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21/09/2005
-
16h58
da Folha Online
Severino Cavalcanti (PP-PE) construiu sua candidatura à presidência da Câmara com a promessa de elevar salários e de melhorar as condições financeiras de atuação dos colegas deputados.
Com forte apelo no chamado "baixo clero" (parlamentares com pouca expressão política), o deputado pernambucano faz parte da Mesa Diretora da Câmara há oito anos --mesmo período em que vinha tentando a presidência da Casa.
Severino ficou conhecido na Câmara por lançar sua candidatura independente em outras duas ocasiões. No entanto, sempre acabava entrando em acordo com os demais candidatos e desistia da disputa. Pelo acordo, ele apresentava a sua desistência e, em contrapartida, recebia um outro cargo na Mesa.
Neste ano, Severino fez decolar sua candidatura após a insistência do deputado Virgílio Guimarães (PT-MG) em manter sua candidatura avulsa mesmo após o PT ter definido Luiz Eduardo Greenhalgh como seu indicado oficial.
Foi a primeira vez que um candidato independente, que pouco contou com o suporte de seu próprio partido, venceu a eleição para a presidência da Câmara --ele teve 300 votos dos 498 presentes.
Agora, Severino está no centro do mais recente escândalo do Congresso: a denúncia de que recebeu propina para estender a concessão de um restaurante da Câmara.
A denúncia foi publicada pelas revistas semanais há cerca de 15 dias. O empresário Sebastião Buani confirmou em entrevista coletiva o pagamento de propina a Severino, na época em que ele era primeiro-secretário da Casa. Ele afirmou que, em troca da exploração de restaurantes, entregou ao deputado entre R$ 110 mil e R$ 120 mil até 2003.
Após ser pressionado por seus colegas, que reputaram como "insustentável" sua permanência com a confirmação das denúncias, Severino renunciou hoje à presidência e ao mandato parlamentar.
UDN
O ex-presidente da Câmara foi prefeito de João Alfredo, sua cidade natal, de 1964-1966, pela UDN (União Democrática Nacional), partido que liderou a oposição a Getúlio Vargas quando o presidente ainda era vivo --morreu em agosto de 1954.
Hoje no PP, Severino passou por diversos partidos após sua estréia pela UDN. Em 1966, entrou para a Arena (Aliança Renovadora Nacional), o partido de sustentação da ditadura militar. Em 1980, foi para o PDS e, em 1987, para o PDC (Partido Democrata Cristão), onde permaneceu até 1990, quando entrou no PL (Partido Liberal).
Ficou pouco no PL, apenas até 1992, quando foi para o PPR. Em 1994, transferiu-se para o PFL e no ano seguinte, para o PPB, onde permaneceu até 2003, quando o partido mudou o nome para PP.
Polêmica
Severino foi o autor da denúncia que levou o governo militar a expulsar do país o padre italiano Vito Miracapillo, em 31 de outubro de 1980. O ex-presidente da Câmara liderou o movimento contra o religioso porque ele se recusou a celebrar uma missa comemorativa à Independência. Miracapillo alegou que o país ainda não havia efetivamente conquistado a sua independência.
Ligado à ala progressista da Igreja Católica, o padre, que vivia no Brasil desde 1975, atuava em Ribeirão (a 100 km de Recife, PE), município localizado na Zona da Mata, uma das áreas de influência do deputado, à época.
O parlamentar formalizou a denúncia ao então ministro da Justiça, Ibrahim Abi Ackel, e, pouco mais de um mês depois, no dia 15 de outubro, o presidente da República, general João Baptista Figueiredo, assinou a expulsão. O decreto de expulsão de Miracapillo foi revogado em março de 1993 pelo presidente Itamar Franco.
A expulsão de Miracapillo teve repercussão internacional, mas em nenhum momento Severino, na época filiado ao PDS, mostrou arrependimento. Ele justificou seu ato afirmando que o padre estava desagregando os moradores de Ribeirão.
