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09/05/2007 - 08h52

Teologia da Libertação já foi além da Igreja Católica, diz Boff

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DENIZE BOCOCCINA e GARY DUFFY
da BBC, em São Paulo

Um dos nomes mais importantes da Teologia da Libertação nos anos 60 e 70, o ex-frade franciscano Leonardo Boff disse em entrevista à BBC Brasil que a teologia vive, mas não é tão visível como antes, "porque antes ela era polêmica, e hoje ela é fundamentalmente uma teologia ecumênica, não é só católica'.

"A Teologia da Libertação e a temática da Libertação não dependem mais da Igreja, ganham curso próprio. É uma temática que inspira as pessoas eticamente a lutar contra as injustiças, lutar contra as opressões e buscar alternativas para uma sociedade que não produza tanta desigualdade e tanto sofrimento", afirmou o teólogo.

Segundo Boff, a Teologia da Libertação, que defende um maior engajamento da igreja na sociedade e contra as desigualdades sociais, "é levada adiante pelos grupos bíblicos, dos quais há mais de 500 mil no Brasil, e mais de 80 comunidades de base".

Influência

Boff ironizou a declaração do arcebispo de São Paulo, dom Odilo Scherer, que há duas semanas disse que a Teologia da Libertação "já passou".

"Dom Odilo deveria ganhar o Prêmio Nobel de Economia. Porque não existem mais pobres, não existem mais miseráveis, não existem mais famintos neste mundo."

O papel da Teologia da Libertação na sociedade brasileira continua, na avaliação dele, inclusive porque vários membros do governo e o próprio presidente Luiz Inácio Lula da Silva foram influenciados por ela.

"Há vários ministros do governo Lula que são filhos da Teologia da Libertação. O próprio Lula diz: eu, como cristão, sou da igreja da Libertação. Há dois ou três governadores que são filhos da Teologia da Libertação", disse Boff.

Leonardo Boff afirmou que que as igrejas "que levam a sério a opção pelos pobres" têm a Teologia da Libertação como referência.

"Agora, há igrejas que são alienadas, que não escutam o grito do oprimido, e por isso elas têm pouco a dizer a Deus, e acham que a Teologia da Libertação morreu."

"Nostálgico"

O papa Bento 16, responsável pelo silêncio obsequioso com o qual o então frei Leonardo Boff foi punido anos anos 80, "é um nostálgico", na avaliação do teólogo.

"Ele não é um conservador, ele é um nostálgico", disse Boff.

"Ele é de uma igreja com muita liturgia, muito latim, muito incenso, muita piedade. Não é uma Igreja de engajamento na sociedade e no mundo, mas uma igreja-fortaleza que se defende contra os riscos do mundo", afirmou. "É uma nostalgia de uma igreja que já não existe mais."

Foi Joseph Ratzinger, quando era cardeal e prefeito da Congregação para a Fé do Vaticano, o responsável pelo silêncio obsequioso em 1985 ao frei franciscano, como punição pelas idéias da Teologia da Libertação apresentadas no livro "Igreja: Carisma e Poder", publicado no ano anterior.

"Humilhação"

A punição foi suspensa em 1986 pelo papa João Paulo Segundo, segundo Boff quando dom Paulo Evaristo Arns argumentou com o papa que a medida era semelhante à censura imposta pelo governo militar.

"Eu não pude falar oficialmente nas igrejas, em público. Mas foi o ano que eu mais falei em privado, porque as pessoas me procuravam", afirmou.

Ex-frade franciscano, Boff abandonou a batina em 1992, quando seria condenado pelo Vaticano pela segunda vez ao silêncio, por declarações que deu durante uma conferência na época da Rio 92.

"Da primeira vez eu obedeci, por humildade. Da segunda, eu achei que era humilhação, e humilhação é pecado, eu disse que não aceitava", contou.

Desde então, Boff passou a dar aulas de Teologia e Filosofia na Universidade do Estado do Rio de Janeiro e continuou escrevendo livros e participando da igreja como leigo.

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