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Reportagem polêmica
13/05/2004
Presidente diz que não foi eleito para "santo" e que pena é "exemplar"

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse ontem a líderes de partidos aliados que a decisão de cancelar o visto do correspondente Larry Rohter, do jornal "The New York Times", teve o objetivo de servir de "exemplo" para outros jornalistas estrangeiros.

Ao comentar o teor da reportagem assinada por Rohter no último domingo -que tratou dos supostos excessos alcoólicos do presidente-, afirmou, segundo relato de participantes do encontro: "Não fui eleito para santo".

O presidente insinuou ainda que a reportagem pode estar relacionada a insatisfações com a política externa do país, ao declarar que "as pessoas pensaram que o Brasil ficaria submisso diante da geografia comercial vigente".

Realizado no Palácio do Planalto, o café da manhã reuniu 13 líderes de partidos aliados e vice-líderes do governo na Câmara, além do ministro Aldo Rebelo (Coordenação Política). A pauta oficial era a discussão de projetos de interesse do governo no Congresso.

O caso "NYT" surgiu quando o deputado Vicente Cascione (PTB) manifestou apoio à decisão de cancelar o visto do jornalista, o que o obriga a deixar o país em oito dias depois de ser notificado.

A resolução, que gerou ampla repercussão negativa, dividiu o governo. Enquanto o porta-voz André Singer e os ministros Luiz Gushiken (Comunicação) e José Dirceu (Casa Civil) a apoiaram, o assessor de imprensa Ricardo Kotscho e Antonio Palocci (Fazenda) foram contra.

Segundo deputados, Lula disse que as fontes usadas na reportagem -entre elas o ex-governador Leonel Brizola- "não chegaram nem a 300 km de distância" dele.
Lula afirmou ter contado "até dez" antes de tomar a decisão, que não tem volta e que, se for pedido novamente, o visto será negado.

À tarde, o porta-voz confirmou que o presidente não voltará atrás da decisão. "O governo brasileiro não vai retroceder nessa questão. Temos razões sólidas, fundamentadas e refletidas. É nossa responsabilidade defender o Brasil, as instituições brasileiras e a figura do presidente da República. Não há motivo para retroceder."

Singer disse que a opinião pública irá compreender que o governo precisava reagir à altura das ofensas. Sobre a posição dos EUA, que protestaram contra a medida (leia à página A5), afirmou que esse episódio não tem relação com a liberdade de imprensa, e sim com a responsabilidade na divulgação de notícias de repercussão internacional. Segundo ele, o governo tem um "compromisso férreo" com a liberdade de imprensa.

Na reunião com os parlamentares, Lula disse que o "NYT" pode enviar ao país "50 ou cem pessoas, o que não pode é atacar a instituição da Presidência". "Se não tomasse nenhuma medida, qualquer outro jornalista de qualquer país poderia fazer o mesmo sem preocupação com as conseqüências. Esse caso serviu de exemplo", disse. "Foi uma agressão ao Brasil, não à minha pessoa."

Para Lula, a atitude de Rohter foi muito mais grave do que a do piloto da American Airlines Dale Hobi Hersh, expulso em janeiro após ter feito um gesto obsceno à Polícia Federal ao entrar no país.

Segundo o presidente, qualquer país do mundo tomaria atitude semelhante e que o jornalista nunca o teria visto bebendo nem mesmo guaraná. Afirmou não beber mais do que a média dos brasileiros e avaliou que nunca deu motivos para insinuações de que tem problemas com o álcool.

 

As informações são da Folha de S. Paulo, sucursal de Brasília.

   
 
 
 

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