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04/09/2003
-
06h30
da Agência Folha
O presidente nacional da CPT (Comissão Pastoral da Terra), dom Tomás Balduíno, 82, disse ontem que a demissão de Marcelo Resende da direção do Incra pode acirrar ainda mais o clima de tensão no campo, provocando o aumento das invasões. Para ele, está claro que "o agronegócio está dentro do governo". A seguir, a entrevista à Agência Folha. (EDS)
Agência Folha - Em nota divulgada hoje [ontem], a CPT afirma que "os caminhos escolhidos para a questão agrária distanciam cada vez mais da paz do campo". O que, na prática, isso significa?
D. Tomás Balduíno - A gente acha que virá uma reforma agrária compensatória, à mercê do Orçamento. O pessoal acirra os caminhos de ocupações, que resultam em violência. E as vítimas são sempre os trabalhadores rurais.
Agência Folha - O acirramento significaria mais morte no campo...
D. Tomás - Sem dúvida, mais mortes no campo, como ocorreu no Paraná [anteontem].
Agência Folha - O sr. culpa o governo diretamente?
D. Tomás - A responsabilidade é do lado do governo. É a gestão. A gente tem o cuidado de considerar esses equívocos mais da área do ministério [Desenvolvimento Agrário], não tendo envolvido a pessoa do Lula, que tem de realizar o que prometeu.
Agência Folha - Há hoje um problema de diálogo dos movimentos com o governo?
D. Tomás - Estava tendo [um diálogo]. Mas, com a degola do Marcelo [Resende], a gente percebeu que houve uma ruptura daquele caminho. O gesto espantou, assustou. Engraçado a fala do [Miguel] Rossetto tentando distinguir governo das organizações populares. Estamos conscientes de que o agronegócio está dentro do governo.
Agência Folha - O sr. se refere ao ministro Roberto Rodrigues (Agricultura)?
D. Tomás - É um exemplo o Roberto Rodrigues. Com o Rossetto nessa linha de aproximação.
"Agronegócio está no governo", diz d. Tomás
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O presidente nacional da CPT (Comissão Pastoral da Terra), dom Tomás Balduíno, 82, disse ontem que a demissão de Marcelo Resende da direção do Incra pode acirrar ainda mais o clima de tensão no campo, provocando o aumento das invasões. Para ele, está claro que "o agronegócio está dentro do governo". A seguir, a entrevista à Agência Folha. (EDS)
Agência Folha - Em nota divulgada hoje [ontem], a CPT afirma que "os caminhos escolhidos para a questão agrária distanciam cada vez mais da paz do campo". O que, na prática, isso significa?
D. Tomás Balduíno - A gente acha que virá uma reforma agrária compensatória, à mercê do Orçamento. O pessoal acirra os caminhos de ocupações, que resultam em violência. E as vítimas são sempre os trabalhadores rurais.
Agência Folha - O acirramento significaria mais morte no campo...
D. Tomás - Sem dúvida, mais mortes no campo, como ocorreu no Paraná [anteontem].
Agência Folha - O sr. culpa o governo diretamente?
D. Tomás - A responsabilidade é do lado do governo. É a gestão. A gente tem o cuidado de considerar esses equívocos mais da área do ministério [Desenvolvimento Agrário], não tendo envolvido a pessoa do Lula, que tem de realizar o que prometeu.
Agência Folha - Há hoje um problema de diálogo dos movimentos com o governo?
D. Tomás - Estava tendo [um diálogo]. Mas, com a degola do Marcelo [Resende], a gente percebeu que houve uma ruptura daquele caminho. O gesto espantou, assustou. Engraçado a fala do [Miguel] Rossetto tentando distinguir governo das organizações populares. Estamos conscientes de que o agronegócio está dentro do governo.
Agência Folha - O sr. se refere ao ministro Roberto Rodrigues (Agricultura)?
D. Tomás - É um exemplo o Roberto Rodrigues. Com o Rossetto nessa linha de aproximação.
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