** C**
cacique
- Não use este termo da língua dos taínos para
designar todo e qualquer líder temporal de grupo de índios.
Reserve-o para chefes de grupos indígenas da América
Central e das Antilhas. Para os demais, use chefe. Veja pajé.
cacoete de linguagem - Evite expressões pobres de
valor informativo e portanto dispensáveis em textos noticiosos:
antes de mais nada, ao mesmo tempo, pelo contrário, por sua
vez, por outro lado, via de regra, com direito a, até porque.
Dispense
também modismos ou chavões que vulgarizam o texto
jornalístico: Inflação galopante, erro gritante,
óbvio ululante, rota de colisão, vitória esmagadora,
luz no fim do túnel, prejuízos incalculáveis,
consequências imprevisíveis, no fundo do poço,
inserido no contexto, detonar um processo, equipamento sofisticado,
avançada tecnologia, caixinha de surpresas, caloroso abraço,
fonte inesgotável, ruído ensurdecedor, em nível
de, extrapolar, a todo vapor, atuação impecável
(irretocável, irrepreensível), na vida real, catapultar,
pavoroso incêndio, confortável mansão, calorosa
recepção, duras (pesadas) críticas, escoriações
generalizadas, o cardápio da reunião, ataque fulminante,
fortuna incalculável, preencher uma lacuna, perda irreparável,
líder carismático, familiares inconsoláveis,
monstruoso congestionamento, calorosos aplausos, sonora (estrepitosa)
vaia, trair-se pela emoção, quebrar o protocolo, visivelmente
emocionado, gerar polêmica, abrir com chave de ouro, aparar
as arestas, trocar figurinhas, a toque de caixa, chegar a um denominador
comum, correr por fora, ser o azarão, consternar profundamente,
coroar-se de êxito, debelar as chamas, literalmente tomado,
requintes de crueldade, respirar aliviado, fazer uma colocação,
tirar uma resolução, carreira brilhante (meteórica),
atirar farpas, estrondoso (fulgurante, retumbante) sucesso, enquanto
[significando "na condição de"], perfeita
sintonia, corações e mentes, dispensa apresentação,
fez por merecer, importância vital, com direito a.
Corte
ou substitua essas expressões sempre que possível
em textos noticiosos, mas atenção: às vezes
elas podem dar cor ou ironia a um texto mais leve, como "sides",
"features" e colunas assinadas.
Evite
também palavras que emprestem tom preciosista ou exagerado
ao texto, como viatura, veículo, residência, mansão,
esposa, colisão, falecer, óbito, magnata, miserável,
sanitário, toalete. Dê preferência ao vocabulário
coloquial: carro de polícia, carro, casa, mulher, batida,
morrer, morte, empresário, pobre, banheiro.
cacófato - Embora o jornal não seja em geral
lido em voz alta, evite -especialmente em títulos- termo
chulo ou desagradável formado pela união das sílabas
finais de uma palavra com as iniciais de outra: por cada, conforme
já, marca gol, nunca gostou, confisca gado, uma herdeira,
boom da construção civil.
caixa- - caixa-d'água, caixa-dois (no sentido de caixa
paralelo de empresas), caixa-forte, caixa-preta.
caixa alta/baixa - Veja maiúsculas/minúsculas.
calúnia/difamação/injúria - Existe
uma gradação decrescente entre os três tipos
de crime contra a honra. Caluniar alguém é atribuir
falsamente fato definido como crime. Difamar é imputar fato
ofensivo à reputação. Injuriar é ofender
a dignidade ou o decoro de alguém. Consulte também
o anexo Jurídico.
Câmara dos Deputados - Escreva sempre com maiúscula,
mesmo em segunda menção: O presidente da Câmara.
Veja maiúsculas/minúsculas.
Câmara Municipal - Escreva sempre com maiúscula,
mesmo em segunda menção: O diretor-geral da Câmara.
Veja maiúsculas/minúsculas.
campus - O plural desta palavra latina é campi.
capital - Não use como sinônimo de qualquer
cidade em particular: São Paulo é capital apenas para
os paulistas. Só faz sentido usar a palavra capital quando
acompanhada do Estado ou país a que se está referindo:
Reikjavík, capital da Islândia.
