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06/04/2004
-
20h21
MARI TORTATO
da Agência Folha, em Curitiba
JOSÉ MASCHIO
da Agência Folha, em Londrina
A Polícia Civil do Paraná prendeu nesta terça-feira os ex-secretários do governo de Jaime Lerner (1995-2002) Ingo Hübert e José Cid Campêlo Filho, sob suspeita de desvio de dinheiro público da Copel (companhia estadual de energia) no total de R$ 16,8 milhões. Também foram presos dois ex-funcionários da Copel e quatro empresários acusados de envolvimento no caso.
Hübert foi secretário da Fazenda e presidente da Copel no governo Lerner, e Campêlo Filho, o secretário de Governo. Eles foram presos preventivamente por determinação do juiz da Central de Inquéritos Policiais de Curitiba, Marcelo Ferreira. Também foram presos em Curitiba os ex-funcionários da área financeira da Copel César Bordin e Sérgio Molinari.
Quatro empresários foram presos em outros Estados e transferidos para Curitiba, onde ficariam detidos para prestar depoimentos.
No Rio de Janeiro, foi preso o dono da Mixtrade Rogério Figueiredo Vieira.
Em São Paulo, foram presos José Guilherme Haussen, presidente da Adifea (Associação dos Diplomados da Faculdade de Economia, Administração e Ciências Contábeis da USP), e Harald Bernhard, diretor da entidade. O consultor financeiro Antonio Sampaio Menezes foi preso em Porto Alegre.
O juiz decretou dez prisões preventivas, mas até o final da tarde de ontem duas ainda não haviam sido cumpridas. A polícia procurava pelo proprietário da Embracon (Empresa Brasileira de Consultoria), Maurício Roberto da Silva, e uma segunda pessoa, cuja identidade foi mantida em sigilo.
Todos são acusados de participar direta ou indiretamente de um esquema de desvio na Copel.
O desvio consistiu, de acordo com as investigações, no pagamento de R$ 16,8 milhões feito pela Copel, em setembro de 2002, à Adifea por uma suposta consultoria. Uma CPI aberta na Assembléia Legislativa do Paraná investigou o caso e concluiu que o trabalho atribuído à Adifea já tinha sido realizado por técnicos da Copel.
Os promotores do caso não deram entrevistas, mas segundo apurou a Agência Folha, eles consideram Campêlo Filho e Hübert como os mentores da operação. O Ministério Público quer processar os suspeitos pelos crimes de peculato (desvio de dinheiro público), improbidade administrativa e formação de quadrilha.
Investigações
As prisões de ontem foram baseadas em investigações de um outro caso, o da apuração feita por uma força-tarefa formada por procuradores, juízes e policiais federais sobre remessas ilegais para o exterior via contas CC5 (de não-residentes).
A força-tarefa tomou depoimento do doleiro Alberto Youssef sobre diversos assuntos e repassou parte das informações para o Ministério Público Estadual, que já investigava o caso Copel.
Youssef disse em depoimento que, do total desviado, pelo menos R$ 15,7 milhões foram para a conta da Embracon em depósitos feitos pelo doleiro para evitar futuro rastreamento. Youssef afirmou que, da conta da Embracon, o dinheiro seguiu para contas de 36 "laranjas" indicados pelo dono da Mixtrade, Rogério Vieira.
Segundo Youssef, o dinheiro posteriormente saiu das contas dos "laranjas", parte dele foi convertido em dólares, e foi entregue em espécie à Embracon. Da empresa, o dinheiro foi entregue aos beneficiários do esquema.
Outro lado
Em uma entrevista que concedeu no Cope (Centro de Operações Especiais da Polícia Civil), onde foi preso junto com os demais, o ex-secretário de Governo do período de Jaime Lerner (1995 a 2002) José Cid Campêlo Filho afirmou que se considera "o primeiro preso político do Paraná depois da ditadura". Sem citar nomes, ele acusou o governo de Roberto Requião (PMDB) e promotores públicos estaduais de perseguição política.
