HOME | NOTÍCIAS  | SÓ SÃO PAULO | COMUNIDADE | CIDADÃO JORNALISTA | QUEM SOMOS


REFLEXÃO


Envie seu comentário

 

urbanidade
16/06/2004
Geração Segundo Andar

Pela primeira vez, Priscila Darot vai apresentar, amanhã à noite, suas criações numa das passarelas da São Paulo Fashion Week -um sonho de uma legião crescente de jovens seduzidos pelo glamour da moda. Nos seus 26 anos de idade, ela já perdeu, há tempos, algumas das ilusões juvenis. "Glamour é para quem vê desfiles só da platéia", avisa.

Curitibana que veio morar ainda menina em São Paulo, Priscila não perdeu o encanto pela moda, mas conhece todo o estresse por trás dos homens e das mulheres exuberantes que desfilam nas passarelas. Além dos bastidores do desfile, um corre-corre histérico, existem as dificuldades nada glamourosas da profissão de estilista de moda. "Noto como os jovens estão iludidos e resolvem viver da moda, impressionados apenas com o brilho das passarelas. Dá pena."

Quando saiu da faculdade de moda, ela logo aprendeu que a concorrência é enorme e, para a imensa maioria, o dinheiro é curto. "Ficam vendo aquelas mulheres e homens, os estilistas aplaudidos, as modelos milionárias, e imaginam que vão habitar um mundo de sonhos."

Há dias em que, segundo ela, é tanto trabalho e pressão que dá vontade de desistir. "Muitas vezes, não temos fim de semana nem feriado." Não desistiu porque, entre outras razões, conseguiu subir um andar na sua carreira. Ela faz parte da primeira geração de uma experiência batizada de 2nd Floor, um objeto de desejo para jovens numa cidade que, aos poucos, vai se firmando no design mundial.

Há dois anos, a Ellus resolveu abrir o segundo andar de sua loja para um seleto grupo de jovens expor suas criações. O espaço, de 200 m2, tornou-se, então, um misto de incubadora com sala de aula, loja e vitrine de talentos -isso no coração da Oscar Freire, a rua paulistana das grifes. A idéia deu certo e atraiu para lá gente como Priscila, que, na adolescência, não sabia se seguiria a carreira de artes plásticas ou a de moda. "Acabei juntando artes plásticas com moda."

A efervescência surtiu resultado a ponto de o segundo andar experimental da loja da Oscar Freire ganhar um desfile exclusivo amanhã, quando Priscila, entre outros jovens em início de carreira e ainda distantes do estrelato, terão motivos para sentir o encanto -mas, especialmente, o estresse- da passarela. A chance de irem para o "primeiro andar" está na razão direta do estresse que tiverem e do glamour que espectadores sentirem.


.Coluna originalmente publicada na Folha de S.Paulo, na editoria Cotidiano.

   
 
 
 

COLUNAS ANTERIORES
15/06/2004 Quem dançou na festa de Lula?
13/06/2004
O que temos a aprender com os gays
09/06/2004
À moda paulistana
07/06/2004
Se Maluf não acabou, São Paulo acabou
07/06/2004
Péssima notícia e uma ótima idéia
02/06/2004
Um som estrangeiro em Sampa
01/06/2004
Os professores precisam ser salvos
30/05/2004
Professor sabe-nada
28/05/2004
A escola de invenções de Ziraldo
24/05/2004
São Paulo não é um quintal do Brasil