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23/03/2003 - 10h06

Arcebispo minimiza Holocausto judeu

LÉO GERCHMANN
da Agência Folha, em Porto Alegre

O arcebispo de Porto Alegre, dom Dadeus Grings, 66, desconsiderou, em artigo, o Holocausto _genocídio praticado pelos nazistas durante a Segunda Guerra Mundial (1939-45), que, segundo registros históricos, matou 6 milhões de judeus. Representante do conservadorismo católico, Grings diz ter havido 1 milhão de judeus mortos no Holocausto dentro do universo de 22 milhões de vítimas fatais. O artigo está no site www.portaldocatolico.com.br.

''Sem entrar na questão de número das vítimas, que tem muito de ideológica, é preciso reconhecer, como historicamente comprovado, que o nazismo provocou em torno de 22 milhões de mortes, sendo que os judeus participam desta cifra com cerca de 1 milhão. Portanto a grande vítima do nazismo não foram os judeus, mas os cristãos'', diz Grings.

Questionado pela Agência Folha a respeito do fato de que pessoas eram mortas pelo simples fato de serem judias, afirmou: ''O número de 22 milhões já foi comprovado. Os 6 milhões, não. Há historiadores que divergem. E se forem 6 milhões, o que isso representa dentro de 22 milhões? Nós, católicos, fomos as principais vítimas do Holocausto''.

Defendendo o papa Pio 12 (que exerceu o pontificado durante a Segunda Guerra e é acusado de omissão em relação ao nazismo), o arcebispo aumenta o tom na crítica aos judeus e chega a colocar em dúvida a "utilidade" da salvação de vidas. ''Os judeus denigrem a imagem de Pio 12. Valeu a pena ele fazer tanto esforço para salvá-los? Os judeus são ingratos'', diz. ''Não sei qual o interesse em denegrir a imagem de Pio 12, um dos nossos grandes papas. Essa campanha só pode ser dos judeus. Não sei por que fazem isso.''

No artigo em que relativiza o Holocausto judeu, Grings afirma: ''Pio 12 dirigiu a Igreja nos difíceis tempos da Segunda Guerra Mundial e da Guerra fria, com uma sabedoria que se tornou modelar''. Citando ''um historiador judeu'', Grings afirma no artigo que o papa salvou 850 mil judeus ''durante o período da dominação nazista''.

Trajetória polêmica

Grings, que assumiu o arcebispado em fevereiro de 2001, já provocou outras polêmicas.

No início do ano passado, lançou uma cartilha de orientação aos católicos para as eleições à Presidência e ao governo do Estado. Recomendava o não-voto em candidato com as seguintes características, entre outras: que prega o marxismo, que ''propaga que, em matéria de sexo, não existe certo ou errado''; que ''incentiva invasões de propriedades legitimamente adquiridas''.

Em encontro com empresários na Federasul (Federação das Associações Empresariais do Rio Grande do Sul), em junho, disse que a igreja estava afastada do PT _que ''saiu dos fundos das sacristias''_ e que ''os padres que simpatizam com o PT não representam a igreja''.

Em cartilha agrária lançada por ele no final de 2002, há fortes críticas ao MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra).
 

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