Leia
repercussão da coluna: Ninguém
vai poder reclamar de que não sabia
Falar
na utopia não significa a crença num "salvador
da pátria". Ao contrário, este pressupõe
um ser superior, iluminado, que "desce" da
sua grandeza até nós. Sentia essa histeria
em Tancredo morto, produto entregue às massas
às pressas como nosso "Dom Sebastião",
arrancado de nós.
Falar
na utopia pode ser afastar-se dos números, da
maneira tida como racional de se buscar soluções.
Parodiando a Veja da semana passada, "Aonde o racional
nos levou?" Aonde os preparados Fernandos nos levaram?
Aonde os filhos da elite nos levaram nos últimos
quinhentos anos?
Falar
na utopia pode significar sim a mudança, ainda
que pequena, de uma massa que se torna povo. Não
é um "gueto intelectual" que está
optando, mas empregadas domésticas, porteiros,
etc. Na escola as crianças fizeram essa escolha
numa votação simulada. Influência
dos pais? Eles disseram que era de quem eles mais gostavam.
Existe termômetro maior de sensibilidade? Eu tenho
vivido entre crianças, o que é muito melhor
que passar os dias entre máquinas e adultos numa
empresa, ainda que se perca em "números".
A
melhoria da vida não pode se basear apenas em
critérios racionais, frios. Ela tem que passar
pelos sentimentos, pelos sonhos, pelas crianças
inocentes que sofrem num mundo feito e dirigido pelos
adultos. Por que não escolher alguém que
nos conquista pela sensibilidade? Nada é mais
importante num homem que isso.
Pela
primeira vez em nossa História, não existe
um salvador, mas um operário no qual os seus
iguais não têm vergonha de votar. Eu ouvi
um cientista político dizer no programa da Lúcia
Leme que o emocionante agora é que a sociedade
está querendo fazer esse momento.
Passamos
por uma transformação espiritual, nós
sabemos disso, e é para melhor. Pensar na utopia
é nos ver como uma pequena parcela desse universo
em mudança. Aonde as estrelas podem nos levar?
A fazermos nossa parte nesse novo tempo.
Vilma
Lima.
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