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11/04/2006 - 16h33

Solução provisória ainda não garante gás para refinarias e térmicas

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PATRÍCIA ZIMMERMANN
da Folha Online, em Brasília

O presidente da Petrobras, José Sérgio Gabrielli, reafirmou hoje que há grande chance de que o racionamento de gás natural não chegue ao consumidor final. A expectativa da estatal é de que nesta quarta-feira fique pronta a solução alternativa para o transporte do gás natural, afetado pelo rompimento de um duto na Bolívia.

Entretanto, ele evitou descartar definitivamente essa possibilidade, ele prefere aguardar os resultados dos trabalhos dos engenheiros que tentam viabilizar uma ligação de emergência para escoar condensado (líquido que é extraído com o gás natural) que substitua o duto que se rompeu.

"Do ponto de vista técnico não posso descartar isso [racionamento], porque eu tenho de ter a resposta física num ambiente de emergência. Mas as probabilidades são muito favoráveis de que não teremos nenhum efeito sobre o consumidor final", afirmou Gabrielli após participar de audiência pública no Senado. Ele espera um resultado do trabalho de emergência para esta quarta-feira.

Apesar das grandes chances de que a redução no volume de gás natural proveniente da Bolívia não chegue às indústrias, residências ou bombas de GNV (gás natural veicular), a Petrobras por enquanto não tem garantias de que o racionamento poderá ser suspenso para as termelétricas e para suas próprias refinarias.

Segundo o presidente da estatal, essa avaliação só poderá ser feita após uma análise do volume de gás que será transportado pelo novo duto, o que vai depender das soluções de engenharia que estão sendo providenciadas em Gran Chaco, onde 800 metros do duto forram arrastados pelas chuvas.

Gabrielli destacou, no entanto, que a redução no volume do produto em 72% para as termelétricas e de 51% para as refinarias não terá efeito nenhum sobre o mercado.

Entretanto, ele admitiu que a Petrobras terá que absorver algum custo ao substituir o gás em suas refinarias, o que vai depender do prazo em que o volume de gás ficar menor que o previsto.

Bolívia

Apesar da insistência de alguns senadores em saber como estão as negociações do Brasil com o novo governo boliviano, Gabrielli alegou um trato de confiabilidade para não tratar do assunto.

As negociações com a Bolívia envolvem a atuação da estatal na exploração de petróleo e gás no país e também os contratos de fornecimento de gás natural para o Brasil.

Ele descartou, entretanto, a possibilidade de abrir mão do gás boliviano. "Infelizmente não descobrimos a quantidade suficiente de gás para a atender à demanda", disse Gabrielli, aos senadores, mesmo destacando a importância de campos de exploração de gás descobertos no país.

Combustíveis

O presidente da Petrobras evitou comentar os efeitos da queda do dólar sobre o preço dos combustíveis no país. Segundo ele, o preço dos combustíveis no mercado brasileiro não pode se descolar do mercado internacional.

"É impossível numa economia aberta manter descolados os preços domésticos dos preços internacionais, mesmo que haja produção no país da matéria prima fundamental", disse Gabrielli.

Ele reconheceu que o câmbio afeta a composição dos preços no mercado doméstico, mas destacou que a estatal acompanha sempre os preços internacionais mas com uma visão de longo prazo, já que não repassa para o mercado doméstico a "volatilidade de curto prazo do mercado internacional".

Segundo Gabrielli, a atividade da estatal também precisa observada do ponto de vista dos investimentos. Isso porque muitos dos gastos da companhia com a atividade de exploração são contabilizados em dólares. Hoje a empresa tem cerca de US$ 12 bilhões em dívidas.

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A oposição aproveitou a audiência pública para atacar o governo Lula. O senador César Borges (PFL-BA) disse que ao gastar milhões com a campanha publicitária para a divulgar a auto-suficiência neste ano a Petrobras e o governo vão se apropriar de um mérito que não seria da atual administração.

'O presidente Lula quer se apropriar de um mérito que não é dele', disse o senador, que também acusou a Petrobras de tentar 'comprar o silêncio' do publicitário Duda Mendonça ao contratá-lo para fazer a campanha. O publicitário é acusado de receber dinheiro por meio de caixa dois para fazer a campanha do presidente Lula em 2002.

Gabrielli alfinetou o PFL ao dizer que o partido deveria conhecer bem o publicitário, que já teria feito campanha para o partido na Bahia, mas evitou o confronto político.

"Nós analisamos a empresa de publicidade do ponto de vista técnico. Não temos que julgá-lo", disse o presidente da Petrobras ao comentar que a empresa de Duda não está impedida de prestar serviços.

"Querem transformar um fato operacional em um feito político", atacou o senador Rodolpho Tourinho, também do PFL baiano.

Especial
  • Leia o que já foi publicado sobre o gás da Bolívia
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