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Moradores
de favelas cariocas rejeitam Lula
"O morador da favela se sente
envergonhado por causa do estigma social que cerca a comunidade
carente. Ele não valoriza o candidato com origem social similar
a dele porque ele próprio não valoriza a si mesmo".
É o que afirma Bernardo Sorj, professor titular de sociologia,
da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). O acadêmico
foi um dos coordenadores da pesquisa realizada pelo Instituto de
Estudos da Religião (Iser) em parceria com a ONG Viva Rio,
que concluiu: a origem humilde do candidato à Presidência
do PT, Luiz Inácio Lula da Silva, está longe de ser
um trunfo eleitoral entre a população carente do Rio.
De fato, o cruzamento de dados sócio-econômicos
reunidos pelo núcleo Favela, Opinião e Mercado, do
Iser, com as intenções de voto mostra que a rejeição
ao nome de Lula situa-se em torno de 25% nas classes B e C, que
englobam 75,4% da população das favelas. Entre a classe
D, que corresponde a 20,9% dos moradores de áreas carentes,
o percentual é idêntico. Ao todo, foram entrevistadas
866 pessoas, das quais 25,2% não votariam em Lula. O percentual
é quase igual à soma dos índices de rejeição
do tucano José Serra (14,8%) e do candidato do PSB, Anthony
Garotinho (12,5%).
O mais aceito é Ciro Gomes (PPS),
rejeitado por apenas 7,5% dos entrevistados. Nas favelas pesquisadas,
Garotinho tem 36,8% das intenções de voto, contra
19,7% obtidos por Lula e 12,7% de Ciro Gomes. O governista Serra
aparece na lanterna, com apenas 4,1% das preferências. Conforme
os dados coletados, a preferência por Garotinho é inversamente
proporcional ao grau de escolaridade do eleitor. É entre
os analfabetos e pessoas que não chegaram a completar a 4ª
série do ensino fundamental que o ex-governador tem o seu
melhor desempenho: 41%. Já entre os eleitores com curso superior
completo, o percentual de intenções de voto cai para
27,3%.
Leia mais:
- Pesquisa mostra que Lula tem maior taxa de rejeição
nas favelas do Rio
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Pesquisa
mostra que Lula tem maior taxa de rejeição nas favelas
do Rio
A origem humilde do candidato à Presidência do PT,
Luiz Inácio Lula da Silva, está longe de ser um trunfo
eleitoral entre entre a população carente do Rio.
Uma pesquisa do Instituto de Estudos da Religião (Iser) em
parceria com a ONG Viva Rio mostra que o ex-sindicalista é
o candidato com maior índice de rejeição entre
moradores de 37 favelas no município do Rio de Janeiro. Ao
todo, foram entrevistadas 866 pessoas, das quais 25,2% não
votariam em Lula. O percentual é quase igual à soma
dos índices de rejeição do tucano José
Serra (14,8%) e do candidato do PSB, Anthony Garotinho (12,5%).
O mais aceito é Ciro Gomes (PPS), rejeitado por apenas 7,5%
dos entrevistados.
"O morador da favela se sente
envergonhado por causa do estigma social que cerca a comunidade
carente. Ele não valoriza o candidato com origem social similar
a dele porque ele próprio não valoriza a si mesmo",
teoriza Bernardo Sorj, professor titular de sociologia, da Universidade
Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), e um dos coordenadores da pesquisa.
De fato, o cruzamento de dados sócio-econômicos reunidos
pelo núcleo Favela, Opinião e Mercado, do Iser, com
as intenções de voto mostra que a rejeição
ao nome de Lula situa-se em torno de 25% nas classes B e C, que
englobam 75,4% da população das favelas. Entre a classe
D, que corresponde a 20,9% dos moradores de áreas carentes,
o percentual é idêntico.
"A rejeição de Lula
é menor nas classes A e E, que estão presentes apenas
de forma residual nas favelas cariocas", explica Sorj, lembrando
que aproximadamente 70 milhões de habitantes vivem nas grandes
cidades brasileiras e, deste total, 20% moram em favelas. Para quem
se surpreende com o fato de os pesquisadores terem encontrado indivíduos
da classe alta morando em comunidades carentes, o sociólogo
esclarece: "O universo social da favela é muito heterogêneo".
Na verdade, o típico morador da favela não está
em nenhum dos dois extremos da escala social: a classe A corresponde
a 0,1% dos seus moradores e a B, a 0,9%.
Segundo o estudo, a população
carente no Rio é composta majoritariamente por indivíduos
das classes B (24,1%) e C (51,3%). A metodologia utilizada foi o
chamado Critério Brasil, sistema adotado pela Associação
Nacional de Empresas de Pesquisa que leva em conta o acesso a bens
de consumo. Pelo Critério Brasil, a renda familiar média
da chamada classe C é de R$ 844. Já a classe B encontra-se
dividida entre B1 (renda média de R$ 2,444 mil) e B2 (R$
1,614 mil).
Nas favelas pesquisadas, Garotinho
tem 36,8% das intenções de voto, contra 19,7% obtidos
por Lula e 12,7% de Ciro Gomes. O governista Serra aparece na lanterna,
com apenas 4,1% das preferências. Conforme os dados coletados,
a preferência por Garotinho é inversamente proporcional
ao grau de escolaridade do eleitor. É entre os analfabetos
e pessoas que não chegaram a completar a 4ª série
do ensino fundamental que o ex-governador tem o seu melhor desempenho:
41%.
Já entre os eleitores com curso
superior completo, o percentual de intenções de voto
cai para 27,3%. Na avaliação de Sorj, mesmo tendo
uma origem humilde, o candidato do PSB não é visto
da mesma forma que Lula nas favelas. "Garotinho não
tem curso superior completo mas a escolaridade dele (médio
incompleto) é maior que a de 63% dos moradores de comunidades
carentes, que não têm o ensino fundamental completo",
diz o pesquisador. "Além disso, ele é branco
e trabalha como comunicador. A pessoa da favela não identifica
nele um igual". A pesquisa do Iser foi realizada entre 10 e
22 de julho, e tem margem de erro de 3,41% para mais ou para menos.
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