Evite
citar o país no caso de capitais muito conhecidas -como Paris,
Moscou, Washington- ou que se tornam conhecidas em função
do noticiário -como Bagdá durante a Guerra do Golfo.
capitalista - Esta palavra não deve ser usada para qualificar
personagem da notícia. O empresário, o banqueiro,
o industrial, o comerciante não devem ser chamados de capitalista.
Autoridade pública de país capitalista deve ser identificada
pelo seu cargo e nacionalidade: O presidente norte-americano, não
o líder capitalista.
cardápio - Não deve ser usado em sentido figurado
para designar os temas discutidos por pessoas: O prefeito e o governador
do Rio jantaram juntos ontem; no cardápio, as próximas
eleições. Veja cacoete de linguagem.
cardeal - A rigor, o título deve vir antes do sobrenome
do prelado: O arcebispo de São Paulo, dom Paulo cardeal Arns,
esteve ontem com o papa João Paulo 2º. Mas a forma é
pouco coloquial. Prefira: O cardeal arcebispo de São Paulo,
dom Paulo Evaristo Arns ou o cardeal Arns. Jamais escreva o cardeal
dom Paulo, nem dom Arns. Veja tratamento de pessoa.
cargos - Escreva sempre com minúscula: presidente,
secretário, ministro, diretor, professor, papa, deputado,
doutor, juiz, embaixador, desembargador. Veja maiúsculas/minúsculas.
carioca - Referente à cidade do Rio de Janeiro. O
adjetivo para o Estado do Rio de Janeiro é fluminense.
carisma - Não empregue este conceito da ciência
política de maneira indistinta para qualquer liderança
que aparente ter prestígio pessoal. Em grego, significa dom
excepcional. Reserve o termo para políticos como Getúlio
Vargas, Juan Domingo Perón, Charles de Gaulle, Fidel Castro,
Adolf Hitler.
caro - É errado dizer que o preço está
caro. O certo é o preço está alto.
castelhano - Prefira espanhol para designar o idioma.
Caso Clinton/Lewinsky - No caso Monica Lewinsky, pairam sobre
o presidente dos EUA as suspeitas de falso testemunho (Clinton teria
negado em juízo seu suposto relacionamento com a ex-estagiária
da Casa Branca) e obstrução de justiça (ele
teria coagido a moça a mentir sobre o assunto em depoimento).
Em português, não é correto usar o termo perjúrio
no lugar de falso testemunho. A expressão em inglês
"grand jury'', utilizada para definir o júri que vai
decidir se há evidências suficientes para indiciar
Clinton, deve ser traduzida como júri de inquérito
ou júri de inquisição. A tradução
correta da expressão "material evidence'' é prova
relevante.
CE - Use esta sigla para designar a Comunidade Européia.
Não confunda com CEE, Comunidade Econômica Européia,
uma das três organizações que compõem
a CE. As outras duas são: Comunidade Européia de Energia
Atômica (Euratom) e Comunidade Européia do Carvão
e do Aço (conhecida pela sigla inglesa ECSC).
Países
membros da CE: Alemanha, Bélgica, Dinamarca, Espanha,
França, Grécia, Holanda, Irlanda, Itália, Luxemburgo,
Portugal e Reino Unido.
Celsius - Escala de temperatura usada no Sistema Internacional.
O zero representa o ponto de congelamento da água e o 100
o de ebulição ao nível do mar. A palavra vem
de Anders Celsius (1701-1744), astrônomo sueco que criou a
escala. Use Celsius ou ºC, nunca graus centígrados,
o que seria uma redundância: A temperatura era de 33 graus
Celsius negativos ou -33ºC, e não 33 graus centígrados.
centímetro - Deve-se usar a abreviatura cm quando
antecedida de algarismo: O corte de tecido media 55 cm de largura.
cerca de - Evite. A melhor informação é
sempre a mais precisa. Quando for indispensável, use apenas
para números redondos e que não possam ser contados
com facilidade: cerca de 200 pessoas estavam na festa, nunca cerca
de 157 pessoas estavam na festa nem cerca de 11 bailarinos estavam
no palco.
champanhe - Vinho branco espumante da região de Champanhe,
nordeste da França. Se não vier dessa região,
chame de espumante ou tipo champanhe. Tome cuidado com a concordância,
porque o nome da bebida é masculino: o champanhe está
gelado. Já o da região é feminino: Uma viagem
pela Champanhe.
chavão - Veja cacoete de linguagem.
chefe - Pode ser usado, entre outras coisas, para designar
genericamente líder não-religioso de grupos de índios,
em lugar de cacique, morubixaba ou tuxaua.
