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12/03/2006 - 10h33

Gravação indica que empreiteira pagava mesada em Ribeirão

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ROGÉRIO PAGNAN
da Folha Ribeirão

Depoimentos e gravações telefônicas em poder do Ministério Público Estadual e da Polícia Civil indicam, segundo os responsáveis pela investigação, que a empreiteira Leão Leão enviava dinheiro para alguém na Prefeitura de Ribeirão Preto durante as administrações dos petistas Antonio Palocci e Gilberto Maggioni.

O material traz novos indícios da existência do suposto esquema de propina denunciado pelo advogado Rogério Tadeu Buratti, que foi secretário de Governo de Palocci de 1993 a 1994. Segundo ele, a Leão Leão enviava a Palocci uma propina mensal de R$ 50 mil entre 2001 e 2002 --o que é negado pelo ministro da Fazenda.

Até agora, havia provas de fraudes nas medições do serviço de limpeza urbana --que inflavam os pagamentos da prefeitura à Leão Leão-- e saques suspeitos nas contas da empresa. As novas evidências indicam o suposto retorno do dinheiro às mãos de integrantes da administração petista --hipótese que também foi contestada pelo atual ministro.

Essa nova linha de investigação teve início com o segundo depoimento de Buratti --que foi vice-presidente do grupo Leão--, em fevereiro deste ano. Na ocasião, Buratti detalhou o trajeto da suposta propina da empresa à prefeitura comandada por Palocci e, a partir de 2002, por Maggioni.

A transcrição do depoimento de Buratti afirma que "o Ralf [Barquete, ex-secretário da Fazenda de Palocci, morto em 2004] ia apanhar na empresa o envelope com o dinheiro, entretanto, não havia uma pessoa determinada para a entrega desse montante; que, excepcionalmente, alguém da empresa levava esse valor até a Secretaria da Fazenda".

Após um minucioso reexame das provas obtidas nos dois anos de investigação, os promotores encontraram uma conversa telefônica de julho de 2004, interceptada com autorização da Justiça, entre Wilney Barquete, então presidente da Leão Ambiental (braço da Leão Leão especializado em limpeza), e sua secretária Fernanda Raphael Borges revela remessas mensais de dinheiro que tinham como destino a prefeitura.

A gravação dura exatos três minutos e dezoito segundos. Os dois falam da agenda para o próximo dia. Em determinado momento, a secretária pergunta ao chefe se pode mandar "aquele envelope" que encaminhava "para lá todo mês". Wilney autoriza o envio.

O "lá", segundo os promotores e a polícia, era o Daerp (Departamento de Água e Esgoto de Ribeirão Preto), autarquia da prefeitura então administrada por Isabel Bordini, responsável pelos contratos de limpeza com a Leão Leão. Após a descoberta da gravação, os promotores intimaram as secretárias citadas por Buratti.

O promotor Aroldo Costa Filho ouviu Fernanda e mostrou a ela a gravação da conversa com Wilney. A secretária confirmou que era enviado dinheiro à prefeitura todos os meses, em um envelope, mas disse que deveria ser um valor pequeno e destinado a campanha do projeto "Lixo Útil" (coleta seletiva). Fernanda disse ter enviado o dinheiro só uma vez, a da gravação, e que nos outros meses a tarefa era de Wilney. Questionada, ela disse não ter certeza sobre o destino do dinheiro, mas que chegara àquela conclusão porque, fora a campanha do lixo, não sabia de "outro motivo que pudesse justificar a entrega de tal doação".

Não demorou para que a versão da secretária fosse contrariada. Dias depois, o Ministério Público ouviu o empresário Carlos Alberto Ferreira Leão: ele foi enfático ao dizer que esse não era um procedimento da empresa. "A Leão Leão não colabora com doações em dinheiro para o Daerp, nem mesmo para o custeio da campanha Lixo Útil", diz o empresário, que em 2004 se desligou do grupo.

À Folha, o empresário manteve a versão e disse que não descarta a possibilidade de ter havido pagamento de propina sem ele saber: "É ilógico, mas é possível".

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