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30/10/2006
-
09h18
RANIER BRAGON
ADRIANO CEOLIN
da Folha de S.Paulo
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA Transcorridos 46 dias desde a eclosão do dossiegate, o caso ainda reúne elementos capazes de atormentar o presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
A origem do R$ 1,7 milhão usado para a frustrada compra dos papéis antitucanos ainda não foi esclarecida e, apesar de dizerem que não pretendem promover um "terceiro turno", os oposicionistas afirmam que vão manter a disposição de cobrar até o fim a apuração.
"Não haverá crise institucional, o governo não acabará antes de começar, mas vai conviver com um ambiente de disputa política muito grande", diz o vice-presidente da CPI dos Sanguessugas, deputado Raul Jungmann (PPS-PE).
Prova disso é que amanhã a CPI vai ouvir o ex-coordenador do setor de inteligência da campanha de Lula, Jorge Lorenzetti, apontado pela Polícia Federal como o articulador da trama para a compra do dossiê. No mesmo dia serão ouvidos Valdebran Padilha e Gedimar Passos, presos com R$ 1,7 milhão no dia 15 de setembro.
A prisão dos dois detonou um processo que, aliado a outros fatores, evitou que a eleição fosse encerrada no primeiro turno. Apesar de oposicionistas e governistas dizerem não acreditar que o Tribunal Superior Eleitoral possa anular a decisão do eleitor, o fato é que os desdobramentos das investigações têm potencial imprevisível, tanto é que a principal hipótese da PF é que o dinheiro tenha vindo do caixa dois do PT.
Mas o PT vê agora como benéfico o segundo turno, já que isso pôde possibilitar uma vitória mais robusta de Lula. PSDB e PFL, que apostaram todas as esperanças de virada no episódio, passaram nos últimos dias ao resignado discurso de que os escândalos do atual governo "anestesiaram" o país.
A Folha conversou com governistas na semana que passou. Embalados por pesquisas apontando diferença pró-Lula de mais de 20 pontos percentuais, o diagnóstico é menos severo. Em primeiro lugar, avaliam que o "dossiegate" foi mais prejudicial aos governistas do que a Lula. Isso porque a crise, segundo eles, evitou a eleição de uma bancada governista mais robusta para o Congresso. "É óbvio que a eleição de uma bancada mais expressiva foi prejudicada. Tivemos um gravíssimo exemplo em SP, onde as pesquisas davam ampla vantagem para Eduardo Suplicy na disputa ao Senado e, no final, a diferença dele para Afif [PFL] foi pequena", diz Arlindo Chinaglia (PT-SP), líder do governo na Câmara.
Já o lado bom da crise, para os governistas, foi haver um segundo turno. A tese dá conta de que caso Lula vencesse de forma apertada no primeiro turno, isso daria margem a um movimento de contestação na linha de "país dividido".
Depoimentos
O corregedor-geral eleitoral, ministro Cesar Asfor Rocha, disse que, a partir desta semana, começará a marcar os depoimentos de testemunhas a serem ouvidas para a ação do dossiegate em curso no TSE.
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ADRIANO CEOLIN
da Folha de S.Paulo
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA Transcorridos 46 dias desde a eclosão do dossiegate, o caso ainda reúne elementos capazes de atormentar o presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
A origem do R$ 1,7 milhão usado para a frustrada compra dos papéis antitucanos ainda não foi esclarecida e, apesar de dizerem que não pretendem promover um "terceiro turno", os oposicionistas afirmam que vão manter a disposição de cobrar até o fim a apuração.
"Não haverá crise institucional, o governo não acabará antes de começar, mas vai conviver com um ambiente de disputa política muito grande", diz o vice-presidente da CPI dos Sanguessugas, deputado Raul Jungmann (PPS-PE).
Prova disso é que amanhã a CPI vai ouvir o ex-coordenador do setor de inteligência da campanha de Lula, Jorge Lorenzetti, apontado pela Polícia Federal como o articulador da trama para a compra do dossiê. No mesmo dia serão ouvidos Valdebran Padilha e Gedimar Passos, presos com R$ 1,7 milhão no dia 15 de setembro.
A prisão dos dois detonou um processo que, aliado a outros fatores, evitou que a eleição fosse encerrada no primeiro turno. Apesar de oposicionistas e governistas dizerem não acreditar que o Tribunal Superior Eleitoral possa anular a decisão do eleitor, o fato é que os desdobramentos das investigações têm potencial imprevisível, tanto é que a principal hipótese da PF é que o dinheiro tenha vindo do caixa dois do PT.
Mas o PT vê agora como benéfico o segundo turno, já que isso pôde possibilitar uma vitória mais robusta de Lula. PSDB e PFL, que apostaram todas as esperanças de virada no episódio, passaram nos últimos dias ao resignado discurso de que os escândalos do atual governo "anestesiaram" o país.
A Folha conversou com governistas na semana que passou. Embalados por pesquisas apontando diferença pró-Lula de mais de 20 pontos percentuais, o diagnóstico é menos severo. Em primeiro lugar, avaliam que o "dossiegate" foi mais prejudicial aos governistas do que a Lula. Isso porque a crise, segundo eles, evitou a eleição de uma bancada governista mais robusta para o Congresso. "É óbvio que a eleição de uma bancada mais expressiva foi prejudicada. Tivemos um gravíssimo exemplo em SP, onde as pesquisas davam ampla vantagem para Eduardo Suplicy na disputa ao Senado e, no final, a diferença dele para Afif [PFL] foi pequena", diz Arlindo Chinaglia (PT-SP), líder do governo na Câmara.
Já o lado bom da crise, para os governistas, foi haver um segundo turno. A tese dá conta de que caso Lula vencesse de forma apertada no primeiro turno, isso daria margem a um movimento de contestação na linha de "país dividido".
Depoimentos
O corregedor-geral eleitoral, ministro Cesar Asfor Rocha, disse que, a partir desta semana, começará a marcar os depoimentos de testemunhas a serem ouvidas para a ação do dossiegate em curso no TSE.
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