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11/01/2006 - 09h11

Quebra de sigilo não explica movimentação de R$ 6 bi

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RUBENS VALENTE
da Folha de S.Paulo

A três meses do fim da CPI dos Correios, pelo menos R$ 6 bilhões movimentados em contas bancárias de empresas sob investigação, cujo sigilo foi quebrado há mais de cinco meses, seguem um enigma para os técnicos da comissão.

O volume corresponde ao total não identificado de depositantes ou favorecidos de operações ocorridas em agências do Banco Real (integrado em 2000 ao ABN Amro Bank). Os arquivos de computador --enviados para atender às decisões de quebra do sigilo de vários investigados-- chegaram incompletos à CPI.

A CPI ainda não sabe de onde vieram R$ 3 bilhões que abasteceram tais contas e também desconhece quem foram os beneficiários dos outros R$ 3 bilhões.

O Banco Real reconheceu, em nota enviada ontem à Folha, falha em "1%" do material enviado, e prometeu corrigi-lo. "Esclarecemos que todas as informações solicitadas pela CPI foram atendidas nos prazos estabelecidos. Em um dos CDs de dados enviados havia mais de 30 mil lançamentos e destes cerca de apenas 1% não apresentou a origem/beneficiário nos primeiros trabalhos efetuados. Conforme já transmitido à própria CPMI, o banco continua apurando esse 1% de informações faltantes e tão logo concluído o levantamento, posicionará a CPI", informou a nota do banco.

As principais empresas que são alvo da investigação e mantêm contas no Real são a Visanet, empresa que administra a rede de casas de comércio filiados ao sistema de cartões de crédito Visa, a empresa de publicidade Duda Mendonça Associados, cujo dono assumiu manter um caixa dois de R$ 10,5 milhões no exterior, a empresa de aviação Skymaster Airlines, acusada de irregularidades em contrato com os Correios, e a operadora de telefonia Telemig Celular, que contratou a empresa do publicitário mineiro Marcos Valério Fernandes de Souza, um dos idealizadores do "mensalão".

Embora considerado pelos técnicos da CPI como o mais atrasado na correção dos dados, o Real não é o único. A comissão cobrou, por ofício, que todos os bancos corrijam seus arquivos.

Os sigilos das contas operadas no Real foram quebrados há mais de cinco meses. Em 25 de agosto, a CPI atacou o sigilo da Visanet e da Telemig Celular a pedido do deputado federal Carlos Abicalil (PT-MT) e da senadora Ideli Salvatti (PT-SC). No mesmo dia, o sigilo da Duda Mendonça foi quebrado a pedido do deputado Ônyx Lorenzoni (PFL-RS). Em 14 de julho, o senador César Borges (PFL-BA) havia pedido e obtido a quebra do sigilo da Skymaster.

Depoimentos

O relator da CPI dos Correios, Osmar Serraglio (PMDB-PR), é contrário à convocação de duas testemunhas que têm sido relevadas pela CPI --o que se choca com o entendimento do subrelator para a movimentação financeira, Gustavo Fruet (PSDB-PR).

O tucano vai apresentar requerimento para novamente marcar a data da convocação de Solange Pereira Oliveira, funcionária da direção nacional do PT subordina ao ex-tesoureiro Delúbio Soares, que fez saques das contas da SMPB, e Soraya Garcia, ex-assessora financeira do PT de Londrina (PR) que denunciou o suposto envolvimento do ex-ministro da Casa Civil José Dirceu num esquema de caixa dois eleitoral no município em 2004.

Serraglio é contra dar prioridade aos dois depoimentos. "O caso da Soraya é um dado de uma campanha regional. Para eu chamar a Soraya, vou ter de chamar mais gente, de outros Estados. Não temos nada a ver com isso."

Sobre ouvir Solange, o relator admite a possibilidade, mas não agora. "Talvez, porque [ela] foi assessora do Delúbio. Mas quem requer tem que dizer o motivo exato do depoimento", afirmou.

O deputado Fruet disse que pretende marcar os depoimentos para os próximos dias. "São duas testemunhas muito relevantes, têm muito o que dizer sobre o que viram e acompanharam."

O advogado de Solange Oliveira, Luiz Bueno Aguiar, contratado pelo PT, disse que sua cliente está à disposição da CPI, mas minimizou seu papel no partido. "Ela é uma funcionária subalterna, de quarto ou quinto escalão, jamais tomou qualquer tipo de decisão. Não é uma pessoa que tenha qualquer voz de comando. Não mantém nenhum contato pessoal com o Delúbio", disse o advogado.

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