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19/03/2003
-
10h45
SILVIO NAVARRO
da Folha Online, em São Paulo e Brasília
Diante de acusações e processos que permanecem na fila aguardando julgamentos do TRE (Tribunal Regional Eleitoral) e TSE (Tribunal Superior Eleitoral), o Prona, que surpreendeu o país nas últimas eleições com a votação recorde do médico cardiologista Enéas Carneiro, mantém o anonimato na Câmara dos Deputados.
Ainda sob a iminência de cassação de mandatos de parlamentares por fraude de domicílio eleitoral e venda de legenda, os seis deputados do partido quase não frequentaram a Casa nos últimos 40 dias e também não apresentaram nenhum projeto de lei desde a abertura dos trabalhos, em 2 de fevereiro.
Até ontem à noite, nenhum dos representantes do Prona tinha presença registrada em plenário no sistema de informações da Câmara. Apenas o presidente nacional da legenda, Enéas, e o vice, Irapuan Teixeira, discursaram até agora.
Com palavras e expressões que caracterizaram seu estilo singular nos tempos de campanha de eleitoral, Enéas foi à tribuna duas vezes para se pronunciar, a primeira delas na data inaugural dos trabalhos da Casa. Irapuan subiu na tribuna outras três.
Ao lado de seu "braço-direito" no partido, a deputada estadual Havanir Nimtz, campeã de votos para a Assembléia Legislativa de São Paulo, Enéas enfrenta ação movida pela Procuradoria Regional Eleitoral por venda de legenda nas últimas eleições.
Havanir foi alvo de sindicância na Câmara Municipal, onde exercia mandato de vereadora, mas escapou de CPI graças a um acordo para a eleição do petista Arselino Tatto à Presidência da Casa.
Já os federais Elimar Máximo Damasceno, Vanderlei Assis de Souza, Irapuan Teixeira e Ildeu Araújo serão julgados por fraudes de domicílio eleitoral. Apesar de juntos somarem menos de 2.000 votos, eles foram eleitos graças ao critério da proporcionalidade, ou seja, foram "arrastados" pelos mais de 1,5 milhão de votos de Enéas Carneiro, o deputado mais bem votado da história.
Além de Enéas e os acusados, o Prona ainda terá um sexto representante paulista na Câmara, Amauri Robledo Gasques, que ganhou a eleição com 18.400 votos.
Posicionamento
Com seis cadeiras na Casa, o Prona também ainda não resolveu se irá ou não integrar a base governista. Com o aval do presidente João Paulo Cunha (PT-SP), concedido na tarde de ontem, o partido de Enéas terá o direito de indicar a liderança da bancada e expressar seu voto em plenário, além de fazer uso de cinco minutos semanais no espaço reservado aos líderes.
Outro lado
O chefe de gabinete de Enéas na Câmara, Arione Altino Franco, afirmou que os deputados do partido têm frequentado as sessões e que trata-se de um erro do serviço de informações da Casa, controlado pela Mesa Diretora.
"Nós já solicitamos à área competente a atualização dos dados, que não correspondem à realidade."
Domicílio Eleitoral
O advogado Ildeu Alves de Araújo teve seu título cassado pela Justiça Eleitoral de Americana, que constatou que ele não residia na cidade paulista. O endereço declarado corresponde à residência de seu irmão. Araújo continua morando em Brasília.
Médico homeopata e professor, Vanderlei Assis de Souza reside em Niterói, onde é proprietário de uma clínica. De acordo com a Justiça, o deputado não comprovou residência nem nenhum vínculo afetivo, econômico, profissional ou político-comunitário que o ligasse à cidade, conforme exige a legislação eleitoral.
Elimar Damasceno declarou domicílio no bairro da Bela Vista, zona central de São Paulo, mas vive no Rio.
Irapuan Teixeira é gaúcho e diz residir na capital paulista há cinco anos, informação contestada pela Justiça. Ele é professor e psicanalista no Rio de Janeiro.
