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estudo
12/05/2004
Classe média encolhe e fica cada vez mais pobre

Um estudo cruzando dados de escolaridade e renda do brasileiro confirma o que a população já sentia na pele: a classe média brasileira é cada vez menor e está mais pobre. Quase 20% das pessoas com educação de nível superior foram expulsas desta camada da renda e não ganham mais do que R$ 500 por mês.

Outro dado surpreendente do estudo, divulgado pelo professor Waldir Quadros, do Instituto de Economia da Unicamp, é que a renda média das pessoas com nível superior caiu 25% entre 1981 e 2002, recuando de R$ 2.921 para R$ 2.203.

"Desde a década de 30 não se via no país uma crise tão prolongada. O pior é que não vejo nada indicando que este quadro se reverterá. Enquanto o país não voltar a crescer de forma consistente, a classe média continuará empobrecendo", afirma Quadros.

Segundo o professor, o grande vilão desta situação é o desemprego, que provoca a perda de renda da população. Por isso, a volta do crescimento da economia é tão importante. No período da pesquisa, o crescimento econômico médio foi de apenas 2% - taxa considerada pelo economista absolutamente insuficiente para as necessidades do país.

A chamada classe média alta, com renda individual acima de R$ 2.500, foi a que mais encolheu. Em 1981, representava 38,5% das pessoas ocupadas com curso universitário (completo ou incompleto) e tinha um rendimento médio mensal de R$ 5.684. Em 2002, essa parcela era de 24,7% e o rendimento médio, de R$ 5.517.

"O acesso à classe média está mais difícil. As famílias já não conseguem fazer com que seus filhos pertençam à classe média, mesmo que cursem universidade",observa o professor.

A camada intermediária da classe média, aquela que obtém renda entre R$ 1.250 e R$ 2.500, manteve uma participação praticamente estável no período. De 25,6% em 1981, foi para 25,2% em 2002. Já a classe média baixa, com renda de R$ 500 a R$ 1.250, inflou 4,1 pontos percentuais. Em 1981, representava 25,2% da população de nível superior; em 2002, era 29,3%.

Waldir Quadros admite que, na prática, hoje, um trabalhador que ganha R$ 3 mil, por exemplo, não se sente pertencente à classe média alta. Ele explica, contudo, que, na pirâmide de renda do Brasil, esta pessoa figura no topo.

Para realizar o estudo, o professor usou dados da Pesquisa Nacional de Amostra por Domicílio (Pnad), realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e deflacionada pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC). As informações de renda tiveram como fonte a Receita Federal.



LARISSA MORAIS
do Jornal do Brasil

   
 
 
 

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