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direitos humanos
30/06/2004
ONGs criticam aumento de pena para menor

Entidades de defesa dos direitos humanos começaram a se mobilizar ontem para tentar impedir a mudança no Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), em vigor há 14 anos e que limita o prazo de reclusão para reeducação de infratores a três anos. A nova versão, combatida pelas entidades, está tramitando no Congresso e prevê detenções por até 27 anos, segundo o relatório do deputado Vicente Cascione (PTB-SP), vice-líder do governo na Câmara. O relatório deve ser analisado hoje pela comissão especial que estuda as mudanças no estatuto.

Pressão no congresso
Representantes de pelo menos cem entidades que trabalham com crianças e adolescentes pretendem convencer deputados e o governo de que a mudança não deve ser feita. Eles devem começar hoje de manhã a procurar os deputados, antes da votação. Os motivos, segundo o advogado Ariel de Castro Alves, conselheiro do Movimento Nacional de Direitos Humanos, são legais, além de sociais.

"O deputado Cascione tenta dar um drible na Constituição", disse Alves.

Absurdo completo
Segundo as entidades, a mudança é inconstitucional porque transforma uma medida socioeducativa em pena. Pela Constituição, menores são inimputáveis. Como não existe pena para menores infratores, o ECA estabelece como devem ocorrer as medidas socioeducativas. Mas o ECA, de acordo com essas ONGs, geralmente é desrespeitado pelos governos estaduais, que transformam em prisões, inclusive com tortura, os espaços destinados à reeducação.

"Essa proposta do deputado é um absurdo completo, pois disfarçadamente trata crianças e adolescentes como criminosos. E revela uma ingenuidade: quer remover os efeitos e não as causas (da criminalidade juvenil)", disse o jurista Dalmo de Abreu Dallari.

Segundo Dallari, os casos de crimes hediondos, citados por Cascione, podem ser revolvidos pelos próprios juízes. Eles podem aplicar medidas excepcionais, em nome da segurança da sociedade. Mesmo depois de cumprida a pena, o acusado pode ser mantido em estabelecimentos hospitalares ou educativos, disse Dallari.

Pena de até 27 anos
Alves afirma que as mudanças legais para a execução de medidas socioeducativas mais duras para crimes graves praticados por menores já estão sendo discutidas pelo Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente (Conanda). As regras tratam da peculiaridade de uma pessoa em fase de desenvolvimento e formação.

'Não entendemos por que essa mudança inconstitucional deva partir da cabeça de um único parlamentar, que tem o cargo de vice-líder do governo. O relatório é tão absurdo que, pelas regras propostas, um adolescente de 14 anos poderia receber uma pena de 27 anos, quase o dobro de sua idade. Isso contraria qualquer técnica de tratamento para desenvolvimento de um jovem", disse Alves.

SORAYA AGGEGE
do jornal O Globo

   
 
 
 

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