"[Essa perseguição] parte dos mandatários do atual governo, parte dos mandatários do Ministério Público e de outras pessoas que aqui não vou citar", disse.
O ex-governador Jaime Lerner (ex-PFL, hoje PSB) saiu em defesa de seus ex-comandados. Em nota, afirmou considerar as prisões "absurdas e decorrentes de motivação política". Disse ainda que elas "subvertem o direito de defesa de quem, em processo judicial isento, provará sua inocência".
O pai do ex-secretário Campêlo Filho, José Cid Campêlo, impetrou habeas corpus em favor do filho no Tribunal de Justiça na tarde de ontem, sem decisão até a noite.
A Agência Folha deixou recados no celular e com a secretária do advogado de Ingo Hübert, Luiz Roberto Brzezinski Neto, mas ele não respondeu. A secretária informou que o advogado também tentava o habeas corpus. Em declarações anteriores, a defesa de Hübert disse que autorizou as operações com respaldo legal e negou desvios.
Advogados de profissão, Hübert e Campêlo Filho receberam a visita de integrantes da seção da OAB do Paraná.
Os ex-funcionários da Copel Sérgio Molinari e César Bordin não deram entrevistas. Em depoimentos anteriores, eles afirmaram que aprovaram as operações que hoje são alvo de suspeita em cumprimento a ordens superiores. Hübert era o presidente da Copel à época do pagamento à Adifea.
Preso no Rio de Janeiro, Rogério Figueiredo Vieira foi transferido para Curitiba e não falou com a imprensa. O deputado federal Carlos Rodrigues (PL-RJ) negou ontem que Vieira fosse seu assessor em 2002.
De acordo com o ex-bispo da Igreja Universal, Vieira trabalhou na informatização de seu gabinete de 26 de maio a 26 de novembro do ano passado, mas foi exonerado por não cumprir sua obrigações.
A Adifea informou que ninguém poderia falar em nome da associação, com sede em São Paulo, senão os diretores presos, José Guilherme Rausner e Harold Barnhard. Uma secretária que se identificou como Rosana afirmou que soube das prisões pela Agência Folha.
Ex-secretários de Lerner e empresários são presos no PR
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da Agência Folha, em Curitiba
JOSÉ MASCHIO
da Agência Folha, em Londrina
A Polícia Civil do Paraná prendeu nesta terça-feira os ex-secretários do governo de Jaime Lerner (1995-2002) Ingo Hübert e José Cid Campêlo Filho, sob suspeita de desvio de dinheiro público da Copel (companhia estadual de energia) no total de R$ 16,8 milhões. Também foram presos dois ex-funcionários da Copel e quatro empresários acusados de envolvimento no caso.
Hübert foi secretário da Fazenda e presidente da Copel no governo Lerner, e Campêlo Filho, o secretário de Governo. Eles foram presos preventivamente por determinação do juiz da Central de Inquéritos Policiais de Curitiba, Marcelo Ferreira. Também foram presos em Curitiba os ex-funcionários da área financeira da Copel César Bordin e Sérgio Molinari.
Quatro empresários foram presos em outros Estados e transferidos para Curitiba, onde ficariam detidos para prestar depoimentos.
No Rio de Janeiro, foi preso o dono da Mixtrade Rogério Figueiredo Vieira.
Em São Paulo, foram presos José Guilherme Haussen, presidente da Adifea (Associação dos Diplomados da Faculdade de Economia, Administração e Ciências Contábeis da USP), e Harald Bernhard, diretor da entidade. O consultor financeiro Antonio Sampaio Menezes foi preso em Porto Alegre.
O juiz decretou dez prisões preventivas, mas até o final da tarde de ontem duas ainda não haviam sido cumpridas. A polícia procurava pelo proprietário da Embracon (Empresa Brasileira de Consultoria), Maurício Roberto da Silva, e uma segunda pessoa, cuja identidade foi mantida em sigilo.
Todos são acusados de participar direta ou indiretamente de um esquema de desvio na Copel.
