Foram escolhidas na cidade de São
Paulo 51 escolas da rede municipal para indicar o nome de
bons alunos a fim de concorrer a uma seleção do Colégio Objetivo
--os vencedores ganhariam mensalidade gratuita, ajuda de custo
e cursinho pré-vestibular. O propósito explícito do colégio:
amealhar alunos superdotados. O propósito implícito: destacar-se
nos resultados do vestibular. Foram enviadas centenas de nomes,
submetidos a seleções realizadas por psicólogos e por pedagogos.
Muitos não passaram porque não eram tão bons alunos e não
exibiram desempenho acima da média nos testes de inteligência.
Uma boa parte dos que passaram desta fase não foram para
frente, porém, porque não tinham como pagar uma passagem de
ônibus para realizar os exames. Perderam, portanto, a chance
de ter apoio para desenvolver seus talentos.
Esse é apenas um ínfimo detalhe do principal desperdício
brasileiro --o desperdício de talentos. Nada deveria chamar
mais a atenção do país do que a quantidade de engenheiros,
médicos, advogados, arquitetos, pintores, que estamos deixando
de produzir, apenas por falta de apoio.
No lugar deles, nascem assaltantes, traficantes, seqüestradores.
Quanto mais inteligentes forem os cidadãos deixados de lado,
mais articulados e perigosos serão os criminosos e maior nossa
insegurança.
Isso é quanto pode custar uma simples passagem de ônibus.
Coluna originalmente publicada na
Folha Online, na editoria Pensata.
Ser traficante
é sinal de inteligência? Talvez
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