A publicitária Patrícia Viotti, 44, resolveu dar um tempo em
sua carreira e desfez a sociedade que tinha numa bem-sucedida
empresa. Isso para se envolver apenas com a experiência
da maternidade. "Essa entrega é uma delícia."
Desde que se formou em direito, ela não sabia o que
é ficar sem trabalhar. Naquela época, o que
jogou para o alto foi o diploma de advogada, entregando-se
à publicidade. "Não era do que eu gostava."
Agora, vendeu sua participação na Conspiração,
uma premiada produtora de filmes, documentários e publicidade,
para esperar o casal de gêmeos, com chegada prevista
para agosto.
Quando engravidou, no ano passado, depois de tratamentos
hormonais, avaliou as viagens que teria de fazer, o estresse
das reuniões, os inevitáveis conflitos. "Tô
fora", declarou. Dedica-se, nesses dias, a ginástica,
natação, massagens e leituras —agregou
à sua biblioteca livros sobre ser mãe.
É uma experiência inusual também para
o pai, o publicitário Washington Olivetto, 52. Ao lado
da decisão afetiva, está em operação
uma reengenharia. É uma experiência e tanta para
um casal nessa idade ter filhos, ainda mais gêmeos.
A vida deles é dividida entre trabalho, jantares, recepções
e viagens dentro e fora do país.
"Vou ter de reaprender a ser pai de criança pequena
nessa altura da vida", diz Washington, que já
tem Homero, de 30 anos. Quando teve o filho, ele tentava,
caoticamente, combinar profissão com trabalho. "Levava-o
para tudo quanto é canto, até mesmo à
noite. Foi assim que Homero, desde criança, começou
a ouvir jazz, durante encontros noturnos." Eram outros
tempos, quando o projeto íntimo em que estava focado
era revirar a propaganda brasileira e se tornar um astro mundial.
Já não tem mais 20 e poucos anos, não
tem mais prêmios para ganhar, a situação
financeira está além de confortável.
Patrícia diz que ainda não sabe como vai lidar
com a ausência de trabalho, envolvida integralmente
com a maternidade. "Daqui a pouco, vou pensar em alguns
projetos e até abrir uma nova empresa." Não
faz a menor idéia de quando começará
a tocá-los. "Não estou com pressa."
Afinal, diz ela, chegar a essa idade e ter um filho é
a mais interessante experiência com a qual poderia lidar.
Esta coluna é publicada originalmente
na Folha de Online, na editoria Sinapse.
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