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24/11/2004
São Paulo quase parando, o retrato do fim da gestão Marta

Faltando pouco mais de um mês para o fim do mandato, a atual equipe que comanda a Prefeitura de São Paulo sob a batuta de Marta Suplicy (PT) lembra aqueles times de futebol que já estão fora da disputa pelo título do campeonato e não demonstram muita disposição em campo nas últimas rodadas. Fornecedores, prestadores de serviço e, principalmente, a população sofrem com essa apatia da Prefeitura, que em nada lembra os meses anteriores às eleições de 3 de outubro, quando máquinas e operários passavam dias e noites finalizando túneis, canteiros e prédios.

Serviços básicos como os de varrição e vigilância, manutenção de creches e escolas, além de trabalhos para prevenção de enchentes e obras de calçadas e edifícios foram paralisados ou são tocados em ritmo lento.

O motivo é a falta de verba. A Prefeitura tem gastos maiores do que suas receitas e, segundo estimativa de especialistas, pode encerrar o ano com um rombo de R$ 1,2 bilhão, o que colocaria a prefeita Marta na mira das Leis de Responsabilidade Fiscal e de Crimes Fiscais. Se condenada, poderia perder seus direitos políticos e até ser presa. "Terminadas as eleições, as obras se estancaram por conta da falta de dinheiro, que aparentemente era abundante", disse o vereador Roberto Trípoli (PSDB).

O diretor do Sindicato Nacional das Empresas de Arquitetura e Engenharia Consultiva (Sinaenco), Antônio Rolim, vai mais longe e acusa a Prefeitura de, nos últimos três meses, usar truques contábeis para que não haja sinais de atraso nos pagamentos. Cerca de 30 empresas do sindicato prestam serviços ao Município e amargam atrasos médios de 60 dias. A estratégia é não enviar o pedido de liberação (PL) para o pagamento do serviço à Secretaria das Finanças, para que não apareça como dívida da Prefeitura. Dessa maneira, apesar de o atraso real existir, não consta da contabilidade.

Na tentativa de reduzir o problema contábil, a atual gestão vem cortando custos de onde pode. E os serviços terceirizados estão no topo desta lista.

Por exemplo: os piscinões, reservatórios de água apontados como a maior esperança de reduzir o número de enchentes na cidade, sofrem com a falta de manutenção. Visitados ontem pelo Estado, os Piscinões do Bananal e Guaraú, na zona norte, mais pareciam depósitos de lixo. Em plena temporada de chuvas, a população desses locais espera por providências da Prefeitura e teme por novas enchentes.

Na Vila Nova Cachoeirinha, o Piscinão Guaraú, em funcionamento desde 2002, ganhou o apelido de Pinicão. "Morar perto do piscinão virou referência ruim", disse o operador de telemarketing Rodrigo Moraes.

Os serviços de varrição e zeladoria das subprefeituras (capinagem, pintura de postes e calçadas, entre outros) também sofreram mudanças que chegaram a diminuir pela metade o número de equipes trabalhando nas ruas. Segundo a Prefeitura, trata-se de uma readequação dos contratos. Para empresas e trabalhadores, é redução mesmo.

Pela Metade
Empresas de limpeza consultadas pelo Estado confirmaram, pedindo anonimato, que houve redução de até 50% nos serviços.

Nas subprefeituras, um dos serviços com maior redução de atividade foi o de tapa-buraco. Segundo o coordenador de uma unidade da zona sul, a causa é uma só: falta de dinheiro. "Na nossa subprefeitura, é onde mais temos dificuldades", contou.

Uma mostra de que a Prefeitura jogou a toalha após as eleições é o Mercado Municipal, um dos xodós da prefeita que foi mostrado em horário nobre em comerciais de televisão no período eleitoral. O local foi inaugurado no dia 26 de agosto, apesar de sua reforma não estar concluída. O mezanino que abrigaria lanchonetes e restaurantes permanece vazio. E assim deve ficar até o próximo prefeito, José Serra, decidir o que será feito. Alguns banheiros também ficaram para depois.

Também a Avenida Rebouças (e Eusébio Matoso) não teve obras concluídas. As calçadas foram destruídas para a construção do túnel e corredores do Passa-Rápido e ainda não foram refeitas. "Visualmente, não mudou nada na obra. Está tudo num ritmo muito lento", disse ontem a presidente da Associação Rebouças Viva, Fernanda Bandeira de Mello.

A moradora Neuza Collaço, por sua vez, disse que não se vê nenhum movimento de obra, com operários e equipamentos no lugar. "Parece que a gente está fazendo um rally a pé quando anda por aqui", reclamou.

No início do atual mandato, a Prefeitura anunciou que construiria dois hospitais até o fim deste ano. Nos orçamentos estavam previstos os Hospitais do M'Boi Mirim, na zona sul, e o de Cidade Tiradentes, na zona leste. O primeiro começou a sair do papel no segundo semestre do ano. O segundo caminha a passos lentos.

A conclusão do prolongamento da Avenida Radial Leste também está na lista dos inaugurados, mas incompletos. O Paulistão (antigo Fura-Fila), vai ficar para a próxima gestão. Este ano deve terminar com R$ 78,8 milhões investidos no projeto, cujo primeiro trecho, de 3 quilômetros, está prometido para janeiro. Marta tinha decidido suspender as obras do Paulistão. Pouco antes das eleições, anunciou que as retomaria.

Em dificuldades financeiras, a Companhia de Engenharia de Tráfego (CET) suspendeu na semana passada o contrato com a empresa que faz a remoção de veículos. Deixaram de circular 50 guinchos e desde então o trabalho passou a ser feito exclusivamente pelos 15 veículos próprios da CET.

As notícias de interrupção ou atraso nos pagamentos começou a deixar até fornecedores que continuam recebendo em dia de cabelo em pé. É o caso das empresas que gerenciam radares na cidade. Entre elas, o clima é de preocupação. Já perto do fim do mês, a autorização para liberação de recursos para o pagamento de novembro não saiu.

 

IURI PITTA, BRUNO PAES MANSO,
BÁRBARA SOUZA, AMANDA ROMANELLI,
SILVIA AMORIM e MOACIR ASSUNÇÃO
do jornal O Estado de S.Paulo

   

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