Lágrimas no rosto, Marta
Suplicy disse que é vítima de preconceito por
ser mulher, o que explicaria, pelo menos em parte, a dificuldade
de sua aceitação em segmentos do eleitorado.
Há uma dose de verdade nisso.
Claro que, nesse momento, é mais fácil Marta
ficar botando culpa nos outros, a começar da imprensa,
do que nela própria.
Sua imagem de arrogância foi estimulada pelo fato de
que, em muitos momentos, e com muita gente, mostrou-se ríspida
e até mesmo descortês. Não teve, muitas
vezes, paciência de ouvir e de aceitar críticas.
Acredito, porém, que, entre outros vários fatores
que explicam seus problemas, há também preconceito
contra mulher.
Se fosse um homem a se separar de uma mulher, logo depois
de eleito, não teria tantos problemas como a prefeita
está tendo por causa do casamento com Luís Favre.
Também acho que seu jeito assertivo, desafiador, não
se encaixa, para muitos, no papel aguardado de uma mulher.
Some-se a isso que ela é rica, tem preocupação
quase obsessiva com a aparência, o que lhe dá
uma imagem no mínimo polêmica, identificando-a
com a elite.
O preconceito não é, nem de longe, o maior
fator para explicar os problemas da prefeita. Mas que existe,
existe. Se ela fosse mais habilidosa e humilde certamente
saberia enfrentá-lo melhor.
Coluna originalmente publicada na
Folha Online, na editoria Brasil.
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