O Ministério
Público de Minas Gerais abriu terça - feira,08/11,
inquérito civil para investigar indícios de aplicação
irregular de recursos do Bolsa-Escola em Montes Claros. Segundo
denúncia do Conselho Tutelar do município, um
comerciante foi flagrado na semana passada com 15 cartões
do programa.
O comerciante, dono de um armazém no distrito de São
Pedro das Garças, estaria cobrando R$ 1 dos beneficiários
para sacar o dinheiro do programa em Montes Claros, pois não
há locais para retirada do benefício no distrito.
A devolução do dinheiro aos titulares, segundo
o Conselho Tutelar, seria feita em mercadorias da loja.
Os cartões foram devolvidos aos beneficiários.
Segundo o Conselho Tutelar, o comerciante estaria retendo
mais cartões -de aposentadoria e de outros programas
da União. A denúncia, porém, não
aponta os supostos lesados.
O Conselho Tutelar descobriu o caso após verificar
redução da freqüência dos alunos
na escola do distrito. O crescimento da abstenção
estaria relacionado ao mau uso do dinheiro do Bolsa-Escola.
Pais de bolsistas estariam usando os recursos para comprar
alimentos, deixando os filhos sem material e desmotivados
para estudar.
O ministro Patrus Ananias (Desenvolvimento Social e Combate
à Fome) reuniu-se anteontem em Montes Claros com integrantes
do Conselho Tutelar e do Ministério Público.
Recebeu as denúncias e afirmou que, confirmadas as
irregularidades, os responsáveis serão punidos.
O caso será investigado pela Promotoria da Infância
e Juventude de Montes Claros. "Em princípio, não
há caso de desvio de dinheiro público, pois
os benefícios foram pagos. O que vamos verificar é
se houve má-fé do comerciante da cidade",
disse a promotora Valmira Maia.
No final de outubro, uma reportagem do "Fantástico",
da TV Globo, mostrou irregularidades no recebimento dos programas
federais. Em reação, o governo deflagrou campanha
para tentar rastrear os problemas.
THIAGO GUIMARÃES
da Folha de S.Paulo
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