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solidariedade
17/06/2004
Albergue acolhe pessoas que não têm aonde ir e o que comer

Camiseta, calça e tênis. Era o que vestia a desempregada Rita de Cássia da Cruz Fávaro, de 28 anos, na noite de domingo para segunda-feira desta semana, a madrugada mais fria do ano em Curitiba. “Tirei tudo que podia, até a meia, para tentar aquecer as crianças”, conta. Na noite em que a temperatura chegou a - 0,1ºC, Rita e os cinco filhos (com idades entre 1 e 9 anos) dormiram embaixo do Viaduto do Colorado (próximo à Rodoferroviária). “Acomodei as crianças bem próximas umas das outras e coloquei minha jaqueta sobre os pés delas para que ficassem cobertos. Nunca vou esquecer daquela sensação, meus ossos ainda não pararam de doer. Parece um milagre estarmos vivos”, descreve.

Quando o dia amanheceu e Rita procurou um posto de saúde, foi encaminhada ao Albergue Municipal, da Fundação de Ação Social (FAS). “Chegamos aqui e já ganhamos café da manhã. Se soubesse que um lugar assim existia não teria deixado meus filhos na rua”, diz. Não é a primeira, nem deve ser a última pessoa em situação semelhante que procura o albergue. O local fica aberto o dia todo e recebe qualquer tipo de pessoa necessitada. “São famílias de migrantes, mulheres e crianças vítimas de violência, moradores de rua. Não fazemos distinção”, diz a gerente-geral da Central de Resgate Social, Marly Batista de Oliveira.

Quem procura o albergue (único da cidade que oferece este tipo de serviço) pode ficar até três dias e recebe roupas limpas, banho, quatro refeições e lugar para dormir. A capacidade máxima de atendimento é de cem pessoas, mas o maior movimento acontece no outono e inverno. No último domingo, 90 pessoas dormiram no local. “Há mais de um ano estamos voltando nosso trabalho para tentar dar um apoio maior a estas pessoas, não só um abrigo emergencial”, diz a gerente. É o que deve acontecer com Rita. Segundo ela, a noite na rua se deve a uma discussão com a dona da casa onde mora, que acabou em despejo. Saíram só com a roupa do corpo. “Já descobrimos que eles têm parentes em Araucária e estamos tentando contato. Vamos procurar vagas em creches e acompanhamento do Conselho Tutelar”, informa Marly.

Nem todos aceitam qualquer apoio além da estadia. São os chamados “crônicos”, pessoas que volta e meia aparecem ou são levadas pelas equipes do resgate social, que fazem o atendimento na rua. Abraão Teodoro, de 40 anos, já é conhecido. “Quando ele não vêm, alguém chama o resgate porque o encontra esticado, desmaiado na calçada”, conta Marly. Alcoólatra, o morador de rua diz que não pode parar de beber. “Quando a mão treme, preciso de uma cachaça. Mas hoje a vontade de dormir na cama foi maior”, conta, explicando que arranjar dinheiro para comprar uma garrafa da bebida a R$ 1,50 é fácil: “é só pedir na rua”.

Desestimular a prática da esmola é outro objetivo do resgate, que a considera uma das principais motivações para estas pessoas não mudarem de vida. “Nós vimos aqui situações muito tristes de pessoas que já desistiram de si mesmas. Somos como uma referência de alguém que acredita neles e por isso não podemos desanimar. É nesta época de frio, em que eles se vêm em casos extremos, que alguns acham motivação para tentar mudar sua realidade”, conta a psicóloga do resgate, Marlene Block.



As informações são da Gazeta do Povo, de Curitiba -PR.

 
 
 

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