Aposentadoria
pública sustenta 25% dos lares brasileiros
Os especialistas
em previdência privada costumam dizer que é possível
a um aposentado manter o mesmo padrão de vida dos tempos
da ativa com uma receita 60% menor. No entanto, pesquisa realizada
Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) mostra que
essa conta talvez precise ser refeita. O levantamento descobriu
que, dos 47 milhões de famílias brasileiras, 12 milhões
são mantidas com a renda da aposentadoria pública.
Ou seja, os
mais velhos estão pagando as contas dos mais jovens - e não
apenas as próprias despesas. Na comparação
com um levantamento semelhante feito nos anos 80, registrou-se um
crescimento de 30% no total de famílias nessa situação.
Por trás dessa realidade está um conjunto de características
do mercado de trabalho. Como as aposentadorias pagas pelo INSS são
baixas (em média 305 reais), muitos idosos não podem
parar de trabalhar. De acordo com a pesquisa, de cada dez pessoas
acima dos 60 anos, seis sustentam a casa e três ainda trabalham.
Por outro lado,
os mais jovens estão tentando arrumar emprego num mercado
cada vez mais competitivo. Quando não conseguem, mostram
os estudos, correm para a casa do papai - ou do vovô. Por
isso, os idosos arcam com boa parte do orçamento e, às
vezes, com sua totalidade. Em muitas cidades do Nordeste, o dinheiro
dos velhinhos do INSS é mais do que apenas a fonte de recursos
de sua família. Ele é o motor que faz funcionar a
economia local.
Leia
mais:
- O vovô virou papai
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O
vovô virou papai
Os especialistas
em previdência privada costumam dizer que é possível
a um aposentado manter o mesmo padrão de vida dos tempos
da ativa com uma receita 60% menor. Isso porque muitas despesas
ligadas ao exercício da profissão (como roupas e gasolina)
e outras associadas à juventude (almoços e jantares
no restaurante) acabam sendo deixadas de lado. Pois saiu um estudo
mostrando que essa conta talvez precise ser refeita. O trabalho
foi realizado pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada
(Ipea) e levou em consideração o destino que os aposentados
dão ao dinheiro que recebem.
O levantamento
descobriu que, dos 47 milhões de famílias brasileiras,
em 12 milhões são os idosos que mantêm a casa
com a renda da aposentadoria. Ou seja, os mais velhos estão
pagando as contas dos mais jovens - e não apenas as próprias
despesas. Na comparação com um levantamento semelhante
feito nos anos 80, registrou-se um crescimento de 30% no total de
famílias nessa situação. "Os idosos que
gostariam de ter reduzido seus gastos foram surpreendidos",
afirma Ana Amélia Camarano, coordenadora da pesquisa e diretora
de Estudos Sociais do Ipea. "Eles se viram diante do compromisso
de sustentar até mesmo netos, em alguns casos."
Por trás
dessa realidade está um conjunto de características
do mercado de trabalho. Como as aposentadorias pagas pelo INSS são
baixas (em média 305 reais), muitos idosos não podem
parar de trabalhar. De acordo com a pesquisa, de cada dez pessoas
acima dos 60 anos, seis sustentam a casa e três ainda trabalham.
Por outro lado, os mais jovens estão tentando arrumar emprego
num mercado cada vez mais competitivo. Quando não conseguem,
mostram os estudos, correm para a casa do papai - ou do vovô.
Por isso, os
idosos arcam com boa parte do orçamento e, às vezes,
com sua totalidade. Em muitas cidades do Nordeste, o dinheiro dos
velhinhos do INSS é mais do que apenas a fonte de recursos
de sua família. Ele é o motor que faz funcionar a
economia local.
Com a exceção
dos países da África devastados pela Aids, as pessoas
estão vivendo mais tanto nas nações pobres
quanto nas ricas. Na Índia do início do século
passado, morria-se pouco depois dos 20 anos, em média. Na
virada deste século, já se vivia até os 60
- um ganho de 200%. No Japão, a população com
mais de 65 anos equivale a um sexto do total de habitantes e será
um quarto em dez anos. Não foi diferente no Brasil, onde
a expectativa de vida é de 69 anos, quase 50% mais que na
metade do século passado.
O sociólogo
paulista José Pastore escreveu certa vez um artigo relatando
a conversa que teve com amigos em torno das maiores conquistas do
século XX. Entre as respostas, citaram-se o automóvel,
o avião, a penicilina, a televisão, a internet. "Na
minha vez de falar, disse que considerava o alongamento da vida
humana a mais fantástica conquista", escreveu. A conquista
é fantástica, sem dúvida. E os mais velhos
estão agora aprendendo que ela tem um preço.
(Veja)
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