Instabilidade
econômica faz disparar desemprego
A crise do dólar
pode levar o país a enfrentar índices de desemprego
recordes neste ano. É o que prevêem especialistas em
mercado de trabalho, se o real continuar se desvalorizando em ritmo
acelerado. Mesmo sem a crise do dólar, o Departamento Intersindical
de Estatísticas e Estudos Socio-Econômicos (Dieese)
acredita que a taxa média de desemprego na Grande São
Paulo, neste ano, já seria a segunda pior da história
- só melhor do que a de 99 (19,3%).
Por essa razão,
o recuo da taxa de desemprego no ABC em junho, por exemplo, passando
de 20% para 18,7% da População Economicamente Ativa
(PEA), não está acompanhada de grande otimismo. Divulgado
pelo Dieese, o dado empalidece frente a instabilidade econômica
e pode comprometer a recuperação do mercado no segundo
semestre.
Some-se a isso,
outra constatação: a redução do número
de desempregados deve-se mais à saída de pessoas do
mercado (10 mil) do que, propriamente, à criação
de empregos (nove mil novos postos). "Provavelmente, muita
gente desistiu de procurar (emprego)", comentou a gerente de
análises do Seade, Paula Montagner.
Os dados só
vêm a corroborar com estudos realizados pela Organização
Internacional do Trabalho (OIT). Para a instituição,
a "falência de um modelo econômico" que a
região seguiu nos anos 90, criará taxas recordes de
desemprego em toda a América Latina: pode chegar a 9,8% neste
ano, a maior taxa em três décadas.
Na crítica
ao processo de liberalização na região, a OIT
exemplifica com a situação das pequenas e médias
empresas, afetadas pela concorrência externa e pela falta
de apoio interno para melhorar sua competitividade. O que levou
a mais perda de emprego e menor capacidade para gerar demanda interna.
Leia
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Leia
também:
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- Desemprego na AL é recorde: 9,8%
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Desemprego
na AL é recorde: 9,8%
A OIT atribui problema à "falência de um modelo
econômico" que a região seguiu nos anos 90. O
desemprego na América Latina será recorde: pode chegar
a 9,8% neste ano, a maior taxa em três décadas. A estimativa
é da Organização Internacional do Trabalho
(OIT), baseada numa contração econômica maior
do que o previsto inicialmente.
A expectativa
de crescimento do PIB latino-americano para 2002 declinou de 1,5%
para menos 1,2%, por culpa da crise Argentina e seu efeito-contágio
no Brasil, Uruguai e México, segundo a OIT. A situação
neste ano será a pior sofrida pela América Latina
desde 1983, ano em que o PIB regional diminuiu 2,9%. No primeiro
trimestre, o PIB da região caiu 3,6% como resultado "dos
efeitos do ajuste recessivo que vários países estão
aplicando."
O resultado
será taxa de desemprego de 9,8%, com mais demissões
na Argentina, Venezuela e Brasil. A taxa será maior inclusive
do que as registradas em períodos de recessão generalizada,
como a crise da dívida externa (desemprego de 8,7%, em 1984),
a desvalorização mexicana (7,9%, em 1996) e a crise
asiática (pico de 8,9% em 1999). Nesse cenário, a
OIT considera que a recuperação econômica mundial
é uma condição necessária, mas não
suficiente, para reativar as economias latino-americanas, em 2002.
Tanto mais que haverá redução de investimentos
numa região que depende pesadamente de recursos externos.
A organização
atribui a atual conjuntura da região à "falência
de um modelo econômico que a maior parte do continente implementou
nos anos 90, em que a liberalização das economias
ocorreu em paralelo ao enfraquecimento das instituições
estatais que forneciam assistência social."
O que aconteceu
com a Argentina "é o resultado final de um processo
que conduz a menor crescimento e maior desemprego nos países."
Na crítica ao processo de liberalização na
região, a OIT exemplifica com a situação das
pequenas e médias empresas, afetadas pela concorrência
externa e pela falta de apoio interno para melhorar sua competitividade.
O que levou a mais perda de emprego e menor capacidade para gerar
demanda interna. Sobre o Brasil, considera que a elevação
do "risco país" se explica pela redução
no comércio com a Argentina, instabilidade provocada pelas
incertezas políticas e alto grau de endividamento público.
(Gazeta Mercantil
- 01/08/02)
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