Chefe
é substantivo comum-de-dois: o chefe, a chefe. Não
use chefa.
chefe da nação - Só use para referir-se
a sociedades tribais. Nas sociedades não-tribais, os chefes
são de Estado ou de governo. Além disso, a expressão
forma um cacófato (danação). Veja Estado; nação.
chegar a/chegar em - Nunca escreva chegar em. O correto é
chegar a algum lugar: Bob Dylan chega amanhã a São
Paulo, nunca em São Paulo.
cheque/xeque - Não confunda o cheque de banco com
o xeque do xadrez (xeque-mate) ou com o título de sabedoria
árabe: Ele visou o cheque; O argumento foi posto em xeque;
O xeque entrou em sua tenda.
ciências - Escreva seus nomes sempre com minúscula:
química, física, biologia, antropologia, pedagogia.
Veja maiúsculas/minúsculas.
clichê - Placa de metal com relevo de foto, desenho
ou letra para impressão. Também adquiriu o sentido
de frase feita, chavão. Veja cacoete de linguagem; clichês
(no cap. Edição).
co- - Talvez seja o prefixo mais confuso da língua
portuguesa. Use hífen em formações mais modernas
e aglutine em palavras mais antigas: coabitação, co-administrar,
co-autor, co-avalista, co-diretor, co-edição, coexistência,
colateral, coobrigação, co-ocupar, cooperar, co-opositor,
cooptar, co-piloto, co-produção, co-proprietário,
co-responsável, comensal, corredor, comover.
codinome - Veja apelido.
colchetes - Recurso gráfico ( [] ) com função
semelhante à dos parênteses, mas mais abrangente. Permite
introduzir breves esclarecimentos no interior do texto, em especial
quando interrompem declaração textual: "A Escherichia
coli [tipo de bactéria frequente no intestino humano] é
o burro de carga da engenharia genética", disse o cientista.
Não
use colchetes para fazer remissão dentro de uma mesma página
-bastam parênteses: (veja gráfico ao lado).
cólera - Quando significa raiva é palavra feminina:
Sua irritação chegava ao limite da cólera.
Quando designa a doença, pode ser masculino ou feminino,
mas a Folha padroniza com o masculino: O cólera chegou
ao Brasil.
coletiva - Em textos, não use este jargão jornalístico
para designar entrevista coletiva.
colocação de pronomes - Este é um capítulo
da sintaxe em que as gramáticas não concordam. A maior
parte da confusão vem do fato de que os pronomes oblíquos
(me, te, se, lhe, o, a, nos, vos) são pronunciados de forma
diferente em Portugal e no Brasil. Jamais ocorreria a um português,
por menos instruído que fosse, dizer: Me parece que. O e
do me praticamente não é pronunciado em Portugal e
assim o me antes do parece formaria um encontro consonântico
de difícil pronúncia: m'p'rece q'. No Brasil, os pronomes
oblíquos têm uma pronúncia mais acentuada. Já
deixaram de ser átonos e caminham em direção
ao tonalismo; hoje são semitônicos.
Até
que esses pronomes se tornem de fato tônicos, adote as seguintes
normas:
a)
Próclise (pronome antes do verbo) - Dê preferência
a este caso. É o mais próximo da linguagem coloquial
do Brasil e na maioria dos casos não fere demais a norma
culta: Eu o vi; Ele se informou são mais eufônicos
no Brasil que Eu vi-o; Ele informou-se. A próclise é
obrigatória na norma culta quando ocorrem certas palavras
que têm uma espécie de poder atrativo: partículas
negativas (não, ninguém, nada etc.), pronomes relativos
(que, o qual, quem, quando, onde etc.), indefinidos (algum, alguém,
diversos, muito, tudo etc.), advérbios e conjunções
(como, quando, sempre, que, já, brevemente, aqui, embora
etc.);
b)
Ênclise (pronome depois do verbo) - Use-a para evitar começar
frase com pronome. É também comum com infinitivos,
em orações imperativas ou com gerúndio. Na
norma culta, prevalece sobre a próclise se não houver
partícula que atraia o pronome. Não pode ser usada
com futuro do presente ou do pretérito;
c)
Mesóclise (pronome no meio do verbo) - Evite ao máximo.
