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31/07/2002
-
05h49
da Folha de S.Paulo
A idéia já existe há meio século, mas só agora começa a se tornar realidade. Cientistas australianos concluíram ontem o teste de um motor hipersônico capaz de propelir uma aeronave a até 9.600 km/h, ou oito vezes a velocidade do som. O avanço poderia reduzir tempos de viagem que hoje são de 24 horas para apenas 2 ou 3.
Os membros do projeto HyShot lançaram um foguete da base de Woomera, na Austrália, acoplado ao novo motor, baseado em um conceito chamado "scramjet". O foguete subiu até a alta atmosfera e, de lá, o motor desceu em queda livre, adquirindo a velocidade suficiente para iniciar sua operação. Ele só começa a funcionar com eficiência quando está a pelo menos Mach 5, ou cinco vezes a velocidade do som, que se movimenta a 1.200 km/h.
O scramjet é uma evolução de um motor mais antigo, o ramjet (traduzindo para o português, seria algo como "jato-aríete", assim chamado pela compressão a que o ar é submetido no sistema). No novo nome, as letras "S" e "C" indicam "supersonic combustion" (combustão supersônica).
Os pesquisadores da Universidade de Queensland só saberão se seu motor funcionou mesmo dentro de duas semanas, quando tiverem concluído a análise dos dados obtidos durante o teste.
Tudo indica que o procedimento foi um sucesso. A última tentativa do Hyshot, em outubro passado, terminou em fracasso, assim como um teste realizado pela Nasa (agência espacial americana) em 2001 com seu X-43A, um protótipo de aeronave scramjet.
"Com sorte estaremos em posição melhor para fazer a avaliação em uns dias, mas agora sinto-me confiante", disse Allan Paull, líder do projeto, ao site Space.com.
Desafio técnico
O conceito de um motor scramjet não é fruto de tecnologia de conta. "Isso foi inventado nos anos 50, é o motor mais elementar do Universo", diz Aguinaldo Ricieri, um engenheiro aeronáutico do ITA (Instituto Tecnológico de Aeronáutica). A idéia consiste em usar o oxigênio do ar supersônico que atravessa o motor para "acender" o combustível (hidrogênio) dentro dele, causando uma explosão que propele a nave.
"O grande problema", segue Ricieri, "é obter materiais para o motor capazes de resistir à tremenda vibração e à temperatura. Nós temos motores parecidos com esse aqui no ITA e fazemos testes em túneis de vento."
Realizando testes como se estivesse voando a Mach 2, esse equipamento já mostra sinais de estresse. "Ele fica todo rubro. Quase translúcido", conta o engenheiro. "Se eles conseguiram realizar esse vôo, é sinal de que resolveram o problema dos materiais."
A equipe australiana compara a revolução do scramjet à promovida por Chuck Yeager em 1947, quando se tornou o primeiro homem a romper a barreira do som.
Com agências internacionais
Novo motor prepara aviação hipersônica
SALVADOR NOGUEIRAda Folha de S.Paulo
A idéia já existe há meio século, mas só agora começa a se tornar realidade. Cientistas australianos concluíram ontem o teste de um motor hipersônico capaz de propelir uma aeronave a até 9.600 km/h, ou oito vezes a velocidade do som. O avanço poderia reduzir tempos de viagem que hoje são de 24 horas para apenas 2 ou 3.
Os membros do projeto HyShot lançaram um foguete da base de Woomera, na Austrália, acoplado ao novo motor, baseado em um conceito chamado "scramjet". O foguete subiu até a alta atmosfera e, de lá, o motor desceu em queda livre, adquirindo a velocidade suficiente para iniciar sua operação. Ele só começa a funcionar com eficiência quando está a pelo menos Mach 5, ou cinco vezes a velocidade do som, que se movimenta a 1.200 km/h.
O scramjet é uma evolução de um motor mais antigo, o ramjet (traduzindo para o português, seria algo como "jato-aríete", assim chamado pela compressão a que o ar é submetido no sistema). No novo nome, as letras "S" e "C" indicam "supersonic combustion" (combustão supersônica).
Os pesquisadores da Universidade de Queensland só saberão se seu motor funcionou mesmo dentro de duas semanas, quando tiverem concluído a análise dos dados obtidos durante o teste.
Tudo indica que o procedimento foi um sucesso. A última tentativa do Hyshot, em outubro passado, terminou em fracasso, assim como um teste realizado pela Nasa (agência espacial americana) em 2001 com seu X-43A, um protótipo de aeronave scramjet.
"Com sorte estaremos em posição melhor para fazer a avaliação em uns dias, mas agora sinto-me confiante", disse Allan Paull, líder do projeto, ao site Space.com.
Desafio técnico
O conceito de um motor scramjet não é fruto de tecnologia de conta. "Isso foi inventado nos anos 50, é o motor mais elementar do Universo", diz Aguinaldo Ricieri, um engenheiro aeronáutico do ITA (Instituto Tecnológico de Aeronáutica). A idéia consiste em usar o oxigênio do ar supersônico que atravessa o motor para "acender" o combustível (hidrogênio) dentro dele, causando uma explosão que propele a nave.
"O grande problema", segue Ricieri, "é obter materiais para o motor capazes de resistir à tremenda vibração e à temperatura. Nós temos motores parecidos com esse aqui no ITA e fazemos testes em túneis de vento."
Realizando testes como se estivesse voando a Mach 2, esse equipamento já mostra sinais de estresse. "Ele fica todo rubro. Quase translúcido", conta o engenheiro. "Se eles conseguiram realizar esse vôo, é sinal de que resolveram o problema dos materiais."
A equipe australiana compara a revolução do scramjet à promovida por Chuck Yeager em 1947, quando se tornou o primeiro homem a romper a barreira do som.
Com agências internacionais
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