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Saiba mais sobre o ex-presidente da Câmara Severino Cavalcanti
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Severino Cavalcanti (PP-PE) construiu sua candidatura à presidência da Câmara com a promessa de elevar salários e de melhorar as condições financeiras de atuação dos colegas deputados.
Com forte apelo no chamado "baixo clero" (parlamentares com pouca expressão política), o deputado pernambucano faz parte da Mesa Diretora da Câmara há oito anos --mesmo período em que vinha tentando a presidência da Casa.
Severino ficou conhecido na Câmara por lançar sua candidatura independente em outras duas ocasiões. No entanto, sempre acabava entrando em acordo com os demais candidatos e desistia da disputa. Pelo acordo, ele apresentava a sua desistência e, em contrapartida, recebia um outro cargo na Mesa.
Alan Marques/FI |
Severino Cavalcanti renuncia após denúncias |
Foi a primeira vez que um candidato independente, que pouco contou com o suporte de seu próprio partido, venceu a eleição para a presidência da Câmara --ele teve 300 votos dos 498 presentes.
Agora, Severino está no centro do mais recente escândalo do Congresso: a denúncia de que recebeu propina para estender a concessão de um restaurante da Câmara.
A denúncia foi publicada pelas revistas semanais há cerca de 15 dias. O empresário Sebastião Buani confirmou em entrevista coletiva o pagamento de propina a Severino, na época em que ele era primeiro-secretário da Casa. Ele afirmou que, em troca da exploração de restaurantes, entregou ao deputado entre R$ 110 mil e R$ 120 mil até 2003.
Após ser pressionado por seus colegas, que reputaram como "insustentável" sua permanência com a confirmação das denúncias, Severino renunciou hoje à presidência e ao mandato parlamentar.
UDN
O ex-presidente da Câmara foi prefeito de João Alfredo, sua cidade natal, de 1964-1966, pela UDN (União Democrática Nacional), partido que liderou a oposição a Getúlio Vargas quando o presidente ainda era vivo --morreu em agosto de 1954.
Hoje no PP, Severino passou por diversos partidos após sua estréia pela UDN. Em 1966, entrou para a Arena (Aliança Renovadora Nacional), o partido de sustentação da ditadura militar. Em 1980, foi para o PDS e, em 1987, para o PDC (Partido Democrata Cristão), onde permaneceu até 1990, quando entrou no PL (Partido Liberal).
Ficou pouco no PL, apenas até 1992, quando foi para o PPR. Em 1994, transferiu-se para o PFL e no ano seguinte, para o PPB, onde permaneceu até 2003, quando o partido mudou o nome para PP.
Polêmica
Severino foi o autor da denúncia que levou o governo militar a expulsar do país o padre italiano Vito Miracapillo, em 31 de outubro de 1980. O ex-presidente da Câmara liderou o movimento contra o religioso porque ele se recusou a celebrar uma missa comemorativa à Independência. Miracapillo alegou que o país ainda não havia efetivamente conquistado a sua independência.
Ligado à ala progressista da Igreja Católica, o padre, que vivia no Brasil desde 1975, atuava em Ribeirão (a 100 km de Recife, PE), município localizado na Zona da Mata, uma das áreas de influência do deputado, à época.
O parlamentar formalizou a denúncia ao então ministro da Justiça, Ibrahim Abi Ackel, e, pouco mais de um mês depois, no dia 15 de outubro, o presidente da República, general João Baptista Figueiredo, assinou a expulsão. O decreto de expulsão de Miracapillo foi revogado em março de 1993 pelo presidente Itamar Franco.
A expulsão de Miracapillo teve repercussão internacional, mas em nenhum momento Severino, na época filiado ao PDS, mostrou arrependimento. Ele justificou seu ato afirmando que o padre estava desagregando os moradores de Ribeirão.
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