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22/03/2001
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02h33
Vitória, uma bezerra da raça simental, é o primeiro animal clonado no Brasil. O animal, que nasceu no último final de semana, é resultado de pesquisas na área de reprodução desenvolvidas pela Embrapa desde 1984.
O processo de clonagem de Vitória foi semelhante ao da ovelha Dolly, produzida em 1997 pela empresa PPL Therapeutics, na Escócia. A diferença entre os dois animais é a origem da célula doadora do núcleo (onde fica o material genético; veja quadro à esq.).
As células que deram origem à ovelha foram obtidas de glândulas mamárias de uma fêmea adulta, o que torna Dolly igual a sua mãe. As células que originaram Vitória foram obtidas de um embrião de cinco dias, o que faz com que Vitória não seja uma cópia exata dos pais. Na verdade, Vitória é um clone de uma vaca virtual, que não chegou a nascer.
O animal nasceu com 50 quilos -considerado pouco abaixo do normal-, mas já engordou dois quilos. Clinicamente a bezerra é perfeita, com todas as atividades vitais normais, o que deixou os técnicos da Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária) confiantes quanto à continuidade da utilização da técnica. Segundo o Ministério da Agricultura, o Brasil é o primeiro país em desenvolvimento a dominar a tecnologia de clonagem.
De acordo com Rodolfo Rumpf, coordenador do projeto de biotecnologia de reprodução animal da Embrapa, essa primeira etapa -o nascimento de Vitória- é um passo anterior à Dolly, mas que abriu caminho. "Vamos avançar para trabalhar com células somáticas (não-reprodutivas) diferenciadas e realizar uma clonagem semelhante à de Dolly."
Para a obtenção de Vitória, a Embrapa partiu de 29 células embrionárias. Após sua fusão com ovócitos (células que se transformam em óvulos) sem núcleo, retirados de vacas mestiças de nelore e simental, três foram transferidas para úteros de vacas receptoras -em dois casos houve mortalidade embrionária.
Células de orelha
Segundo Rumpf, já está em gestação na fazenda Sucupira, em Brasília, a mesma onde nasceu Vitória, um bezerro clonado a partir de células da orelha de uma vaca. Caso tudo ocorra bem, em nove meses o Brasil terá um clone obtido por técnica mais semelhante à de Dolly. "É uma tentativa, que pode dar certo ou não. Com a Dolly foram várias tentativas até dar certo." Precisamente, 277 embriões para uma única ovelha.
Nos últimos três anos foram investidos R$ 300 mil no projeto de reprodução animal da Embrapa.
Os resultados práticos da clonagem, pretendidos pela Embrapa, serão a regeneração de bancos genéticos, a multiplicação de animais com boas características genéticas, a maximização do potencial genético de uma raça, resgate de material genético em vias de extinção e melhoramento animal.
Também está nos planos da empresa a produção de animais transgênicos. A inserção de genes de características desejáveis (como a produção de proteínas de interesse terapêutico no leite) também é uma técnica de baixa eficiência. Neste caso, a clonagem multiplicaria indivíduos transgênicos bem-sucedidos.
Estudos da Embrapa indicam que a combinação de clonagem com outras técnicas de multiplicação permitirá obter, em um ano, o ganho genético equivalente a 12 anos de seleção tradicional.
Clonagem de bezerra brasileira foi semelhante à da ovelha Dolly
da Folha de S.Paulo, em BrasíliaVitória, uma bezerra da raça simental, é o primeiro animal clonado no Brasil. O animal, que nasceu no último final de semana, é resultado de pesquisas na área de reprodução desenvolvidas pela Embrapa desde 1984.
O processo de clonagem de Vitória foi semelhante ao da ovelha Dolly, produzida em 1997 pela empresa PPL Therapeutics, na Escócia. A diferença entre os dois animais é a origem da célula doadora do núcleo (onde fica o material genético; veja quadro à esq.).
As células que deram origem à ovelha foram obtidas de glândulas mamárias de uma fêmea adulta, o que torna Dolly igual a sua mãe. As células que originaram Vitória foram obtidas de um embrião de cinco dias, o que faz com que Vitória não seja uma cópia exata dos pais. Na verdade, Vitória é um clone de uma vaca virtual, que não chegou a nascer.
O animal nasceu com 50 quilos -considerado pouco abaixo do normal-, mas já engordou dois quilos. Clinicamente a bezerra é perfeita, com todas as atividades vitais normais, o que deixou os técnicos da Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária) confiantes quanto à continuidade da utilização da técnica. Segundo o Ministério da Agricultura, o Brasil é o primeiro país em desenvolvimento a dominar a tecnologia de clonagem.
De acordo com Rodolfo Rumpf, coordenador do projeto de biotecnologia de reprodução animal da Embrapa, essa primeira etapa -o nascimento de Vitória- é um passo anterior à Dolly, mas que abriu caminho. "Vamos avançar para trabalhar com células somáticas (não-reprodutivas) diferenciadas e realizar uma clonagem semelhante à de Dolly."
Para a obtenção de Vitória, a Embrapa partiu de 29 células embrionárias. Após sua fusão com ovócitos (células que se transformam em óvulos) sem núcleo, retirados de vacas mestiças de nelore e simental, três foram transferidas para úteros de vacas receptoras -em dois casos houve mortalidade embrionária.
Células de orelha
Segundo Rumpf, já está em gestação na fazenda Sucupira, em Brasília, a mesma onde nasceu Vitória, um bezerro clonado a partir de células da orelha de uma vaca. Caso tudo ocorra bem, em nove meses o Brasil terá um clone obtido por técnica mais semelhante à de Dolly. "É uma tentativa, que pode dar certo ou não. Com a Dolly foram várias tentativas até dar certo." Precisamente, 277 embriões para uma única ovelha.
Nos últimos três anos foram investidos R$ 300 mil no projeto de reprodução animal da Embrapa.
Os resultados práticos da clonagem, pretendidos pela Embrapa, serão a regeneração de bancos genéticos, a multiplicação de animais com boas características genéticas, a maximização do potencial genético de uma raça, resgate de material genético em vias de extinção e melhoramento animal.
Também está nos planos da empresa a produção de animais transgênicos. A inserção de genes de características desejáveis (como a produção de proteínas de interesse terapêutico no leite) também é uma técnica de baixa eficiência. Neste caso, a clonagem multiplicaria indivíduos transgênicos bem-sucedidos.
Estudos da Embrapa indicam que a combinação de clonagem com outras técnicas de multiplicação permitirá obter, em um ano, o ganho genético equivalente a 12 anos de seleção tradicional.
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