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Miseráveis
da década de 90 são urbanos e escolarizados
No fim de 2001,
o governo do Estado de São Paulo levou um susto ao descobrir
o perfil dos candidatos a uma vaga nas frentes de trabalho: mais
de meio milhão de moradores da região metropolitana,
a maioria mulheres, inscreveram-se para ganhar R$ 190 por mês
durante nove meses em serviços como varrer e capinar. Apesar
do Maranhão empunhar o título de Estado mais indigente
e o Nordeste concentrar metade dos despossuídos do país,
São Paulo tem liderado o nascimento de uma nova geração
de excluídos.
O novo pobre,
metropolitano, perdeu o emprego na indústria ou na construção
civil, tem menos filhos, estudou mais e vive nas capitais ou na
periferia das grandes cidades. Os candidatos às vagas nas
frentes de trabalho, por exemplo, são reflexo disso. Perto
da metade estava desempregada por um período entre um e três
anos, e 40% tinham entre 31 e 45 anos. O mais surpreendente: apenas
4% nunca estudaram. Um terço apresentava ensino médio
completo ou incompleto e quase 5 mil - ou seja, 1% da amostra -
haviam alcançado a universidade.
Pesquisas apontam
o pior. O trabalhador assistiu passivo ao detrimento do valor da
"carteira assinada". Perdeu postos no emprego formal.
Com a migração para os serviços, não
só teve o padrão de salário rebaixado, como
descobriu-se com menos benefícios. Boa parte deles sequer
conseguiu recolocação. Empobreceram. Ao analisar a
renda média dos chefes de família apurada pelo Censo
2000, a equipe da Secretaria do Trabalho da prefeitura de São
Paulo constatou que o Estado só ganhou de Roraima, Amazonas
e Amapá. O Brasil cresceu 42%. São Paulo, 29%. "O
pobre do desemprego é a marca da década", concluiu
o secretário Marcio Pochmann.
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