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Semana de 01.04.02 a 07.04.02

 

Economista aponta mais um ano difícil para o trabalhador

O crescimento, otimista, de 2,5% projetado para o Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro pelo governo, pelo Fundo Monetário Internacional (FMI) e pela média dos analistas não será suficiente para que a economia absorva os cerca de 1,5 milhão de pessoas que devem ingressar no mercado de trabalho este ano. De acordo com cálculos do economista João Sabóia, professor do Instituto de Economia da UFRJ, essa taxa de expansão garante, no máximo, o surgimento de 1,103 milhão de postos. Ou seja, haveria um déficit de 397 mil vagas.

Isso significa que, por mais um ano, o desempenho da economia brasileira não será capaz sequer de manter inalterada a situação do mercado de trabalho, isto é, acomodar quem chega e deixar estável o número de pessoas ocupadas e desempregadas. Segundo Sabóia, para isso seria necessária uma expansão de 3,4% do PIB. Só a partir dessa taxa de crescimento o país poderia realmente criar oportunidades de trabalho e reduzir o número de desocupados.

Enquanto isso, o aumento do salário-mínimo para R$200 promove uma melhora na economia informal. Apesar do governo insistir que o salário-mínimo só é usado para reajustar os benefícios previdenciários, pois perdeu importância para o mercado de trabalho, no Rio, 38% dos trabalhadores informais ganham o piso salarial; em São Paulo, são 35% deles.

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Anel de desigualdade cerca centro rico de SP

São Paulo é uma cidade tão desigual quanto o Rio. Metade de seus moradores vive em domicílios cujo chefe ganha até R$ 700, o que equivale a 47% da renda média da cidade, de R$ 1.480. No Rio, essa proporção é praticamente a mesma: 48%. A grande diferença entre as duas capitais é a distância geográfica entre ricos e pobres.

Em solo carioca, qualquer turista pode observar o contraste entre os morros e os prédios da zona sul. Em São Paulo, quem visita exclusivamente os bairros centrais ricos ou a extrema periferia pobre não enxerga esse grau de desigualdade, pois essas são regiões com razoável homogeneidade no padrão de vida de seus habitantes.

A desproporção entre riqueza e pobreza torna-se mais visível em um cinturão de distritos que estão no meio do caminho entre um extremo e outro da cidade. São locais próximos o bastante da região central para ainda serem atraentes aos mais ricos, mas que misturam edifícios de alto padrão com construções de baixa renda, favelas ou cortiços em quantidade suficiente para fazer crescer as estatísticas de desigualdade.

É o que mostra estudo feito pela Folha com base nos dados socioeconômicos do Censo 2000 que foram divulgados até agora pelo IBGE (Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).

No mapa, elaborado pelo Geoscape (www.geoscape.com.br) a pedido da reportagem, os distritos paulistanos estão pintados de acordo com o grau de desigualdade interna. Os que estão em marrom, vermelho e laranja têm maior diferença de renda. Nos que estão em verde, existe mais homogeneidade, seja ela na riqueza ou na pobreza.

Ao sul, a fronteira entre os bairros ricos e os pobres é demarcada por distritos como Vila Andrade, Santo Amaro e Jabaquara. À leste, por Vila Prudente, Vila Formosa e Água Rasa. Ao norte, por Casa Verde, Vila Guilherme e São Domingos. À oeste, por Jaguaré, Rio Pequeno e Vila Sônia, entre outros distritos. Em todos esses casos, a metade mais pobre dos chefes de família alcança menos de 60% da renda média do distrito.

O caso mais marcante é o de Vila Andrade. Lá 50% dos responsáveis pelo domicílio têm renda de até R$ 800 por mês, enquanto a renda média dos chefes vai a R$ 3.383. Colocado de outra forma, a soma dos rendimentos mensais da metade de baixo da pirâmide (R$ 8,4 milhões) é menos de um quarto da renda total da metade superior (R$ 35,5 milhões).

Há uma explicação para isso. Na Vila Andrade convivem condomínios de alto padrão, como o Portal do Morumbi, e a segunda maior favela da cidade, ironicamente batizada de Paraisópolis.

A diferença em relação ao Rio, nesse caso, é que os ricos ocupam o alto do morro, enquanto os pobres ficam na baixada. O divisor de águas é a avenida Giovanni Gronchi, onde estão grandes estabelecimentos comerciais, como o Shopping Jardim Sul.
Em situação oposta está Cidade Tiradentes. Na extrema zona leste, fronteiriço ao município de Ferraz de Vasconcelos, o distrito é um conglomerado de Cohabs, como são chamados os conjuntos habitacionais de baixa renda construídos pelo município.

Estão lá as Cohabs Inácio Monteiro, Prestes Maia, Cidade Tiradentes e Barro Branco, entre outras. Daí a homogeneidade: a renda conjunta da metade mais pobre dos chefes de família (R$ 12,4 milhões) do distrito equivale a 83% da renda da metade mais "rica" (R$ 14,9 milhões).

Se considerarmos só a distribuição de renda interna, a Cidade Tiradentes está mais próxima de distritos ricos como Moema (renda média de R$ 5.577), onde a metade mais pobre tem renda conjunta equivalente a 72% da metade mais rica, do que de outros distritos pobres, como Pirituba, no qual essa proporção cai a 62%.

As semelhanças, porém, param aí. Cidade Tiradentes é um dos três distritos mais violentos de São Paulo, com uma taxa anual de mortalidade por homicídio de 102 mortes por 100 mil habitantes, enquanto em Moema esse índice é de apenas 7 por 100 mil.
Isso indica que a causa da violência não é a desigualdade de renda dentro de uma determinada área, seja ela um bairro ou uma cidade, mas a proximidade entre as populações muito rica e muito pobre em uma mesma conurbação (região formada por uma cidade e seus subúrbios ou por cidades reunidas, como no ABC paulista), conjugada com a precária presença do Estado.

O caso de Vila Andrade é exemplar. Tem o mais elevado índice de desigualdade de renda, mas sua taxa de homicídio, de 29/100 mil, é inferior à média da cidade e um terço da taxa do vizinho Jardim Ângela, o segundo mais homogêneo distrito do ponto de vista da distribuição da renda.

(Folha de S. Paulo)

 
 
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