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cidadania
28/06/2004
Escolas põem solidariedade no currículo

São 10 horas. No laboratório do Colégio Lumière, no Tatuapé, zona leste de São Paulo, um grupo de alunos observa atentamente as explicações da professora de Biologia, Cleide Ilek Néris do Nascimento. Aula de biologia? Não. Trata-se dos “Voluntários do Sabão” – grupo que faz sabão caseiro e entrega em entidades carentes da região.

“As pessoas doam roupas, alimentos e outros objetos. Por que não doar um item importante, que é o de higiene? Além de reutilizar recursos para a confecção de sabão caseiro, incentivamos o aluno a doar algo que ele mesmo faz”, diz Cleide.

Ela explica que todos os estudantes da escola participam, doando óleo de soja usado. Os alunos do ensino fundamental fazem o sabão. “Eu me sinto uma gota no oceano. Mas tenho certeza de que, se todos fizessem a sua parte, o mundo estaria bem melhor”, diz a estudante Beatriz Piccinato de Jesus, de 13 anos, integrante dos “Voluntários do Sabão”.

Já para Mirela Cristine Munhoz Cavicchioli, de 12 anos, o ato é muito importante. “Não sabia que com óleo de soja é possível fazer sabão. Sei que o óleo jogado na pia, além de entupir, agride o meio ambiente. Vale a pena ficar misturando por mais de 40 minutos a solução. Sinto-me útil.”

Cleide explica que os alunos participam da ação espontaneamente. Os sabões são entregues em instituições de caridade. “Há locais que utilizam as pedras dentro de meias finas, que são colocadas dentro da máquina de lavar. Depois que faz espuma, é só retirar as pedras. Substitui o sabão em pó.”

Por setores
Para os alunos do Colégio Brasília, na Vila Formosa, os alunos do ensino médio decidiram fazer ações sociais por setor de atuação, como educação, saúde, artes e cultura e terceira idade. A partir daí, eles questionaram, estudaram e reviram as estratégias adotadas pelas instituições, para propor como melhorar o atendimento.

O estudante Luiz Paulo Pimentel de Souza, de 17 anos, foi um dos que aproveitaram a oportunidade dada para lidar com outro tipo de ambiente e conhecer pessoas diferentes das que geralmente lida no dia-a-dia.

“Ao conviver com as crianças das creches, por exemplo, adquiri responsabilidades que até então não tinha. É uma experiência enriquecedora. Damos valor a família que temos e a outros valores que acabam passando desapercebidos na rotina de nossas vidas.”


Água e consciência
O grupo de alunas do 1.º ano do ensino médio do Colégio Cermac, na zona norte, ficou responsável por sair a campo e descobrir qual o consumo mensal de água de cada casa do entorno da escola. O projeto, com base no tema do Ano Internacional das Nações Unidas (2003) para a preservação das águas doces, envolve estudantes de todas as turmas.

Cada grupo se divide na tarefa de procurar conscientizar pais, vizinhos e conhecidos sobre a importância de economizar água. Para isso, montaram e distribuíram 500 panfletos com algumas dicas.

O tema também despertou a atenção dos alunos. “Quando soube que escovar os dentes com a torneira aberta significava gastar em média 30 litros de água, passei a pegar no pé de todo mundo”, diz Luiza Domingues Acorsi, de 15 anos.

Para a coordenadora do colégio, Roberta Mardegam, a iniciativa pode transformar os alunos em uma semente, “espalhando conhecimento para mais e mais pessoas.” Em abril, a turma também foi conhecer o Projeto Pomar. “Eles aprenderam um pouco mais sobre educação ambiental”, explica a coordenadora.

Todas as disciplinas
Os projetos sociais desenvolvidos no Colégio Rio Branco, em Higienópolis, zona oeste, são divididos por série e procuram envolver todas as disciplinas. Um dos destaques é o trabalho realizado desde 2001 com os alunos da 2.ª série do ensino fundamental.

As crianças visitam os estudantes da Escola Municipal Professor Primo Páscoli Melaré, no Jardim dos Francos, zona norte, cujo patrônomo (figura pública que dá nome à instituição) foi um dos diretores do Rio Branco.

Na visita de maio, os alunos doaram livros para a biblioteca da escola. Em troca, puderam compartilhar experiências com crianças que vivem uma realidade diferente. “A gente aprendeu que todo mundo pode ser legal”, diz a aluna Camila Cesar Vaz Guimarães Nogueira, de 8 anos. “Eu adoraria repetir”, diz.

As colegas Júlia Rocha de Moraes e Luisa Madridi da Silva Prado, ambas de 8 anos, também participaram da visita. “Eu achei legal e também fiz mais amigos”, conta Júlia. Chamou a atenção de Luisa o fato de o bairro ser pobre. Como os outros estudantes, ela almoçou na escola e conheceu as instalações, diferentes do colégio onde estuda.

Entre as outras ações sociais do Rio Branco está o Projeto Adere. Os estudantes são convidados a juntar a embalagem cartonada de produtos alimentícios que, depois de lavados, acabam doados para a instituição Adere, que atende pessoas com deficiências, que utilizam o material para confeccionar objetos.

No hospital
O Colégio Santa Maria, em Interlagos, zona sul, realiza desde agosto do ano passado o projeto Arte é Saúde. Cerca de 35 alunos do ensino médio se dividem em dois grupos e visitam às segundas e quintas-feiras, por duas horas, a ala pediátrica do Hospital Regional Sul de Santo Amaro.

Os adolescentes contam histórias, trabalham com desenho, pintura e origami, passam pelos leitos com crianças que podem ter atividades: pronto-socorro, enfermaria e quartos das que estão internadas há mais dias. Em seguida, usam a brinquedoteca e vão aos quartos dos que não podem ter atividades.

“É gratificante sentir que posso dar um pouco de mim para as crianças. Contar histórias, vê-las sorrir, mesmo estando em um hospital”, diz Tatiana Iversson Piazza, de 16 anos. Ela conta que, no começo, a timidez tomou conta dos alunos e das crianças. Mas, aos poucos, tudo ficou descontraído e a magia tomou conta do lugar.

“Teve um caso de um menino que estava internado que chorava muito e não falava absolutamente nada. Na segunda visita, ele, mesmo com febre, sorria com as nossas brincadeiras. Ficou animado, feliz. Este momento ficou registrado na minha cabeça. Foi uma lição de vida para mim.”

As informações são da Agência Estado.

 
 
 

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