Na norma culta substitui a ênclise em verbos no futuro do
presente ou do pretérito: Dir-lhe-ei; Fá-lo-ia.
colônia - Não use este termo considerado pejorativo
para designar grupo de pessoas com laços étnicos ou
religiosos. Empregue comunidade: comunidade de origem japonesa;
comunidade islâmica.
coloquial - Veja linguagem coloquial.
comentário - Pequeno artigo interpretativo. Veja artigo.
"commodity" - Em inglês, mercadoria. Designa mercadoria
em estado bruto ou produto primário como chá, café,
estanho, cobre etc. Tome cuidado com o plural: "commodities".
comprimento/cumprimento - Não confunda a medida com
a saudação, elogio ou a ação de cumprir:
O carro tem 3,8 m de comprimento; Recebeu um cumprimento da Direção
de Redação; O soldado foi homenageado por ter morrido
"no cumprimento do dever", anunciou o Pentágono.
comunista - Use apenas para indicar ligação
de alguém com organizações comunistas quando
isso for importante no contexto da notícia. Nunca empregue
para se referir a pessoas com inclinações políticas
de esquerda. Veja direita/esquerda.
concerto/conserto - Concerto musical, mas conserto de objetos,
máquinas.
concisão - O texto jornalístico deve ser conciso.
Tudo o que puder ser dito em uma linha não deve ser dito
em duas. Veja tamanho de texto.
concordância nominal - Preste atenção
ao cortar e reescrever textos. É deste trabalho que surgem
os piores erros de concordância nominal: A medida foi criticados;
Aparelhagem de microscopia mal regulado. Esse tipo de erro ocorre
quando o redator troca um substantivo por outro de gênero
ou número diferentes -decretos por medida, aparelho por aparelhagem-
e não adapta o adjetivo. Redobre a atenção
com períodos longos.
Tome
cuidado também com as construções em que um
adjetivo qualifica mais de um substantivo: A casa e o prédio
velhos; Foi confiscada a carne e o gado. Aplique nesses casos regras
análogas às da concordância verbal, expostas
no próximo verbete. Lembre-se de que em português o
masculino prevalece sobre o feminino: Alexandra e Herculano são
bons autores.
concordância verbal - Há uma única regra: o
verbo concorda em número (singular ou plural) e pessoa (1ª,
2ª ou 3ª) com o sujeito da oração. É
errado dizer nós vai ou ele são, como qualquer um
percebe. Mas logo surgem as dificuldades: mais de um é ou
mais de um são? Existe Deus e o diabo ou existem Deus e o
diabo? Em geral, as duas construções são admitidas
e podem ter significados diferentes.
A
maioria das dificuldades ocorre quando coexistem palavras de caráter
fortemente plural e singular no mesmo sujeito:
a)
Coletivos - Às vezes, as idéias de plural e singular
existem ao mesmo tempo numa única palavra. É o caso
dos coletivos. A palavra exército, mesmo no singular, encerra
a idéia de plural (um exército é composto de
vários soldados). Ninguém escreve o exército
são. Mas Alexandre Herculano escreveu: "Vadeado o rio,
a cavalgada encaminhou-se por uma senda tortuosa que ia dar à
entrada do mosteiro, onde desejavam chegar". Trata-se da concordância
lógica (também chamada ideológica ou siléptica)
que se opõe à concordância gramatical. Evite
esse tipo de construção; prefira o singular: A maioria
acredita no governo.
