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02/02/2004 - 15h50

Exploração da biodiversidade da Antártica preocupa cientistas

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da France Presse, em Kuala Lumpur (Malásia)

A exploração incontrolada da biodiversidade da Antártica preocupa os cientistas, que temem perder um tesouro potencial para a medicina do futuro, afirma um relatório da Universidade das Nações Unidas.

Os especialistas estão apreensivos porque isso pode arruinar os esforços internacionais para regulamentar a exploração da região.

O texto destaca que já estão sendo realizadas missões de prospecção das riquezas genéticas e bioquímicas dos organismos capazes de sobreviver em um dos ambientes mais hostis do planeta.

"Muitos cientistas consideram que o isolamento e a extração de substâncias que permitem o desenvolvimento desses organismos podem ter conseqüências importantes no campo da pesquisa de biotecnologia e, talvez, levem à produção de medicamentos de combate ao câncer, antibióticos ou componentes industriais", afirma o documento.

O relatório do Instituto de Altos Estudos da Universidade das Nações Unidas (UNU-IAS), que tem sede em Tóquio, também adverte que "em decorrência da fragilidade da Antártica, esse otimismo é contrabalançado pelas advertências sobre as graves conseqüências que uma falta de regulamentação teria, o que pode deixar espaço para uma livre atuação na região".

Os esforços para a exploração do continente podem ultrapassar a capacidade do direito internacional de regulamentar domínios, como a propriedade do material genético, o registro de patentes e as conseqüências para o meio ambiente do uso dos recursos do Pólo Sul.

Sete países (Argentina, Austrália, Chile, França, Noruega, Nova Zelândia e Reino Unido) têm reivindicações sobre áreas da Antártica, mas os outros não as reconhecem. Por isso, o continente gelado é administrado pelas 45 nações signatárias do Tratado da Antártica, entre as quais o Brasil.

Mais intenso

O estudo da ONU pede uma intensificação dos esforços para que se alcance um acordo sobre a prospecção biológica do Pólo Sul, incentivada pelos bilhões de dólares que a comercialização de produtos elaborados a partir dos recursos naturais da região podem gerar.

O texto, redigido pelo diretor do IAS, A.H. Zakri, e pelo cientista Sam Johnston, foi divulgado em Kuala Lumpur por ocasião da reunião internacional sobre biodiversidade que acontecerá na Malásia a partir da próxima semana.

Quase 2.500 cientistas e representantes de 60 governos participarão na VII Conferência dos signatários da Convenção das Nações Unidas sobre a Biodiversidade.

A Universidade da ONU apresentará o relatório na reunião, mas não existe nenhuma negociação prevista a respeito do Tratado da Antártica.

Em geral, a exploração da região é patrocinada por consórcios formados por organismos privados e públicos, essencialmente universidades, centros de pesquisa e empresas farmacêuticas e de biotecnologia.

"Fica difícil traçar um limite entre a pesquisa científica e as atividades comerciais, apesar de grande parte da atividade recente ter resultado em aplicações comerciais", ressalta o documento.

Um exemplo é a glicoproteína, que funciona como "anticongelante" em alguns peixes e tem uma série de aplicações em potencial, como melhorar a resistência ao frio das plantas e dos peixes de cativeiro. Também pode prolongar a conservação dos alimentos congelados, melhorar a cirurgia à base de tecidos congelados e estender a duração de tecidos e órgãos para transplantes.

A Universidade também afirma que, nos Estados Unidos e Europa, já foram apresentados mais de 150 pedidos de registro de patentes relacionados à Antártica.
 

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