Dinheiro
é mais valorizado que "ócio criativo"
Os livros do
sociólogo italiano Domenico de Masi podem vender muito, mas
na prática a teoria é outra: as pessoas preferem dinheiro
a tempo livre.
Uma pesquisa
em 30 países feita pelo instituto norte-americano Roper Starch
Worldwide mostrou que, no geral, 52% dos entrevistados preferem
ganhar mais e 40% a ter mais tempo para lazer.
O país
mais "ganancioso", com 71% de preferência por maiores
salários, foi a Rússia. Na outra ponta está
a Índia: dois terços da população preferem
ter mais tempo, índice que se repete em outros países
asiáticos mais pobres, como Filipinas e Vietnã.
O coordenador
da pesquisa, Tom Miller, acredita que esses dados refletem, por
um lado, a transição russa para o capitalismo e por
outro, a resistência dos asiáticos em mudar seus hábitos
culturais, que valorizam uma vida mais tranqüila e não
dão importância ao dinheiro.
O Brasil é
o oitavo no ranking dos que preferem mais dinheiro, com 59%, um
percentual maior que Estados Unidos (57%), Alemanha (55%) e Japão
(53%). Em compensação, os brasileiros ficaram atrás
dos franceses (que vêm logo atrás dos russos, com 63%),
canadenses e britânicos e argentinos.
(Folha
de S.Paulo)
Leia
mais:
- 46,4% dos brasileiros fazem hora extram
Dinheiro
é mais valorizado que tempo livre
Se pudesse escolher,
você gostaria de ter mais tempo livre ou mais dinheiro do
que tem hoje? Segundo uma pesquisa feita em 30 países pelo
instituto norte-americano Roper Starch Worldwide, a grande maioria
das pessoas prefere mais dinheiro.
A falta de tempo
para lazer, se não deixa de incomodar as pessoas, parece
ser menos sentida que a falta de dinheiro. No geral, 52% dos entrevistados
disseram que escolheriam ter mais dinheiro, enquanto 40% disseram
preferir mais tempo.
A Rússia
foi o país que teve o maior índice de "amantes
do dinheiro": 71%. Foi também o país com o menor
índice de preferência por mais tempo (13%).
Para o coordenador
da pesquisa, Tom Miller, diretor de operações internacionais
do Roper Starch, a explicação para o resultado parece
estar na transição russa no período pós-comunismo.
"Eu acho
que hoje em dia os russos prezam muito o dinheiro porque estão
muito mais atentos à forma como vivem os ocidentais e, por
isso, estão consumindo mais", disse Miller à
Folha.
Na outra ponta,
aparecem Índia e Filipinas como os países nos quais
os entrevistados disseram preferir mais tempo que dinheiro, com
66% das respostas. Filipinas e Tailândia tiveram o menor índice
de preferência por mais dinheiro (27%).
Brasil prefere
o dinheiro
Entre os 30 países, o Brasil aparece em nono entre os que
escolheram ter mais dinheiro, com 59%. Os outros 41% dos brasileiros
disseram preferir mais tempo.
A proporção
de brasileiros que prefere ter mais dinheiro é maior que
a verificada em muitos países desenvolvidos, como Estados
Unidos (57%), Alemanha (55%) e Japão (53%). França
(63%), Canadá (61%) e Reino Unido (60%), porém, aparecem
à frente do Brasil na lista.
Entre os países
latino-americanos pesquisados, os brasileiros só perdem para
a vizinha Argentina (62%) em preferência pelo dinheiro.
Comparando as
cinco principais regiões pesquisadas (América do Norte,
América Latina, Europa Ocidental, Europa Oriental e Ásia/Pacífico),
os países da Europa Oriental aparecem como os que menos preferem
ter mais tempo, com 26% das respostas.
O maior índice
de preferência por tempo é de 49%, nos países
asiáticos e do Pacífico. Na América Latina,
o índice é de 43%.
Razões
culturais
O que mais chama a atenção na pesquisa é a
proporção de países pobres, principalmente
asiáticos, entre os que preferem mais tempo do que mais dinheiro.
Entre os 10
países com maior índice de preferência por mais
tempo, 6 são asiáticos. E há apenas um país
desenvolvido (Austrália).
"Nos países
pobres, principalmente os asiáticos, há uma sensação
de que os velhos hábitos culturais, que significavam uma
vida mais tranquila, estão mudando
rápido demais, o que explica essa preferência por mais
tempo ao invés de mais dinheiro", diz Miller.
"Na filosofia
hindu, por exemplo, o tempo é muito mais valorizado que o
dinheiro, e é por isso que a Índia está na
ponta da lista entre os que preferem mais tempo", afirma.
Estudo pode
orientar campanhas
A
identificação da preferência por mais tempo
livre ou por mais dinheiro pode orientar campanhas de marketing
ou a confecção de produtos, atendendo ao desejo específico
do público.
"Nos países
em que houve a identificação de uma preferência
por mais tempo, as indústrias podem desenvolver produtos
que façam as pessoas economizarem tempo", diz Tom Miller,
coordenador da pesquisa e diretor de operações internacionais
do Roper Starch Worldwide Institute, com sede em Nova York.
"No caso
oposto, podem ser criados produtos para quem preza a economia de
dinheiro", diz.
O Roper Starch
existe há 75 anos e é especializado em pesquisas de
mercado e de opinião pública e em análises
de mídia.
Entrevistas
Para a pesquisa sobre a preferência entre mais tempo e mais
dinheiro, foram feitas 30 mil entrevistas pessoais -mil em cada
um dos 30 países pesquisados- com consumidores entre 13 e
65 anos, entre novembro de 1999 e fevereiro deste ano.
"A base
talvez não fosse significativa para uma pesquisa política,
mas é totalmente válida para uma pesquisa de mercado",
diz Tom Miller.
Segundo ele,
o resultado do estudo pode ser projetado para uma população
de 1,4 bilhão, o que significa 23% de toda a população
mundial, que é de 6 bilhões. A margem de erro da pesquisa
é de 4 pontos percentuais, para mais ou para menos.
(Folha de S.Paulo
- Rogério Wasserman)
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