Mas
atenção: tanto faz escrever a maioria dos entrevistados
acreditam quanto acredita. Havendo um substantivo seguido da preposição
de e de outro substantivo ou pronome formando um partitivo, o verbo
pode ir para o plural (concordância lógica) ou singular
(concordância gramatical), dependendo da ênfase que
se quer dar. O uso do singular reforça a idéia de
conjunto. O plural, a de individualidade dos membros do conjunto.
Há
casos em que a concordância lógica é preferível:
A pesquisa revelou que 1% das mulheres brasileiras são desquitadas;
A campanha prevê que 1 milhão de crianças sejam
vacinadas. De acordo com a concordância gramatical, os períodos
ficariam: A pesquisa revelou que 1% das mulheres brasileiras é
desquitado; A campanha prevê que 1 milhão de crianças
seja vacinado;
b)
Um - Este numeral está impregnado de singularidade. Quando
faz parte de um sujeito logicamente plural, carrega o verbo para
o singular: Cada um daqueles deputados era servido por 40 motoristas;
Mais de um brasileiro deseja ganhar na loteria. Exceção:
Mais de um ministro se cumprimentaram na recepção
(porque há idéia de reciprocidade).
Tome
cuidado com a expressão um dos que, que de preferência
deve ser acompanhada de plural. Mas atenção: a concordância
pode alterar o sentido da frase: Schwartzkopf foi um dos generais
que mais se distinguiram na Guerra do Golfo (ele se distinguiu,
entre outros generais que também se distinguiram), mas Schwartzkopf
foi um dos generais que mais se distinguiu na Guerra do Golfo (ele
foi o que mais se distinguiu); O Sena é um dos grandes rios
que passa por Paris (é o único grande rio que passa
por Paris). Evite esta última construção, que
é muito sutil para texto noticioso.
As
expressões um e outro e nem um nem outro podem ser usadas
tanto com plural como com singular, indistintamente: um e outro
é bom ou um e outro são bons. Prefira o plural se
a expressão vier acompanhada de um substantivo: um e outro
homem são bons.
Também
costumam apresentar dificuldade os seguintes tópicos:
a)
Ou - Use o singular se ou introduzir idéia de exclusividade:
Nicodemo ou Aristarco será eleito presidente (apenas um deles
será eleito); se os dois agentes puderem realizar a ação,
o verbo vai para o plural: Nicodemo ou Aristarco devem chegar nos
próximos minutos;
b)
Nem - Pode levar o verbo para o plural ou o singular, indistintamente.
Nem Ulisses nem Eneas será eleito presidente; Nem Ulisses
nem Eneas serão eleitos presidente;
c)
Com - Se a relação for de igualdade, o verbo vai para
o plural: O general com seus oficiais tomaram o quartel. Se os elementos
não têm a mesma participação, o verbo
vai para o singular: Bush com seus aliados venceu o Iraque. Esse
tipo de concordância também vale para expressões
como não só... mas também, tanto... como, assim...
como. Esse tipo de construção é precioso demais
para textos noticiosos;
d)
Verbo antes do sujeito composto - Nestes casos, o verbo pode concordar
com o elemento mais próximo ou com o conjunto: Estréia
o filme e a peça ou Estréiam o filme e a peça.
Use o plural se o sujeito composto for uma sucessão de nomes
próprios ou se a ação for de reciprocidade:
Adoeceram Maria, Carla e Paula; Enfrentam-se Corinthians e Palmeiras.
Essas construções também são preciosas
demais para ser usadas em textos noticiosos;
e)
Gradação/resumo - Sujeitos compostos devem ser conjugados
com o verbo no singular se constituírem uma gradação:
"Aleluia! O brasileiro comum, o homem do povo, o joão-ninguém,
agora é cédula de Cr$ 500,00!" (Carlos Drummond
de Andrade).
O
singular também vale para sujeitos compostos resumidos por
palavras como tudo, nada, ninguém, nenhum, cada um: Jogo,
bebida, sexo e drogas, nada pôde satisfazê-lo;
f)
Pronomes - Eu e tu somos, tu e ele sois, eu e ele somos. A 1ª
pessoa prevalece sobre a 2ª, que prevalece sobre a 3ª.
Essas construções são raras no jornalismo.
