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02/10/2006 - 10h12

Delegado que vazou fotos abre investigação paralela

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LILIAN CHRISTOFOLETTI
da Folha de S.Paulo

O delegado da Polícia Federal Edmilson Pereira Bruno, que divulgou as polêmicas fotos do R$ 1,7 milhão apreendido há 16 dias com petistas e que seria usado para pagar um dossiê contra candidatos do PSDB, montou uma investigação paralela para obter dados do inquérito que corre em sigilo.

Bruno já estava afastado do caso quando, na última quinta, munido com uma câmera digital, dirigiu-se a uma unidade do Banco Central em São Paulo e à empresa Protege S/A para fazer as fotos das pilhas de dólares e dos reais, respectivamente.

O delegado bateu 23 fotos, em diferentes ângulos, do R$ 1,16 milhão, em cédulas que vão de R$ 10 a R$ 100, e dos US$ 248,8 mil. Depois, gravou as imagens em um CD, que foi entregue a jornalistas em caráter sigiloso --anteontem, o próprio policial assumiu o vazamento.

Aos peritos que, naquele dia, fizeram uma recontagem dos valores, Bruno teria afirmado que havia voltado para a investigação por determinação do comando da PF paulista e tinha autorização para as fotos.

O superintendente da PF em São Paulo, Geraldo Araújo, afirmou ver na atitude de Bruno uma "quebra de confiança".

"Espiãozinho"

Um dia antes de distribuir o CD com 23 fotos coloridas do dinheiro apreendido, numa quarta-feira à noite, Bruno afirmou, em frente à sede da Polícia Federal, que contava com a ajuda de um "espiãozinho" para levantar dados do inquérito que tramita na PF de Cuiabá.

O delegado, no entanto, se recusou a divulgar o nome do suposto colega que o ajudaria na coleta das fotos.

Os petistas dizem que Bruno agiu, às vésperas da disputa eleitoral, para prejudicar a candidatura do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e a mando dos tucanos. Essa possibilidade, apesar de ser considerada remota pelo superintendente da PF, está sendo investigada.

O delegado afirmou anteontem que não agiu por motivação política. "Isso é absurdo, não tem nada a ver." Disse que votou em Lula em 2002. O policial havia ficado irritado ao ser afastado do caso do dossiê.

Ele prometeu falar hoje em entrevista coletiva sobre os motivos que o levaram a divulgar as imagens, mesmo contrariando a determinação da Polícia Federal de mantê-las em sigilo durante o período eleitoral.

Três dias

O delegado Bruno atuou oficialmente apenas nos três primeiros dias do caso do dossiê. Na sexta, dia 15, ele prendeu o petista Valdebran Padilha e o ex-policial Gedimar Pereira Passos no hotel Ibis Congonhas, em São Paulo. Com os dois, apreendeu R$ 1,7 milhão em reais e em dólares. Na semana passada, tentou voltar à investigação, o que foi vetado.

A divulgação das fotos foi vetada pela cúpula da PF, que temia prejudicar a eleição e a candidatura de Lula à reeleição.

O ex-policial preso trabalhou como segurança em campanhas eleitorais do petista e disse que seu "chefe" era Freud Godoy, ex-assessor especial do presidente. O ex-policial afirmou que estava no hotel a pedido da Executiva Nacional do PT, para atestar a veracidade do dossiê ofertado por Luiz Antonio Vedoin, considerado chefe da máfia dos sanguessugas.

O representante de Vedoin na negociação era Valdebran, que já trabalhou como tesoureiro em campanhas petistas no Mato Grosso.

Além dos documentos, o dossiê era composto por uma entrevista de Vedoin acusando José Serra, que já liderava as pesquisas para o governo de São Paulo, de participação no caso. A revista "IstoÉ" publicou uma entrevista em que Vedoin acusa o tucano de participar do esquema. Depois, ouvido pela PF, ele retirou as acusações.

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