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Retomada
05/12/2003
Empresários animam o "feliz 2004" do PT

Impossibilitado de mostrar o "espetáculo do crescimento" -inexistente-, anunciado em maio pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, as previsões para a economia foram o principal assunto do programa de ontem do PT em cadeia nacional de TV.

O partido teve de usar expressões menos fortes para confrontar o índice de desemprego medido em outubro, 12,9% da população das seis maiores regiões metropolitanas. "Os empregos vão começar a aparecer", disse, comedido, o presidente da sigla, José Genoino, na espécie de balanço do primeiro ano exibido pelo partido.

Minutos antes, a peça mostrara um homem pendurando placa que anunciava vagas de emprego -exercício de Duda Mendonça, diretor do programa, publicitário de Lula desde a campanha.

O programa petista teve pouco "povo fala". No seu lugar, depoimentos colhidos pela produção, principalmente de empresários, corroborando a expectativa de crescimento econômico.

A participação mais ilustre foi a de Abílio Diniz, dono do Grupo Pão de Açúcar. Índice dos novos tempos do Brasil e da esquerda, o empresário que sofreu sequestro às vésperas das eleições de 1989 foi escalado para apontar sinais de mudança. Em 89, o crime foi apontado como um dos fatores que levaram à eleição de Collor.

Ao se declarar não eleitor histórico do PT, Diniz elogiou o trabalho "árduo", "duro" do governo. "Foi um ano difícil para empresários e trabalhadores", afirmou para arrematar com otimismo.

Se os analistas erraram ao decretar o desastre econômico de 2003 com a eleição de Lula -como lembrou o programa-, o PT confia neles para prever 2004: o país deve crescer no ano que vem 4,4% segundo o banco Merrill Lynch, citou uma "repórter" de um take na Bolsa de São Paulo.

Após a Bolsa, surgiu o primeiro petista na tela: o ministro da Fazenda Antonio Palocci Filho, ao mesmo tempo responsável pelo "remédio amargo" que fez a variação do PIB fechar o ano próximo de zero e arauto dos novos tempos de controle da inflação e de crescimento econômico.

A área social -prioridade retórica do governo- ficou espremida. Demonstrando a fragilidade dos que comandam o setor na gestão federal, coube à ministra das Minas e Energia, Dilma Rousseff, mostrar avanços para a população de baixa renda.

Em vez de famílias atendidas pelo novo Bolsa-Família, ou imagens da cidade-piloto do Fome Zero, Guaribas, o programa exibiu outra cidade do Piauí, Nazaré, a primeira a receber o Luz para Todos, programa de universalização de acesso à energia elétrica do ministério de Rousseff.

Afago na oposição
Apesar do tom de comemoração pela aprovação das reformas tributária e previdenciária -falaram o presidente da Câmara, João Paulo Cunha (PT-SP), e o líder do governo o governo no Senado, Aloizio Mercadante (PT-SP)-, o partido não esqueceu de que ainda precisa aprová-las no Senado.

Em sua fala, o ministro da Casa Civil, José Dirceu, ressaltou o papel dos partidos da base aliada no governo e elogiou a oposição, segundo ele, "à altura do país".
Outro assunto não esquecido foram as eleições de 2004. A prefeita candidata à reeleição, Marta Suplicy (PT-SP), surgiu para defender sua gestão.

O programa terminou fiando-se no carisma de Lula: olho no olho do espectador, disse que "ninguém duvida de suas intenções" à frente do governo.

 


Flávia Marreiro,
da Folha de S.Paulo.

   
 
 
 

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