Se
o pronome pessoal vier antecedido de interrogativos ou indefinidos
como quais, quantos, alguns, poucos, muitos, na norma culta, o verbo
concorda com o pronome pessoal: Poucos de nós conhecemos
a gramática. Admite-se também a concordância
mais coloquial com o indefinido ou interrogativo: Poucos de nós
conhecem a gramática;
g) Quem/que
- Sou um homem que pensa ou sou um homem que penso, mas sou eu quem
fala. Com quem o verbo vai sempre para a 3ª pessoa;
h)
Pronomes de tratamento - O verbo e o pronome possessivo ficam sempre
na 3ª pessoa: Vossa santidade deseja sua Bíblia? Se houver
um adjetivo, ele concorda com o sexo da pessoa a que se refere: Sr.
governador, vossa excelência está equivocado;
i)
Sujeitos infinitivos - Quando o sujeito de uma frase é uma
sucessão de infinitivos genéricos, use o singular: Plantar
e colher não dá dinheiro. Se os infinitivos forem determinados,
plural: O comer e o beber são necessários à saúde;
j)
Nomes próprios - Se o sujeito é um nome próprio
plural e estiver ou puder estar precedido de artigo, use o plural:
Os EUA lançaram um ultimato a Saddam Hussein; Os Andes são
uma cadeia de montanhas; As Filipinas são um arquipélago.
Outros nomes perderam a idéia de plural: O Amazonas corre em
direção ao mar; Minas Gerais é um Estado brasileiro;
Alagoas tem belas praias;
l)
Nomes de obras - Mesmo no plural, dê preferência ao singular:
"Os Pássaros" é um filme de Hitchcock; "Os
Lusíadas" é a obra-prima de Camões;
m)
Nomes de empresas - O verbo também pode ir para o singular
quando o sujeito é um nome de empresa no plural: Lojas Arapuã
adota nova estratégia, ou adotam nova estratégia;
n)
Concordância por atração - Em frases com o verbo
de ligação ser, o verbo pode concordar com qualquer
elemento (sujeito ou predicativo). Em geral, concorda com o mais forte:
Isto são histórias; O que trago são fatos; Emília
era as alegrias da avó; Dois milhões de dólares
é muito dinheiro.
Veja
fazer; haver; porcentagem.
conferência de imprensa - A tradução da
expressão de língua inglesa press conference é
entrevista coletiva. Em segunda menção use entrevista.
Congresso - Veja Parlamento/Congresso.
conjunção - Use conjunções e locuções
conjuntivas quando tiverem a função de estabelecer o
nexo indispensável entre orações ou frases. A
falta desses conectores pode tornar o texto fragmentado, obscuro.
Quando não necessários, funcionam como obstáculo
para a leitura, atravancando o texto.
Dispense
elo de ligação entre elementos independentes: Oito pessoas
foram detidas por atirar pedras nos policiais. A polícia recolheu
dois coquetéis Molotov no local em vez de Oito pessoas foram
detidas por atirar pedras nos policiais. Por outro lado, a polícia
recolheu dois coquetéis Molotov no local. A locução
por outro lado nada acrescenta à simples sucessão de
duas orações.
Não
deixe de empregar conjunção quando for indispensável
para dar sentido: O dono do terreno disse não dar importância
ao fato, mas chamou a polícia para retirar os invasores em
vez de O dono do terreno disse não dar importância ao
fato. Chamou a polícia para retirar os invasores. A relação
de oposição entre as duas ações deve ser
marcada pela conjunção adversativa mas. Em
resumo: verifique se a conjunção pode ser suprimida
sem prejuízo da clareza. Entre as mais frequentes e desnecessárias
estão: contudo, porém, todavia, portanto, entretanto,
no entanto, pois, logo, em decorrência de, por consequência,
dessa forma, ao mesmo tempo, por outro lado, além disso, além
do que, ao passo que, à medida que, à proporção
que, ora...ora, ou bem...ou bem, por conseguinte. Nunca
use conjunções ou locuções conjuntivas
que soem antiquadas: outrossim, não obstante, destarte, dessarte,
entrementes, consoante, de sorte que, porquanto, conquanto, posto
que. Veja e; porém.
conservador/progressista - Empregue estes adjetivos apenas
quando não for possível maior precisão para qualificar
pessoa ou idéia favorável ou contrária à
manutenção da estrutura social vigente. Dê preferência
à filiação partidária, por exemplo. Por
serem vagos e desgastados pelo uso, a utilização desses
termos deve ser discutida com o editor ou editor-assistente. Veja
direita/esquerda; terrorista/guerrilheiro.
