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Metade
dos latino-americanos vivem em situação de pobreza
Estudo da Comissão
Econômica para América Latina e Caribe (Cepal) em 17
países, revela que, em 1999, 76 milhões de latino-americanos
viviam com menos de US$ 1 por dia e outros 175 milhões viviam
com menos de US$ 2 diários. Isto significa que 43,8% da população
da região naquele ano se encontravam em situação
de pobreza - 18,5% dela abaixo da linha da pobreza. No Brasil, por
exemplo, 29,9% dos lares estavam abaixo da linha da pobreza em 1999,
o que significavam 37,5% da população, segundo o estudo.
Em Honduras, por exemplo, no mesmo período, o número
de lares nesta situação era de 74,3%, o que representava
79,7% da população.
A pesquisa considerou
pobres famílias que vivem em residências com pouco
acesso a água potável e se distribuem em grupos de
três pessoas, em média, por cômodo. Os chefes
dessas famílias têm em média menos de três
anos de estudo - o que acaba fazendo com que seus filhos também
tenham baixo grau de escolaridade e entrem cedo no mercado trabalho.
O número
de lares sustentados por mulheres continuou em crescimento na América
Latina durante a década de 90. Em 1998, por exemplo, a Nicarágua
e a República Dominicana eram os países com o maior
número de lares encabeçados por mulheres: 35% e 31%,
respectivamente. Ao mesmo tempo, nestes lares, a incidência
de pobreza é maior: na Costa Rica e na República Dominicana,
mais da metade dos lares pobres eram encabeçados por mulheres.
No Brasil, em 1999, as mulheres chefiavam 24% dos lares pobres.
Embora os esforços
em reduzir a pobreza surtiram algum efeito (entre 1997 e 1999, o
número de lares pobres teve uma redução de
35,5% para 35,3%, enquanto a porcentagem de indigência passou
de 14,4% para 13,9%), o crescimento dos investimentos sociais não
foi suficiente para atender às necessidades da população.
O nível de desemprego na região aumentou de menos
de 6% para 9% durante os anos 90, sendo que o número de desempregados
passou de 7,6 milhões, em 1990, para 18,1 milhões
em 1999.
(O
Globo)
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Um
continente de miseráveis
O estudo "Panorama
social da América Latina 2000/2001", elaborado pela
Comissão Econômica para América Latina e Caribe
(Cepal) em 17 países, revela que, em 1999, nada menos que
76 milhões de latino-americanos viviam com menos de US$ 1
por dia e outros 175 milhões viviam com menos de US$ 2 diários.
Isto significa que 43,8% da população da região
naquele ano se encontravam em situação de pobreza
- 18,5% dela abaixo da linha da pobreza. No Brasil, por exemplo,
29,9% dos lares estavam abaixo da linha da pobreza em 1999, o que
significavam 37,5% da população, segundo o estudo.
As estatísticas
oficiais brasileiras, entretanto, diferem das apresentadas pela
Cepal. De acordo com o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada
(IPEA), o número de pobres no país em 1999 representava
34% da população. Levando em conta 155 milhões
de habitantes, os pobres brasileiros eram cerca de 53 milhões.
O perfil da
pobreza no continente, segundo o estudo da Cepal, é o de
famílias que vivem em residências com pouco acesso
a água potável e se distribuem em grupos de três
pessoas, em média, por cômodo.
A pobreza acompanha
a falta de instrução na região. Segundo o relatório
da comissão, os chefes dessas famílias têm em
média menos de três anos de estudo - o que acaba fazendo
com que seus filhos também tenham baixo grau de escolaridade
e entrem cedo no mercado trabalho.
Ainda segundo
a Cepal, em Honduras, no mesmo período, o número de
lares nesta situação era de 74,3%, o que representava
79,7% da população.
