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01/11/2004
-
22h01
PAULO PEIXOTO
da Agência Folha, em Vitória
Fernando Pimentel, reeleito no primeiro turno prefeito de Belo Horizonte, e João Coser, eleito ontem prefeito de Vitória, são os únicos sobreviventes da derrota que o PT teve nas capitais do eixo Sul-Sudeste.
Nas duas regiões, com forte influência na política e na economia do país, as eleições municipais fizeram estragos no PT com a perda de duas importantes capitais: São Paulo e Porto Alegre. A única compensação foi a manutenção da capital mineira e a conquista da capital capixaba.
É no Sul e no Sudeste que o partido mais se estruturou desde a sua fundação e irradiou experiências para ser uma importante legenda nacional.
As sete capitais do Sul e do Sudeste têm 16,55 milhões de eleitores, sendo que o PT governará até dezembro um eleitorado de 10,45 milhões (62%). A partir de janeiro de 2005, o eleitorado governado por petistas se reduzirá sensivelmente: 1,91 milhão (11,5% do eleitorado das sete capitais). Para piorar essa situação, o PT não governa nenhum dos sete Estados.
Para o prefeito belo-horizontino, Fernando Pimentel, lições sempre devem ser tiradas das eleições, embora considere que a mídia tende a "maximizar demais" a derrota. No entanto, considera que "de fato tem um recado" para o PT.
Ele vê relação na derrota no eixo Sul-Sudeste com a política de alianças. Segundo ele, nos lugares onde o PT se abriu mais, mudando a postura, o partido se saiu melhor. É este o seu caso, em Belo Horizonte. Mas, no geral, ele ainda vê o partido "refratário".
"O partido ainda tem uma posição muito hegemônica, mas ressalvo que o presidente do partido, José Genoino, não pensa assim. Mas a média [do PT] ainda é refratária a alianças. Isso foi fundamental nesse resultado", disse Pimentel, para quem o PT está "pagando o preço por uma má política eleitoral".
As eleições mostraram que "tem limites" o fato de o PT ser "autocentrado", disse Pimentel, usando como argumento o fato de as administrações petistas serem bem avaliadas. "Mas isso não basta, tem que contemplar todo um arco de alianças, contemplar toda a cidade."
Apesar de dizer que o caso de São Paulo deve ser analisado também com outra visão, já que José Serra (PSDB) é um político de expressão nacional e que na capital paulista o PSDB "jogou todo o seu peso", Pimentel considerou um "erro" o PT ter disputado com chapa pura.
Ele acha que, em Porto Alegre, poderia ser possível o PT compor com José Fogaça (PPS), não tendo o partido que lançar sempre o candidato próprio. "É preciso refletir para 2006", disse.
João Coser, prefeito eleito de Vitória --capital que elegeu um dos primeiros prefeitos do PT, em 1988-- , acha que a derrota em Porto Alegre representa um pouco o que aconteceu com a sua eleição na cidade capixaba, onde o PSDB governa há 12 anos. "A população tem ânsia de dar oportunidade a outro grupo", disse.
Coser afirmou que, embora não disponha de dados para fazer uma análise mais profunda, acha que o resultado dos pleitos vai "mudar o perfil" do partido. O PT terá que se voltar mais para o interior, já que ele cresceu ao eleger 400 prefeitos --nove em capitais. "Pode ser o momento da mudança. Vai haver um reforço do PT nas cidades menores."
Segundo Coser, perder em São Paulo foi ruim, mas disse que o partido acumula muitas experiências e que os maus resultados "não comprometem a história do PT". Pimentel também disse que "isso não é a catástrofe, o fim do mundo", mas deve ser usado como "reflexão".
Pimentel e Coser sobrevivem à derrota do PT no Sul-Sudeste
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da Agência Folha, em Vitória
Fernando Pimentel, reeleito no primeiro turno prefeito de Belo Horizonte, e João Coser, eleito ontem prefeito de Vitória, são os únicos sobreviventes da derrota que o PT teve nas capitais do eixo Sul-Sudeste.
Nas duas regiões, com forte influência na política e na economia do país, as eleições municipais fizeram estragos no PT com a perda de duas importantes capitais: São Paulo e Porto Alegre. A única compensação foi a manutenção da capital mineira e a conquista da capital capixaba.
É no Sul e no Sudeste que o partido mais se estruturou desde a sua fundação e irradiou experiências para ser uma importante legenda nacional.
As sete capitais do Sul e do Sudeste têm 16,55 milhões de eleitores, sendo que o PT governará até dezembro um eleitorado de 10,45 milhões (62%). A partir de janeiro de 2005, o eleitorado governado por petistas se reduzirá sensivelmente: 1,91 milhão (11,5% do eleitorado das sete capitais). Para piorar essa situação, o PT não governa nenhum dos sete Estados.
Para o prefeito belo-horizontino, Fernando Pimentel, lições sempre devem ser tiradas das eleições, embora considere que a mídia tende a "maximizar demais" a derrota. No entanto, considera que "de fato tem um recado" para o PT.
Ele vê relação na derrota no eixo Sul-Sudeste com a política de alianças. Segundo ele, nos lugares onde o PT se abriu mais, mudando a postura, o partido se saiu melhor. É este o seu caso, em Belo Horizonte. Mas, no geral, ele ainda vê o partido "refratário".
"O partido ainda tem uma posição muito hegemônica, mas ressalvo que o presidente do partido, José Genoino, não pensa assim. Mas a média [do PT] ainda é refratária a alianças. Isso foi fundamental nesse resultado", disse Pimentel, para quem o PT está "pagando o preço por uma má política eleitoral".
As eleições mostraram que "tem limites" o fato de o PT ser "autocentrado", disse Pimentel, usando como argumento o fato de as administrações petistas serem bem avaliadas. "Mas isso não basta, tem que contemplar todo um arco de alianças, contemplar toda a cidade."
Apesar de dizer que o caso de São Paulo deve ser analisado também com outra visão, já que José Serra (PSDB) é um político de expressão nacional e que na capital paulista o PSDB "jogou todo o seu peso", Pimentel considerou um "erro" o PT ter disputado com chapa pura.
Ele acha que, em Porto Alegre, poderia ser possível o PT compor com José Fogaça (PPS), não tendo o partido que lançar sempre o candidato próprio. "É preciso refletir para 2006", disse.
João Coser, prefeito eleito de Vitória --capital que elegeu um dos primeiros prefeitos do PT, em 1988-- , acha que a derrota em Porto Alegre representa um pouco o que aconteceu com a sua eleição na cidade capixaba, onde o PSDB governa há 12 anos. "A população tem ânsia de dar oportunidade a outro grupo", disse.
Coser afirmou que, embora não disponha de dados para fazer uma análise mais profunda, acha que o resultado dos pleitos vai "mudar o perfil" do partido. O PT terá que se voltar mais para o interior, já que ele cresceu ao eleger 400 prefeitos --nove em capitais. "Pode ser o momento da mudança. Vai haver um reforço do PT nas cidades menores."
Segundo Coser, perder em São Paulo foi ruim, mas disse que o partido acumula muitas experiências e que os maus resultados "não comprometem a história do PT". Pimentel também disse que "isso não é a catástrofe, o fim do mundo", mas deve ser usado como "reflexão".
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