Ampliam-se
iniciativas de luta contra o trabalho infantil
Apesar das comemorações
da queda de 19% do percentual de crianças e adolescentes que trabalham
(entre 1995 e 1999), um estudo solicitado pelo Unicef (Fundo das Nações
Unidas para Infância) jogou um balde de água fria nos festeiros de
plantão. "A queda deve ser atribuída mais à dificuldade
de ingresso no mercado de trabalho do que à eficácia das políticas
oficiais", diz o sociólogo Carlos Amaral, um dos coordenadores da
pesquisa.
De 1996 a 1999, o número
de adolescentes ocupados reduziu-se em 11,2%,enquanto que a taxa de atividade
desse segmento caiu 2,8%. Segundo especialistas, programas como o Bolsa Escola
e o Peti (Programa de Erradicação do Trabalho Infantil) são
insuficientes, exigindo um tripé de ações do governo, de
empresários e da sociedade civil.
Algumas empresas já
perceberam a importância do problema, e criaram projetos cujo intuito é
garantir educação, cidadania e condições econômicas
mínimas para essa parcela da população. Assim, conciliam
o acesso à escola e fonte de renda.
A Fundação
Abrinq conseguiu sensibilizar um setor que empregava um significativo contingente
de crianças. Em 1996, a entidade formulou pactos firmados em quatro setores
de produção - álcool, suco de laranja, fumo e calçados,
conseguindo praticamente erradicar o trabalho infantil nessas áreas.
O Ministério do Trabalho
publicou em fevereiro uma portaria contendo uma lista de 81 serviços perigosos
ou insalubres para menores de 18 anos. Ela regulamenta a aplicação
da Convenção 182 da Organização Internacional do Trabalho
(OIT) sobre as piores formas de trabalho infantil.
Apesar de positivo, para
o Estado ainda há muito que fazer. Apesar do recente alarde sobre o programa
Bolsa Escola, do Governo Federal, que irá complementar a renda familiar
com R$15 (desde que os pais de baixa renda prontifiquem-se a deixar seus filhos
na escola), a iniciativa corre o risco de não ser atraente, principalmente
nos grandes centros urbanos.
Em reportagem publicada
no último dia 25, o jornal O Estado de S. Paulo encontrou crianças
e adolescentes, menores de 14 anos, que trabalhavam e não freqüentavam
a escola. Entretanto, indagados sobre a possibilidade de trocar o trabalho pela
bolsa-escola preferiram permanecer como estão. Motivo: chegam a ganhar
até R$20, por dia bem mais do que suas famílias receberiam caso
recorressem ao programa governamental.
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(O Estado de S. Paulo)
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