Cresce influência
das mulheres
A Cepal revela, no entanto, que os esforços dos países
para reduzir seus níveis de pobreza tiveram efeito: entre
1997 e 1999, o número de lares pobres teve uma redução
de 35,5% para 35,3%. A porcentagem de indigência passou de
14,4% para 13,9%. Mesmo assim, o número de pobres cresceu
de 204 milhões para 211 milhões no mesmo período,
por causa do crescimento demográfico nos países.
O estudo da
comissão mostra que o número de lares sustentados
por mulheres continuou em crescimento na América Latina durante
a década de 90.
Em 1998, por
exemplo, a Nicarágua e a República Dominicana eram
os países com o maior número de lares encabeçados
por mulheres: 35% e 31%, respectivamente.
Ao mesmo tempo,
nestes lares, a incidência de pobreza é maior: na Costa
Rica e na República Dominicana, mais da metade dos lares
pobres eram encabeçados por mulheres. No Brasil, em 1999,
as mulheres chefiavam 24% dos lares pobres.
A Cepal destacou
os esforços de países como Brasil, Chile e Panamá,
que reduziram os níveis de pobreza em mais de dez pontos
percentuais durante a década. Entre 1991 e 2000, os três
países conseguiram obter crescimentos econômicos anuais,
por habitante, de 1,2%, 5% e 2,6%, respectivamente.
Já Costa
Rica, Guatemala e Uruguai conseguiram queda entre cinco e dez pontos
percentuais no número de lares pobres. No entanto, na Venezuela,
por exemplo, a porcentagem de lares pobres passou de 22%, em 1981,
para 34% em 1990, chegando hoje ao patamar de 44%.
De acordo com
o estudo, a redução da pobreza foi o resultado do
aumento dos gastos sociais destes países, que cresceram 50%
durante a década passada. Isso significa que os recursos
desembolsados pelos governos, por habitante, passaram de uma média
de US$ 360, em 1990, para US$ 540, em 1999.
O aumento nestes
gastos, segundo análise da Cepal, ocorreu por causa da recuperação
das taxas de crescimento dos países durante o período
e da decisão dos governos de aumentar os investimentos na
área social.
O Brasil, por
exemplo, conseguiu aumentar seus gastos sociais de US$ 786 por habitante,
em 1997, para US$ 1.011 em 1999 - de acordo com a cotação
da moeda americana na ocasião. Já a Argentina subiu
estes gastos de US$ 1.211 para US$ 1.687 no mesmo período.
A Venezuela, por sua vez, reduziu seus gastos de US$ 337 para US$
313.
Gastos sociais
foram insuficientes
O trabalho da Cepal destaca, no entanto, que o crescimento dos investimentos
sociais não foi suficiente para atender às necessidades
da população. O nível de desemprego na região
aumentou de menos de 6% para 9% durante os anos 90, sendo que o
número de desempregados passou de 7,6 milhões, em
1990, para 18,1 milhões em 1999.
Além
disso, a qualidade dos empregos diminuiu nos 17 países analisados:
durante a década, sete de cada dez novos postos de trabalho
na América Latina foram criados no setor informal. A taxa
de desemprego no Brasil em 1999 era de 7,6%, enquanto na Argentina
este percentual era de 14,3%.
Para os técnicos
da Comissão Econômica para América Latina e
Caribe, a atual desaceleração da economia poderá
comprometer a intenção dos países latino-americanos
de reduzir pela metade a pobreza na região até o ano
2015. Isso porque estes países teriam que obter uma taxa
de crescimento econômico de, pelo menos, 2,3% por ano.
A economia brasileira,
por exemplo, só deverá ter um crescimento de 2% do
Produto Interno Bruto este ano, de acordo com as mais previsões
divulgadas dos técnicos do Banco Central nos últimos
dois meses. Os analistas de mercado, no entanto, estão mais
pessimistas e prevêem um crescimento ainda menor: 1,6% do
PIB para 2001 e de 2,5% para 2002.
(O Globo)
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