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Rodrigo Zavala
Especial para o GD
Imagine-se em uma Unidade de Terapia
Intensiva dentro de um hospital. Se isso não for desagradável
o bastante, imagine-se nessa mesma UTI, sendo cumprimentado
pelo candidato a prefeito, Paulo Maluf - sem luvas, sem máscaras,
sem roupas apropriadas, sem convite.
Se isso ainda não é
suficiente, agora imagine toda a comitiva política
de dr. Paulo - inclua-se aí, fotógrafos e repórteres
– entrando na sala onde você está entubado.
Isso aconteceu com o paciente José Matias da Silva,
46, baleado durante um assalto. Surpreso pela visita, ele
ainda conseguiu balbuciar uma pergunta sobre segurança
e se a Rota vai estar na rua caso Maluf seja prefeito.
O candidato foi enfático em
responder que sim. Provavelmente por pura ignorância
do enfermo, que não sabe que a Ronda Ostensiva Tobias
Aguiar, da Polícia Militar – conhecida por suas
ações de violência excessiva – é
de responsabilidade do governo do estado.
No entanto, não foi a completa despreocupação
do candidato com o tratamento dos pacientes que fez os presentes
revirarem os olhos em escárnio. “Se eu não
tivesse estudado tanto para ser político e tivesse
me dedicado à ciência, uma hora dessas, eu estaria
bem próximo de descobrir a cura do câncer”,
disse Maluf, para espanto de todos. Argumentos que só
podem ser imaginados na boca de jovens embriagados ou humoristas
infames.
Não estamos falando aqui
do caráter do candidato, entenda-se. Mas sim do começo
do programa “Faço Tudo por Um Voto”, protagonizado
pelo eterno candidato nas eleições em que participa.
Seria engraçado, esse tipo de comportamento não
fosse o real câncer da democracia.
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