Constituição - Com maiúscula quando designar
a Lei Fundamental ou o conceito político. Veja maiúsculas/minúsculas.
contemplar - Significa olhar, considerar ou dar algo. Evite
usar como sinônimo de prever, estabelecer ou regular: A Constituição
estabelece a punição, e não A Constituição
contempla a punição.
contra - Pede hífen apenas antes de vogal, h, r, s:
contra-atacar, contra-ataque, contrabaixo, contracapa, contracheque,
contra-estímulo, contrafilé, contra-histórico,
contragolpe, contra-indicar, contra-informação, contramaré,
contra-ofensiva, contra-oferta, contra-ordem, contraproducente, contraproposta,
contra-reforma, contra-revolução, contra-senso, contratempo,
contratorpedeiro.
contrato de trabalho por tempo determinado - Está errado utilizar
a expressão contrato temporário de trabalho para se
referir ao projeto recentemente aprovado pelo Senado. O que os senadores
aprovaram foi a ampliação do contrato de trabalho por
tempo determinado, modalidade que reduz diretitos trabalhistas.
Regulamentado por lei em 1973, o contrato temporário atende
à necessidade transitória de substituição
de funcionário regular de uma empresa (uma mulher em licença-maternidade,
por exemplo).
contravenção - Não confunda com crime.
Contravenção é infração criminal
considerada menos grave que o crime. A diferença está
na pena que é aplicável em cada caso. Exemplos de contravenção:
jogo do bicho, direção perigosa de veículo e
disparo de arma de fogo. Veja crime. Consulte também o anexo
Jurídico.
copidesque - Palavra aportuguesada do inglês copydesk.
Designa o trabalho -ou pessoa que o executa- de reescrever textos
para publicação. Na Folha, o texto é copidescado
de preferência pelo próprio autor.
Quando
for inevitável que outro jornalista o faça, a assinatura
do autor deve ser suprimida se as alterações forem profundas
e não puderem ser comunicadas a ele.
Textos
de colaboradores devem ser copidescados apenas para adequação
às normas da gramática e deste manual, salvo exceções
definidas pela Secretaria de Redação. Veja assinatura
de texto (no cap. Edição).
córner - Use escanteio.
cosmonauta - Designação dada a tripulantes ou
passageiros em nave do programa espacial da CEI (Ex-URSS). Os norte-americanos
usam astronauta.
crase - Contração do artigo definido feminino
a com a preposição a. Em vez de se grafar aa, grafa-se
à. A pronúncia correta é a. Só se usa
crase quando uma palavra (substantivo ou adjetivo) exigir a preposição
a e houver um substantivo feminino que admita o artigo a ou as: Vou
à escola.
Assim,
é erro grave colocar crase antes de nomes masculinos ou verbos
ou pronomes, pois esses termos (salvo em raras exceções)
não admitem artigo feminino. Estão erradas as construções:
Vou à pé, ele está à sair, entrega à
domicílio, venda à prazo, direi à ela, não
contou à ninguém. Também não se usa
crase quando a preposição a estiver seguida de palavra
no plural: discursou a autoridades, presta socorro a vítimas.
O mesmo vale para expressões em que já houver uma
preposição antes da preposição a: foram
até a praça, ficaram até as 19h.
Há
uma regra geral que dá conta da maioria dos casos: troque
a palavra feminina por outra masculina. Se na substituição
for usada a contração ao, haverá crase. Caso
contrário, não: estar à janela porque se diz
estar ao portão; às três horas porque se diz
aos 42 minutos; entregou o documento a essa mulher porque não
se diz entregou o documento ao esse homem; assistiu a uma boa peça
porque não se diz assistiu ao um bom filme.
Em
algumas poucas expressões é difícil substituir
o termo feminino por outro masculino. Nesses casos, troque o a por
uma outra preposição e veja se o artigo sobrevive:
O carro virou à direita porque se diz O carro virou para
a direita.
