversa da defendida pelo presidente do seu partido. Ciro é bem mais alinhado com o governo a que serve.
Procurados ontem para comentar as críticas ao governo, nem o ministro Ciro Gomes nem o deputado federal Roberto Freire foram encontrados até a conclusão desta edição.
Lula não tem projeto estratégico, diz PPS
ELIANE CANTANHÊDEDiretora da sucursal de Brasília
da Folha de S.Paulo
Apesar de ocupar o Ministério da Integração Nacional e integrar a base governista no Congresso, o PPS critica o governo e o PT pela falta de um projeto estratégico e diz que este é um dos principais problemas da administração do petista Luiz Inácio Lula da Silva. Sem rumo estratégico, não há um projeto executivo de governo.
"Um dos problemas da administração Lula não é a falta de projeto executivo de governo, e sim a deficiência ou quase inexistência de sua componente estratégica", diz um documento de 14 páginas do presidente do PPS, deputado federal Roberto Freire (PE), distribuídos aos três senadores e 21 deputados federais do partido.
As críticas são ao governo e ao próprio PT: "Durante muitos anos na oposição, o PT, em virtude da força e da capacidade de militância e influência de suas tendências, não formulou um projeto de longo prazo para o Brasil. E está sendo obrigado a fazê-lo governando. Uma tarefa difícil".
Para o PPS, "projetos executivos só se tornam realmente viáveis se o partido vitorioso estiver amparado em um projeto estratégico de governo", mas faltou ao PT as condições para fazê-lo enquanto suas facções se digladiavam internamente nas décadas em que foi oposição.
Este projeto estratégico, na opinião do deputado Roberto Freire, deveria ter sido "concebido bem antes das eleições" e "com larga convergência interna e com os aliados, com rumo, sem grandes contradições em seu interior e em sua formulação".
Essa é a condição para que um partido, uma vez entronizado no poder, possa finalmente formular um projeto executivo de governo: "É quando acessa números reais internos da máquina administrativa, toma contato oficial com os termos de programas e acordos bilaterais e multilaterais, capacitando-se, assim, para operar de fato a sucessão que disputou".
Posturas
Num outro trecho, o documento distribuído por Freire para a bancada federal do PPS faz uma comparação explícita entre posturas divergentes do PT e do próprio PPS durante o governo anterior, do tucano Fernando Henrique Cardoso (1995-2002).
"No governo FHC nos colocamos como oposição propositiva, diferenciando-nos de várias correntes de esquerda, incluindo segmentos que almejavam a sua derrubada", diz o texto, numa referência direta ao PT. Foram principalmente setores petistas que defenderam o "Fora FHC" no segundo mandato do tucano.
Em relação ao governo Lula, eis a posição de Freire: "Com Lula, estamos no governo e em sua base de apoio. Mas, como antes, devemos fazer a boa crítica quando necessária e continuar um partido formulador e propositivo".
O texto se intitula "PPS - Alguns temas, idéias, posicionamentos e polêmicas". Em vários trechos, Roberto Freire usa a primeira pessoa. Quando cita questões ainda em aberto do partido, como a cota para negros nos vestibulares e o instituto do voto obrigatório, diz: "Como homem público e como presidente do partido, tais bandeiras têm o meu apoio pessoal".
O PPS ocupa o Ministério da Integração Nacional com o ex-governador do Ceará e ex-presidenciável Ciro Gomes, que mantém uma posição bem diversa da defendida pelo presidente do seu partido. Ciro é bem mais alinhado com o governo a que serve.
Procurados ontem para comentar as críticas ao governo, nem o ministro Ciro Gomes nem o deputado federal Roberto Freire foram encontrados até a conclusão desta edição.
Publicidade
As Últimas que Você não Leu
Publicidade
+ LidasÍndice
- Nomeação de novo juiz do Supremo pode ter impacto sobre a Lava Jato
- Indicação de Alexandre de Moraes vai aprofundar racha dentro do PSDB
- Base no Senado exalta currículo de Moraes e elogia indicação
- Na USP, Moraes perdeu concursos e foi acusado de defender tortura
- Escolha de Moraes só possui semelhança com a de Nelson Jobim em 1997
+ Comentadas
- Manifestantes tentam impedir fala de Moro em palestra em Nova York
- Temer decide indicar Alexandre de Moraes para vaga de Teori no STF
+ EnviadasÍndice