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Rodrigo Zavala
"Ele é tão
monstro que fez o delegado chorar. (...) Ai, se eu pudesse
fazer uma entrevista com o Xampinha... Ele iria virar linguiça.
(...) Viu Xampinha? Eu vou fazer uma entrevista com você,
vou mesmo. Se me deixarem, eu vou, mas eu vou armada. Eu saio
de lá e vou para a cadeia. Mas ele não fica
vivo”. Este absoluto destempero protagonizado pela apresentadora
Hebe Camargo foi ao ar na última segunda-feira em seu
programa.
De fato, a revolta toma conta de toda
a população frente a impressionante crueldade
nos hediondos assassinatos dos namorados Felipe Silva Caffé,
19, e Liana Friedenbach, 16, em Embu-Guaçu, na Grande
São Paulo. No entanto, Hebe Camargo erra – e
feio – ao apoiar o linchamento público e a famosa
“justiça pelas próprias mãos”.
Muito embora a apresentadora cometa
repetidas gafes em seu programa, principalmente quando fala
de assuntos tabus e promove políticos pouco confiáveis,
ela ainda é considerada pelo seu público como
exemplo. Um ícone da televisão brasileira, apesar
dos pesares.
Dito isso, fica mais do que claro
a responsabilidade da Sra. Hebe Camargo: o de não alardear
toda a grosseria de seus velhos preconceitos, abertos à
luz de destemperos ignorantes. Com o infame comentário,
a apresentadora se arrasta para o lado dos conhecidos exemplos
de lixo cultural, seus colegas Gugu, Ratinho e Faustão.
Por causa da declaração
de Hebe, a promotoria realizará uma "análise
contextual" do programa, segundo o promotor Carlos Cardoso,
assessor de direitos humanos da Procuradoria Geral de Justiça
do Estado. De acordo com ele, somente após a verificação
da fita será avaliada a possibilidade de instaurar
um processo contra a apresentadora, por ameaça ou apologia
ao crime.
Discussões sobre maioridade
penal devem ser feitas e acompanhadas por toda a sociedade.
Hebe, em seu programa, tem espaço suficiente para aclarar
grande parte de seu público. Porém, preferiu
usar seu “poder de fogo” para anunciar idéias
mais do que infelizes e que não levam a lugar nenhum.
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