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moda especial
28/12/2004
Fashion Rio apresentará peças produzidas por organizações sociais

Entre os dias 12 e 15 de janeiro, o glamour da moda vai invadir novamente a cidade maravilhosa. É a sexta edição do Fashion Rio/Fashion Business, que vai ocupar o Museu de Arte Moderna (MAM) e atrair todas as atenções para a forma das pessoas se vestirem, ditando as tendências do outono/inverno 2005. Mas ao lado de todo o luxo característico do evento, pela segunda vez, desponta uma pequena preocupação com a inclusão social. Trata-se do Projeto Arte Indústria, que vai levar os trabalhos produzidos por artesãos de quatro organizações sociais - Criola, Fuxicarte, Coosturarte e Ação Comunitária do Brasil - ao "mundo das celebridades".

O Arte Indústria foi idealizado a partir de discussões feitas entre a assessoria de Responsabilidade Social do Sistema Firjan (Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro) e as ONGs Criola e Centro Integrado de Estudos e Programas de Desenvolvimento Sustentável (CIEDS). Conforme explica Isabella Nunes, chefe da assessoria de Responsabilidade Social da Firjan, o objetivo dos debates era entender como os empreendimentos sociais formais poderiam tornar-se alternativas de geração de renda e redução das desigualdades sociais, e de que forma a Firjan poderia facilitar o acesso desses empreendedores ao mercado da moda, já que é um dos patrocinadores do Fashion Rio.

Então, desenhou-se o projeto. A idéia era procurar designers e estilistas de destaque para apoiar as organizações sociais, orientando-as sobre como adequar os produtos que já desenvolviam às exigências do público do evento. Além disso, as organizações receberiam um curso de formação, com informações sobre como comercializar os produtos no atacado e no varejo (tanto no mercado interno como no internacional), como definir preços, negociar com compradores, e multiplicar as técnicas artesanais para a comunidade, de tal forma a compor um grupo de produção.

Em maio de 2004, além da Criola, a Cooperativa de Costura Artesanal - Coosturart (uma cooperativa de costureiras de Santa Cruz, na zona Oeste do Rio) e o Fuxicarte (um grupo socioeconômico, que produzir diversas peças com a técnica do artesanato), receberam assessoria das estilistas Daniela Martins e Luiza Marcier – indicadas pela Dupla Assessoria, um dos organizadores do evento.

A experiência deu tão certo na Fashion de julho, que a Firjan resolveu ampliar a iniciativa. Com recursos do Fundo de Desenvolvimento Social FIRJAN/IAF -Interamerican Foundation e do Centro Industrial do Rio de Janeiro, ONG Ação Comunitária do Brasil pôde juntar-se ao projeto, bem como as estilistas Verônica D'Orey e Kátia Wille.

Atualmente, cerca de 70 artesãos estão envolvidos no projeto. Rosa Maria da Silva Brum, que trabalha como costureira da Coosturart há 2,5 anos, participou da edição passada do Fashion Business e vai participar de novo. Ela diz que está muito orgulhosa de poder participar do Fashion Rio e que o Projeto Arte Indústria aumentou não só sua auto-estima, mas do grupo todo. Rosa conta que, em alguns meses, a cooperativa consegue arrecadar uma boa renda, em outros menos. Mas se diz confiante e espera que a sexta Fashion Rio seja melhor do que a anterior para as organizações.

Produtos aliados à causa
Os artigos produzidos pelas ONGs estão em sintonia com o trabalho social que desenvolvem. Assim, a Criola trabalha com produtos com forte identidade afro-brasileira. A Coosturart está criando peças que resgatam a cultura da comunidade de Santa Cruz, a Ação Comunitária, a história da Cidade Alta, e a Fuxicarte, experiências dos moradores das comunidades das regiões Norte e Oeste do Rio.

A estilista Verônica d'Orey, há três meses, acompanha o trabalho de duas artesãs da Criola. Ela conta que o trabalho é desenvolvido em conjunto. "A criatividade e experiência das artesãs devem ser respeitadas", afirma. Por isso, Verônica não desenha sozinha a coleção. Ela apenas orienta as artesãs a aprimorarem os artigos, a fim de que elas consigam atender o público do evento. "As artesãs estão acostumadas a criar peças de um certo tipo para atender um determinado público. No Fashion Business, o público é diferente. As peças precisam ser elaboradas para atingirem um público com maior poder aquisitivo. Assim, o acabamento deve ser melhor. Isso permite aumentar o custo unitário do produto", explica.

Ela considera que as artesãs estão crescendo bastante, pois estão compreendendo a importância de se pesquisar temas, materiais, idéias para produzir peças originais. Ela acredita que isso "elas vão levar para a vida, independente da continuidade do projeto". Além disso, acredita que a multiplicação das técnicas artesanais e de outros conceitos para a comunidade vai permitir que as ONGs ampliem sua renda. "Na edição passada do evento, as organizações tiveram muitas encomendas, mas não conseguiram atender a demanda. Agora, isso deve ser resolvido", aponta.

Claudia Pereira da Siqueira, presidente da Coosturart, diz que um dos principais resultados do Fashion Busines de julho, foi a ampliação da visibilidade da organização. Ela diz que o projeto Arte Indústria "era o que a gente precisava", pois faltava à cooperativa informações sobre como comercializar os produtos de forma mais profissional. "Claro que muitas coisas a gente aprende na prática, mas o conhecimento teórico é muito importante porque faz com que a gente tenha que sofrer menos com as dificuldades que aparecem", afirma. Ela ainda diz que c projeto contribuiu para que a Coosturart percebesse que estava no caminho certo. "Atingir um público como o do Fashion Rio significa consolidar aquilo em que acreditávamos. O projeto permitiu que a gente sentisse que vale a pena continuar", resume.

Para Lúcia Xavier, coordenadora da Criola, que há 12 anos vem pensando a melhor forma de articular as artesãs para a inserção no mercado de trabalho e geração de renda, além de pautar uma discussão sobre o racismo, discriminação, sexismo e homofobia na sociedade, o Fashion Rio também deu maior visibilidade à ONG, aumentou a auto-estima das mulheres, a comercialização dos produtos e intensificou a preocupação com a qualidade do produto.

Ela diz que a expectativa para esta edição do evento é investir em marketing, a fim de que o produto tenha uma saída melhor, transformando o investimento de seis meses da organização em retorno financeiro. Embora a ONG trabalhe, indiretamente, com 63 artesãos (a maioria mulheres) e com 27 regularmente, do evento participam apenas 5 artesãos, que vão apresentar assessórios e bolsas, feitos em diversas técnicas.

Hoje, cerca de 70% da renda familiar dos artesãos, de acordo com Lúcia, é proveniente da venda dos artigos produzidos por intermédio da ONG. A renda arrecadada com a venda dos produtos é revertida, em sua integridade, para as artesãs, mas a idéia é que, em breve, seja suficiente para garantir a sustentabilidade da ONG.

O futuro do Projeto Arte Indústria ainda é incerto. De acordo com Isabella Nunes, sua continuidade e ampliação dependerá da captação de recursos. E esse esforço deverá ser feito em conjunto com as ONGs.


LAURA GIANNECCHINI
do site Setor3

   
 
 
 

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