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12/03/2006 - 11h20

Empresário relata conta do PT no exterior e implica Mentor

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JOSÉ MASCHIO
da Agência Folha, em Curitiba

O empresário Antônio Celso Garcia, 52, o Tony Garcia, ex-companheiro de chapa para o Senado pelo PP-PR do advogado Roberto Bertholdo, apontou em entrevista à Folha, ontem, a participação do ex-aliado em esquemas de corrupção que atingem PT, PMDB, a Itaipu Binacional e o deputado José Mentor (PT-SP).

Réu colaborador da força-tarefa do Banestado, Garcia, que sofre processo por obstrução da Justiça --ficou preso entre dezembro de 2004 e fevereiro de 2005-- disse que suas denúncias podem ser comprovadas por fitas gravadas de conversas com Bertholdo, que é acusado de tentativa de extorsão e está preso em Curitiba.

As fitas estão em poder da Polícia Federal. Garcia mostrou transcrições de fitas em que Bertholdo comenta a influência que detinha sobre a CPI do Banestado por meio de Mentor, relator da comissão.

Segundo Garcia, Bertholdo disse a ele que ajudava o ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares e Mentor a operar um esquema no exterior. O doleiro Antonio Claramunt, o Toninho da Barcelona, teria sido contatado por Mentor para montar o esquema de contas petistas em Luxemburgo, um paraíso fiscal europeu. Segundo Bertholdo, Barcelona devia "favores" a Mentor no período em que ele foi relator da CPI do Banestado.

O PT nega ter contas no exterior.

Ainda segundo fitas gravadas de conversas entre Bertholdo e Garcia, as relações entre o ex-assessor da liderança do PMDB na Câmara e Mentor começaram na CPI.

Bertholdo --preso acusado de lavagem de dinheiro e outros crimes-- assessorava a CPI sobre interrogatórios e usava isso para incluir pessoas a serem chantageadas, como Luiz Antônio Scarpin, dono de bingos em Curitiba.

"O Bertholdo conseguiu que o Mentor convocasse o Scarpin para depor em Brasília. Depois, exigiu dele R$ 300 mil para aliviar sua barra na comissão. Acontece que o Scarpin gravou as chantagens do Bertholdo e tiveram que fazer um acordo. No acordo, o Scarpin escapou da convocação. Mas a força-tarefa do Banestado tem fita mostrando que o Mentor recebeu para retirar o nome do Scarpin." Bertholdo e Scarpin foram citados no relatório da CPI.

Itaipu

Nas conversas entre Garcia e Bertholdo --que foi do Conselho de Administração de Itaipu de julho de 2003 a fevereiro de 2005--, o advogado lamenta não conseguir ingressar no esquema de captação de recursos junto a empreiteiras de Itaipu para a campanha eleitoral de 2004.

"Ele me dizia, e está gravado pela PF, que Itaipu era o braço do governo para arrecadação. Ele disse que estava operando com a Itaipu para levar recursos, em dinheiro vivo, para as campanhas petistas em Maringá, Londrina, Ponta Grossa e Cruzeiro d'Oeste --onde o candidato vitorioso foi Zeca Dirceu, filho do então chefe da Casa Civil, José Dirceu", disse.

"A bronca do Bertholdo era que ele não participava do esquema de captação junto aos empreiteiros e se queixava de que o Paulo Bernardo (ministro do Planejamento) e o Jorge Samek (diretor-geral de Itaipu) controlavam isso. Ele disse que queria entrar no esquema porque precisava de dinheiro para seu esquema no PMDB. Disse que iria falar com o Samek em uma viagem ao Rio de Janeiro para resolver o caso."

PMDB

Garcia afirmou que Bertholdo se vangloriava de ter gasto R$ 8 milhões para colocar o ex-deputado José Borba na liderança do PMDB e outros R$ 6 milhões quando o PMDB oposicionista tentou derrubar Borba da liderança --o deputado renunciou ao mandato para fugir da cassação.

A denúncia já havia sido feita pelo empresário em entrevista à revista "Veja" desta semana.

Segundo Garcia, a força-tarefa do Banestado e a PF possuem cópias de gravações em que Bertholdo explicita como conseguia dinheiro para o "mensalão" do PMDB.

"Ele tinha reuniões todas as segundas-feiras, em São Paulo, com o Delúbio Soares, o Marcelo Sereno [ex-secretário de Comunicação do PT] e, principalmente com o Silvio Pereira [ex-secretário-geral do partido]. Sua ligação era tão forte que, na minha frente, ele recebeu uma ligação do José Dirceu pedindo para ele substituir o Waldomiro Diniz como seu assessor quando o Diniz caiu."

O empresário afirmou ter orientado --a Folha obteve cópia da conversa-- Bertholdo a não ocupar o cargo oferecido por Dirceu.

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