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pesquisa
12/05/2004
Corrupção é obstáculo ao desenvolvimento

A corrupção é considerada o segundo mais sério obstáculo ao desenvolvimento empresarial no Brasil, atrás apenas da alta carga tributária. A conclusão é de uma pesquisa da organização não-governamental Transparência Brasil e da Kroll, multinacional americana de consultoria em gerenciamento de riscos, divulgada ontem, sobre a corrupção vista por empresas. Na avaliação do quanto as empresas que atuam no mesmo setor gastam no pagamento de propinas, a maioria dos entrevistados (69%) apontou que pagam até 3% do faturamento. Um quarto das empresas estima que esse pagamento possa variar entre 5% e 10%.

Atos de desonestidade por parte de agentes públicos são também relatados por 53% das empresas entrevistadas. O principal favor proporcionado por fiscais tributários corruptos, de acordo com 83% dos entrevistados, é relaxar a fiscalização. Na questão sobre quais tributos são mais vulneráveis, o ICMS foi apontado por 78% das empresas, seguido por tributos trabalhistas e do ISS. Até mesmo o IPTU, um imposto menos vulnerável, recebeu 41% de indicações.

Sistema judicial
Entre as principais preocupações empresariais, segundo a pesquisa, estão o sistema judicial inadequado, a má distribuição de renda e os métodos de coleta de impostos.

"O que mais chamou a atenção nessa pesquisa com empresas foi a concentração de problemas na área tributária", analisou o diretor executivo da Transparência Brasil, Cláudio Weber Abramo.

Para fazer a pesquisa “Fraude e corrupção no Brasil: A perspectiva do setor privado — 2003”, a Transparência Brasil e a Kroll ouviram, ano passado, representantes de 94 empresas sobre fraudes, dos quais 78 também responderam as questões sobre corrupção. Os questionários foram respondidos por funcionários de alto escalão (34%), como presidente ou diretores, outros (40%) como advogados, auditores e analistas, e de médio escalão (26%). Entre as empresas que responderam, 54% têm mais de 500 funcionários, 72% têm capital fechado, 44% são indústrias, 33% prestadoras de serviços e 52% são nacionais. Das 94, 64 estão em São Paulo, 12 no Rio, nove no Paraná, cinco em Minas Gerais e as outras em Santa Catarina, no Espírito Santo, em Goiás e no Rio Grande do Sul.

Na questão que perguntava se a empresa já se sentiu compelida a contribuir com campanhas eleitorais, 26% disseram que sim. Esse número contrasta com a mesma pesquisa realizada em 2002, quando 70% das empresas afirmaram ter recebido pedidos para contribuir com campanhas.

ADAURI ANTUNES BARBOSA
do Jornal O Globo

   
 
 
 

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