A
substituição do feminino pelo masculino também
não funciona para nomes de países ou cidades. Para
saber se ir a Roma leva crase, substitua os verbos ir ou chegar
por vir ou voltar. Se o resultado for a palavra da, haverá
crase: Vou à França porque volto da França,
mas vou a Roma porque volto de Roma.
Casos
especiais:
a)
Há crase antes de palavras masculinas se estiver subentendida
a expressão à moda de ou à maneira de: móveis
à Luís 15, filé à Chateaubriand. Também
se pode dizer Vou à João Mendes. Neste caso, está
subentendido o termo praça.
b)
A crase também deve ser usada em locuções adverbiais
com termos femininos: às vezes, às pressas, à
primeira vista, à medida que, à noite, à custa
de, à procura de, à proporção que, à
toa, à uma hora (uma é numeral e não artigo
indefinido). Nestes casos, a regra geral de substituir por palavra
masculina não funciona.
c)
Em outras locuções, como à vela, à bala,
à mão, à máquina, à vista o uso
da crase é optativo. Serve para esclarecer o sentido da frase.
Receber a bala pode significar receber a bala no corpo ou receber
os visitantes à bala. Aqui também não funciona
a regra geral de substituir por palavra masculina.
d)
Nomes de países ou cidades femininos que normalmente repelem
o artigo levam crase se estiverem qualificados: Voltou à
Roma de César; Viajou à bela Paris.
< e)
É possível usar crase em pronomes demonstrativos aquele,
aquilo, aquela, a, as: Ele não se referiu àquele deputado;
O presidente se dirigiu àquela casa; O padre nunca se adaptou
àquilo; A capitania de Minas Gerais estava ligada à
de São Paulo; Falarei às que quiserem me ouvir. Haverá
crase se houver necessidade do uso de preposição antes
do pronome.
crente - Não use para designar o fiel de qualquer religião
ou seita. Indique sempre a que igreja a pessoa pertence.
criar - Veja gerar.
crime - Ação ou omissão punida pela
lei. Não confunda com contravenção. Crime é
considerado mais grave que contravenção e é
punido com penas mais severas. Pode ser doloso ou culposo. Doloso,
quando o autor quis o resultado ou assumiu o risco de produzi-lo.
Culposo, quando o autor não quis o resultado mas deu causa
a ele por imprudência, negligência ou imperícia
-por exemplo, homicídio decorrente de acidente de trânsito
provocado por erro de motorista. Veja acusação criminal;
contravenção. Consulte também o anexo Jurídico.
crioulo - Nunca use para se referir a pessoas negras.
crise - Use com cuidado expressões como a pior crise
da história do país. Ao longo dos anos, todas as crises
políticas e econômicas têm sido assim classificadas.
crítica - Gênero jornalístico opinativo
que analisa e avalia trabalho intelectual ou desempenho: artes,
espetáculos, livros, competição esportiva,
discurso político, projeto ou gestão de administração
pública, trabalho acadêmico. É sempre assinada.
A
crítica deve ser fundamentada em argumentos claros. Quando
escrita por especialista, deve permanecer acessível ao leigo,
sem ser banal. Não deve conter acusação de
ordem pessoal. Lembre-se: o objeto da crítica é a
obra ou desempenho, e não a pessoa. Veja resenha.
crônica - Gênero em que o autor trata de assuntos
cotidianos de maneira mais literária que jornalística.
Pode ser também um pequeno conto. É sempre assinada.
culminar - Evite esta expressão como sinônimo
de terminar, que já se tornou um lugar-comum. Use-a apenas
no sentido literal de chegar ao ponto mais alto: A participação
do Brasil nas disputas da Copa Jules Rimet culminou com sua conquista
definitiva. Não: Culminando o espetáculo, o cantor
apresentou sua última canção.
"curriculum vitae" - Em latim, carreira da vida.
Escreva currículo.
curtir - Evite como gíria, exceto ao reproduzir declaração
textual. Veja declaração textual; gíria.
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Texto
Frases
Introdução
Como
consultar
Projeto
Folha
Produção
Edição
Anexos
Adendos
Bibliografia
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