Campeão nas urnas, Prona se mantém incógnito na Câmara
RICARDO MIGNONESILVIO NAVARRO
da Folha Online, em São Paulo e Brasília
Diante de acusações e processos que permanecem na fila aguardando julgamentos do TRE (Tribunal Regional Eleitoral) e TSE (Tribunal Superior Eleitoral), o Prona, que surpreendeu o país nas últimas eleições com a votação recorde do médico cardiologista Enéas Carneiro, mantém o anonimato na Câmara dos Deputados.
Folha Imagem Deputado Enéas Carneiro |
Ainda sob a iminência de cassação de mandatos de parlamentares por fraude de domicílio eleitoral e venda de legenda, os seis deputados do partido quase não frequentaram a Casa nos últimos 40 dias e também não apresentaram nenhum projeto de lei desde a abertura dos trabalhos, em 2 de fevereiro.
Até ontem à noite, nenhum dos representantes do Prona tinha presença registrada em plenário no sistema de informações da Câmara. Apenas o presidente nacional da legenda, Enéas, e o vice, Irapuan Teixeira, discursaram até agora.
Com palavras e expressões que caracterizaram seu estilo singular nos tempos de campanha de eleitoral, Enéas foi à tribuna duas vezes para se pronunciar, a primeira delas na data inaugural dos trabalhos da Casa. Irapuan subiu na tribuna outras três.
Ao lado de seu "braço-direito" no partido, a deputada estadual Havanir Nimtz, campeã de votos para a Assembléia Legislativa de São Paulo, Enéas enfrenta ação movida pela Procuradoria Regional Eleitoral por venda de legenda nas últimas eleições.
Havanir foi alvo de sindicância na Câmara Municipal, onde exercia mandato de vereadora, mas escapou de CPI graças a um acordo para a eleição do petista Arselino Tatto à Presidência da Casa.
Já os federais Elimar Máximo Damasceno, Vanderlei Assis de Souza, Irapuan Teixeira e Ildeu Araújo serão julgados por fraudes de domicílio eleitoral. Apesar de juntos somarem menos de 2.000 votos, eles foram eleitos graças ao critério da proporcionalidade, ou seja, foram "arrastados" pelos mais de 1,5 milhão de votos de Enéas Carneiro, o deputado mais bem votado da história.
Além de Enéas e os acusados, o Prona ainda terá um sexto representante paulista na Câmara, Amauri Robledo Gasques, que ganhou a eleição com 18.400 votos.
Posicionamento
Com seis cadeiras na Casa, o Prona também ainda não resolveu se irá ou não integrar a base governista. Com o aval do presidente João Paulo Cunha (PT-SP), concedido na tarde de ontem, o partido de Enéas terá o direito de indicar a liderança da bancada e expressar seu voto em plenário, além de fazer uso de cinco minutos semanais no espaço reservado aos líderes.
Outro lado
O chefe de gabinete de Enéas na Câmara, Arione Altino Franco, afirmou que os deputados do partido têm frequentado as sessões e que trata-se de um erro do serviço de informações da Casa, controlado pela Mesa Diretora.
"Nós já solicitamos à área competente a atualização dos dados, que não correspondem à realidade."
Domicílio Eleitoral
O advogado Ildeu Alves de Araújo teve seu título cassado pela Justiça Eleitoral de Americana, que constatou que ele não residia na cidade paulista. O endereço declarado corresponde à residência de seu irmão. Araújo continua morando em Brasília.
Médico homeopata e professor, Vanderlei Assis de Souza reside em Niterói, onde é proprietário de uma clínica. De acordo com a Justiça, o deputado não comprovou residência nem nenhum vínculo afetivo, econômico, profissional ou político-comunitário que o ligasse à cidade, conforme exige a legislação eleitoral.
Elimar Damasceno declarou domicílio no bairro da Bela Vista, zona central de São Paulo, mas vive no Rio.
Irapuan Teixeira é gaúcho e diz residir na capital paulista há cinco anos, informação contestada pela Justiça. Ele é professor e psicanalista no Rio de Janeiro.
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