Violência
consome 10% do PIB brasileiro
Enquanto o governo
gasta fortunas para reduzir os índices de criminalidade no
país, os cidadãos, por sua vez, também investem
em seguranças, alarmes e defesa pessoal. A conta, segundo
cálculo do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID),
chega a 10, 5% do Produto Interno Bruto (PIB) do país, ou
seja, 105 bilhões de reais. Isso é mais do que toda
a riqueza produzida num país como o Chile.
Para chegar
a esse valor, os técnicos do BID usaram informações
dos últimos anos da década de 90, relativas a gastos
com prejuízos materiais, tratamento médico e horas
de trabalho perdidas das vítimas. O estudo também
aponta o crescimento econômico como o caminho mais curto para
se diminuir a violência. Na década de 90, o PIB americano
cresceu cerca de 7% ao ano. No mesmo período, a taxa de criminalidade
caiu 12% ao ano.
Só a
segurança privada custa ao Brasil cerca de R$ 18 bilhões
anuais. Muito para um país que destinou este ano R$ 21 bilhões
de seu Orçamento às Forças Armadas, responsáveis
pela segurança do território nacional. Apostando na
indústria do medo, a segurança particular já
emprega cerca de 700 mil homens oficialmente. Outros 800 mil trabalham
de forma clandestina. No total, quase cinco vezes o efetivo de Exército,
Marinha e Aeronáutica que, juntos, somam 323 mil militares.
Especialistas
reservam críticas ao modo como esse montante é gasto,
especialmente no que se refere à segurança particular.
" Se o cidadão que se isola atrás de um muro
investisse em ações sociais numa favela, estaria ajudando
mais," acredita Ignácio Cano, do Instituto de Estudos
da Religião (Iser).
(O
Globo)
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Violência
provoca gastos de R$ 105 bi no Brasil
Tanto na esfera
pública como na particular, a violência atingiu em
cheio o bolso do brasileiro. Enquanto governos gastam fortunas para
tentar reduzir os índices de criminalidade - como os 40 homicídios
por cem mil habitantes, índice de países em guerra
- cidadãos contratam seguranças, instalam alarmes,
aprendem defesa pessoal. Somados os dois lados, a conta chega a
10,5% do Produto Interno Bruto (PIB), segundo cálculo do
Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID). Traduzindo em reais,
R$ 105 bilhões. Mais do que toda a riqueza produzida num
país como o Chile.
Para chegar
aos R$ 105 bilhões, os técnicos do BID usaram informações
dos últimos anos da década de 90, relativas a gastos
com prejuízos materiais, tratamento médico e horas
de trabalho perdidas das vítimas. O trabalho só ficou
pronto no fim do ano passado.
- O Brasil está
perdendo centenas de Bill Gates para a violência - diz o economista
Richard Herson, do projeto Brasil.com, da Federação
das Indústrias do Rio de Janeiro (Firjan), numa referência
aos jovens assassinados no país.
O pesquisador
do Instituto de Estudos da Religião (Iser) Ignácio
Cano diz que, se as pessoas que investem na própria segurança
destinassem parte desses recursos para projetos sociais, o país
gastaria menos com a repressão:
- Se o cidadão
que se isola atrás de um muro investisse em ações
sociais numa favela, estaria ajudando mais.
O estudo do
BID aponta o crescimento econômico como o caminho mais curto
para se diminuir a violência. Na década de 90, o PIB
americano cresceu cerca de 7% ao ano. No mesmo período, a
taxa de criminalidade caiu 12% ao ano.
- Com o que
se gasta em penitenciárias, dava para reformar todas as escolas
do país - diz o economista Ib Teixeira.
Só a
segurança privada custa ao Brasil cerca de R$ 18 bilhões
anuais. Muito para um país que destinou este ano R$ 21 bilhões
de seu Orçamento às Forças Armadas, responsáveis
pela segurança do território nacional. Apostando na
indústria do medo, a segurança particular já
emprega cerca de 700 mil homens oficialmente. Outros 800 mil trabalham
de forma clandestina. No total, quase cinco vezes o efetivo de Exército,
Marinha e Aeronáutica que, juntos, somam 323 mil militares.
- Uma pesquisa
do Ipea estimou que, em 1995, existia um milhão de vigilantes
particulares, o que correspondia a 1,4% da população
ocupada no país e quase o dobro dos trabalhadores de segurança
pública - diz o economista Daniel Cerqueira, do Instituto
de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea).
A violência
acaba sendo uma barreira para investimentos estrangeiros no país,
segundo o Banco Mundial. De acordo com um documento do banco, roubos
e assaltos crescem 15% ao ano em São Paulo, cidade que tem
uma taxa de homicídios 6,4 maior do que Nova York ou Lisboa.
O documento se baseou na análise da Control Risk Group, uma
empresa de consultoria americana.
Risco para as
empresas, risco para os cidadãos. Federações
de lutas marciais registraram crescimento de cerca de 60% na procura
por cursos nos últimos cinco anos. No caso da luta krav-magá,
os números são ainda mais espantosos. Há dez
anos, quando ela chegou ao Brasil, havia um professor e seis alunos.
Hoje são quatro mil alunos.
- Fui assaltado
e não tive como reagir. Busquei uma maneira de me proteger
- diz o aluno Rodrigo Mello, de 19 anos.
(O Globo)
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