O desvio consistiu, de acordo com as investigações, no pagamento de R$ 16,8 milhões feito pela Copel, em setembro de 2002, à Adifea por uma suposta consultoria. Uma CPI aberta na Assembléia Legislativa do Paraná investigou o caso e concluiu que o trabalho atribuído à Adifea já tinha sido realizado por técnicos da Copel.
Os promotores do caso não deram entrevistas, mas segundo apurou a Agência Folha, eles consideram Campêlo Filho e Hübert como os mentores da operação. O Ministério Público quer processar os suspeitos pelos crimes de peculato (desvio de dinheiro público), improbidade administrativa e formação de quadrilha.
Investigações
As prisões de ontem foram baseadas em investigações de um outro caso, o da apuração feita por uma força-tarefa formada por procuradores, juízes e policiais federais sobre remessas ilegais para o exterior via contas CC5 (de não-residentes).
A força-tarefa tomou depoimento do doleiro Alberto Youssef sobre diversos assuntos e repassou parte das informações para o Ministério Público Estadual, que já investigava o caso Copel.
Youssef disse em depoimento que, do total desviado, pelo menos R$ 15,7 milhões foram para a conta da Embracon em depósitos feitos pelo doleiro para evitar futuro rastreamento. Youssef afirmou que, da conta da Embracon, o dinheiro seguiu para contas de 36 "laranjas" indicados pelo dono da Mixtrade, Rogério Vieira.
Segundo Youssef, o dinheiro posteriormente saiu das contas dos "laranjas", parte dele foi convertido em dólares, e foi entregue em espécie à Embracon. Da empresa, o dinheiro foi entregue aos beneficiários do esquema.
Outro lado
Em uma entrevista que concedeu no Cope (Centro de Operações Especiais da Polícia Civil), onde foi preso junto com os demais, o ex-secretário de Governo do período de Jaime Lerner (1995 a 2002) José Cid Campêlo Filho afirmou que se considera "o primeiro preso político do Paraná depois da ditadura". Sem citar nomes, ele acusou o governo de Roberto Requião (PMDB) e promotores públicos estaduais de perseguição política.
"[Essa perseguição] parte dos mandatários do atual governo, parte dos mandatários do Ministério Público e de outras pessoas que aqui não vou citar", disse.
O ex-governador Jaime Lerner (ex-PFL, hoje PSB) saiu em defesa de seus ex-comandados. Em nota, afirmou considerar as prisões "absurdas e decorrentes de motivação política". Disse ainda que elas "subvertem o direito de defesa de quem, em processo judicial isento, provará sua inocência".
O pai do ex-secretário Campêlo Filho, José Cid Campêlo, impetrou habeas corpus em favor do filho no Tribunal de Justiça na tarde de ontem, sem decisão até a noite.
A Agência Folha deixou recados no celular e com a secretária do advogado de Ingo Hübert, Luiz Roberto Brzezinski Neto, mas ele não respondeu. A secretária informou que o advogado também tentava o habeas corpus. Em declarações anteriores, a defesa de Hübert disse que autorizou as operações com respaldo legal e negou desvios.
Advogados de profissão, Hübert e Campêlo Filho receberam a visita de integrantes da seção da OAB do Paraná.
Os ex-funcionários da Copel Sérgio Molinari e César Bordin não deram entrevistas. Em depoimentos anteriores, eles afirmaram que aprovaram as operações que hoje são alvo de suspeita em cumprimento a ordens superiores. Hübert era o presidente da Copel à época do pagamento à Adifea.
Preso no Rio de Janeiro, Rogério Figueiredo Vieira foi transferido para Curitiba e não falou com a imprensa. O deputado federal Carlos Rodrigues (PL-RJ) negou ontem que Vieira fosse seu assessor em 2002.
De acordo com o ex-bispo da Igreja Universal, Vieira trabalhou na informatização de seu gabinete de 26 de maio a 26 de novembro do ano passado, mas foi exonerado por não cumprir sua obrigações.
A Adifea informou que ninguém poderia falar em nome da associação, com sede em São Paulo, senão os diretores presos, José Guilherme Rausner e Harold Barnhard. Uma secretária que se identificou como Rosana afirmou que soube das prisões pela Agência Folha.
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